O decepcionante terceiro mandato de Lula se valeu, na melhor das hipóteses, de ações apenas corretas dentro da média de qualquer governo razoável de centro-direita. Lula tentou compensar isso com os simulacros - relatórios, cerimônias, opiniões do presidente, supostas pesquisas de opinião e blindagem e lacração nas redes sociais - e com a espetacularização de certas pautas, como nos discursos politicamente corretos nas reuniões de cúpula e, principalmente, no caso recente do tarifaço de Donald Trump.
Lula queria parecer gigante por fora, mas observando com cautela, veremos que os fatos mostram o contrário. O sensacionalismo político de seus simulacros e da espetacularização só mascaram um gestor medíocre, que em vez de enfrentar os problemas internos do Brasil, entrega, em tese, para o “debate equilibrado” de “todos os segmentos da sociedade”, se omitindo de suas obrigações governamentais.
Assim, o debate não ocorre, até porque o mediador não participa e, nesse diálogo da raposa com a galinha do acordo entre empresários e trabalhadores, ninguém debate, pois quem não quer acabar com o problema mantém tudo como está e quem quer acabar com o problema não tem condições de fazê-lo.
Lula, a pretexto de garantir a “democracia”, eufemismo para o presidente se esbaldar nas concessões à centro-direita, ele favorece mais os ricos do que os pobres. O petista deu muito pouco para os pobres sem tirar muito dos ricos. Deu mais dinheiro para os deputados federais aprovarem suas medidas, através das aberrantes “verbas para emendas parlamentares” (nome “técnico” para compra de votos) do que para os trabalhadores.
Muitos empresários e economistas brasileiros, mais identificados com o neoliberalismo, afirmaram que "nunca estiveram tão felizes com Lula no governo", e hoje a burguesia, mesmo aquela considerada "bacana" e nem tão pequeno-burguesa assim, é a que mais se beneficia com o lulismo, vivendo a plenitude de sua opulência, de seu hedonismo e do consumismo de bens.
O próprio Lula achou “pouco” seu salário no valor de R$ 46 mil, mas achou “muito” acrescentar apenas R$ 90 anualmente para o salário mínimo, o tal “aumento real” que seus tecnocratas festejaram. Até supostos aumentos de consumo foram festejados como um pretenso reflexo deste pálido crescimento salarial. Para 2026, até em razão da campanha pela reeleição, Lula vai dar um acréscimo um pouco maior no reajuste, de cerca de R$ 100.
Lula precisa ser sustentado pelo mito que mostra qualidades que ele deixou de ter. Precisa desse apoio midiático para compensar o apetite pelego de formar uma frente ampla com a burguesia “democrática”. Precisa ser a figura espetaculosa que, se não consegue conquistar os setores raiz das classes populares, pelo menos consegue respaldo nos usuários habituais das redes sociais, sobretudo pessoas com menos de 60 anos de idade.
Por isso o que Lula fez no terceiro mandato foi mais propaganda do que gestão. Lula falou muito e agiu pouco. Fez mais pela sua consagração pessoal do que pelos brasileiros mais necessitados. E, acima de tudo, usou o pretexto da democracia para favorecer mais os ricos e os bem de vida do que os pobres que, parcialmente beneficiados, se sentiram abandonados pelo presidente. Essa constatação é dura, mas é a realidade.
Comentários
Postar um comentário