A realidade é tão complexa que, nas redes sociais, há movimentos para boicotar o pensamento crítico para evitar que se tome conhecimento de verdades dolorosas, que toram o sono dos que odeiam “acordar cedo” para a vida.
Dito isso, vemos o quanto dói, para a sociedade da “República Democrática do Instagram e do Tik Tok” a que se rebaixou o Brasil hoje, desmontar o mito do presidente Lula, mesmo quando ele adota comportamentos bastante estranhos nos últimos anos, mais condescendentes às classes dominantes.
O negacionista factual não quer que o mito de Lula seja desfeito. O Papai Noel da comunidade woke, a positividade tóxica de querer que o Brasil vire Primeiro Mundo na marra, só para atender aos caprichos de uma elite “bacana” que vai para Miami como quem vai para a padaria da esquina, toda essa simbologia tem que ser mantida para manter os privilégios de gente abastada que se acha “mais povo que o povo”.
Observando bem o Lula e as contradições que faz nos últimos anos, se vê que ele se tornou, por ironia, o candidato ideal da mesma burguesia que se engajou no Renova BR e movimentos similares, que falavam em “terceira via” e treinavam futuros líderes neoliberais.
Sim, é irônico dizer isso, mas Lula, cuja habilidade da oratória segue o mesmo ritmo de retórica da Faria Lima - em que pese as pretensas tretas ensaiadas entre essa elite empresarial e o presidente brasileiro, nos níveis da antiga rivalidade Emilinha Borba versus Marlene - , acabou se tornando o queridinho da comunidade neoliberal, pois o petista ladra mas não morde, e nunca se preocupou de verdade em combater os abusos da burguesia.
Ingenuidade ou não, Lula acha que, ouvindo de forma prioritária o empresariado, ele irá melhorar o país. Mas o presidente, que costuma ceder aos seus princípios originais do progressista que hoje se torna coisa do passado, não mexe no legado de Michel Temer e mantém os retrocessos do temeroso ex-presidente. O papo da “valorização do emprego” de Lula mais parece uma reedição das “boas notícias” de Temer, que também festejou, na época, o suposto crescimento do emprego.
Lula atua mais como um palestrante do tipo coach do que como um gestor. Quando muito, só realiza medidas dentro do padrão de qualquer presidente medíocre de centro-direita. O povo pobre cada vez mais se indigna com Lula e perdeu a confiança no presidente, enquanto o caricatural discurso antipetista dos herdeiros do lavajatismo continua em vigor, por mais patético que este também seja.
A burguesia, através do Renova BR, esteve à procura de um líder neoliberal que buscasse empatia entre o público jovem nas redes sociais, dialogando com este de forma empolgante e motivadora. Havia jovens sendo treinados, mas a Faria Lima de repente se lembrou daquele cara que ela mesma mandou prender em 2018.
Lula, em que pese sua origem pobre e seu vínculo original com as classes trabalhadoras, é capaz de ceder a um argumento de um rico empresário. Lula reduz a índices meramente paliativos as necessidades do povo pobre e, de concessão em concessão, oferece migalhas para os pobres.
O Lula reduz ao âmbito opinativo as ideias e propostas do campo progressista e até as privatizações já são defendidas pelo presidente sob o eufemismo da “concessão”. E concessão é o que Lula mas faz e a Faria Lima que bolou o Renova BR tanto adora. E ver que a burguesia, depois de procurar tantos novos políticos, apostando entre o Luciano Huck e o influenciador da moda, achou em Lula o seu representante, não deixa de ser uma curiosa ironia. A realidade tem dessas coisas.
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