A rejeição de setores da opinião pública (ou seja, a opinião que se publica e repercute com maior facilidade) às críticas ao governo Lula tem algo a nos dizer e não se trata de alguma injustiça, mas de uma posição de setores da sociedade que apoiam o presidente Lula por interesses pessoais ou de classe.
Os negacionistas factuais puxam o boicote a essas críticas. Eles querem manter tudo no mundo do faz-de-conta. Verdades desagradáveis e fatos incômodos lhes incomodam. Pouco lhes importam os correspondentes dos noticiários realistas fora do circuito midiático oficial. Nas suas cavernas digitais, só vale mesmo o que os negacionistas factuais e seus pares pensam e acreditam
Agora que os descendentes das velhas aristocracias brasileiras passaram a esbanjar bom mocismo e botar as sujeiras dos antepassados para debaixo do tapete, não se pode saber o que essa elite fez no verão passado. Temos que acreditar que todo mundo agora é pobrezinho e de esquerda e qualquer texto que ponha alguma dúvida é cancelado.
É claro que existe um trauma que faz com que esses esquerdistas de ocasião apoiem Lula a todo custo. Boa parte desta sociedade foi tucana nos anos 1990 e, num passado recente, lavajatista e até apoiadora de Temer. Alguns apoiadores de Lula ainda têm a herança do apoio a Temer defendendo a precarização do trabalho e do salário alegando “ser melhor que nada”. Claro, pimenta nos olhos dos outros é refresco e não é essa burguesia ilustrada que ganha somente uns mil e quinhentos para investir num orçamento apertado.
Os herdeiros da Casa Grande que são a base maior dos atuais apoiadores de Lula insistem em parecer “pobres”. Querem ser legais o tempo todo e não admitem ser desmascarados. Daí o aparente contraste entre a liberdade de instintos que defende, através do hedonismo woke, e os resíduos de censura quando abominam o senso crítico.
O mundo de faz-de-conta tem que permanecer e somente as narrativas agradáveis devem prevalecer no imaginário dos lulistas, para os quais não importa a coerência, mas sim o que lhes parecer aprazível e vier das decisões e pontos de vista de Lula.
O trauma da campanha anti-Lula pode ter influído muito os setores aburguesados das esquerdas, mas também a obsessão do bom-mocismo da direita moderada que aderiu ao Lulismo 3.0 também foi crucial para esse negacionismo factual vindo da blindagem de Lula nas redes sociais, que investiu pesado na lacração depois que o presidente brasileiro foi entrevistado no New York Times.
De um lado, são setores das esquerdas médias que buscam um protagonismo que, ainda que artificial - obtido pelas brechas do Judiciário - , torna-se pleno, e, de outro, setores da direita moderada social que promovem sua "boa imagem" na sociedade brasileira, todos unidos no apoio incondicional a Lula que, na política interna, torna-se pouco expressivo, diferente do "personagem" que o presidente interpreta no espetáculo midiático da sua política externa.
Por isso, é preciso manter o jogo das aparências e a burguesia de chinelos, que se acha "mais povo que o povo", tem esta preocupação. Lula age como um presidente pelego e seus seguidores hoje são pessoas de vida opulenta, mas ninguém pode espalhar essa realidade, porque os negacionistas factuais não gostam. Eles preferem brigar com os fatos, pois isso diverte mais a turma da lacração.
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