NO LUGAR DE NOTÍCIAS, FM TEXANA COLOCOU SUCESSOS DE BEYONCÉ.
O "Aemão" noticioso de FM - complicado falar em "Aemão" com a ameaça de extinção das AMs no Brasil - vive uma crise aguda e uma notícia que repercutiu mundialmente há poucos dias foi a saída do ar de uma emissora noticiosa, por conta de baixíssima audiência.
A News92 FM, da cidade de Houston, do Texas, EUA, demitiu nada menos que 47 funcionários - índice já considerado preocupante para os sindicatos do setor - e, em seguida, voltou no dia seguinte ao ar apenas tocando músicas da estrela pop Beyoncé Knowles, em 24 horas por dia.
"Infelizmente, o mercado não tem demonstrado um apetite por uma rádio de notícias. Foi uma decisão difícil, após constante audiência baixa e perdas financeiras significativas nos últimos três anos", afirmou um comunicado da emissora.
A tendência é um sinal amarelo para o chamado "Aemão" brasileiro - rádios "ounius" (noticiosas), jornadas esportivas ou "programas de locutor" - , que já sofre o reflexo da quedas bruscas de audiência no âmbito das rádios noticiosas e jornadas esportivas, agravadas sobretudo pelos escândalos de jabaculê que envolve o setor em cidades como Salvador.
Lá, o "jeitinho brasileiro" até tenta evitar a queda de audiência, pois FMs como Transamérica, Salvador, Metrópole e Itapoan apostam nos chamados "ouvintes de aluguel", financiando funcionários e gerentes de estabelecimentos comerciais, táxis e portarias de prédios para sintonizar as rádios em altíssimo volume, usando a poluição sonora para maquiar o baixo Ibope e anabolizar artificialmente os pontos de audiência.
Assim, se uma única pessoa liga o rádio em altíssimo volume num lugar onde estão centenas de pessoas, essas centenas acabam sendo consideradas "ouvintes", pouco importando se realmente estão interessadas em ouvir a emissora em questão. Através desse truque das rádios baianas, a audiência de um único ouvinte se "transforma" na de centenas nos registros manipulados do Ibope e similares.
A mesmice das transmissões esportivas, o vazio das "mesas redondas", a overdose de informação das rádios noticiosas, o opinionismo e o denuncismo e uma certa inclinação para o showrnalismo (jornalismo tratado como mero entretenimento), com direito a uma informalidade que transforma redações de jornais em mesas de botequins, fazem afastar os ouvintes, ocupados em seus afazeres.
É verdade que o corporativismo de radiófilos e profissionais de rádio resistiram a todo custo a admitir essa realidade, já que para eles rádio atraía audiências gigantescas até no deserto. Mas a realidade falou mais alto e isso reflete profissionalmente até no Brasil.
No Rio de Janeiro - que começa a adotar o truque baiano de sintonias individuais em ambientes coletivos para disfarçar a baixa audiência - , rádios de grande reputação no mercado como Band News Fluminense, "Rádio Globo AM" FM e "Super Rádio Tupi" FM sofreram sucessivas demissões de funcionários.
Os próprios locutores esportivos agora precisam adotar uma entonação mais melódica e ritmada para atrair o público de FM, sem sucesso, já que os "cantores esportivos" pouco acrescentam à mesmice dos eventos e transmissões esportivas, num contexto em que cada vez mais vazam escândalos nos bastidores do futebol brasileiro.
Daí que o caso da News92 FM põe os brasileiros a pensar. Aqui, o rádio FM já é considerado tão repetitivo quanto a TV aberta, e o blablablá noticioso e esportivo não empolga mais as pessoas que hoje estão ocupadas em seus afazeres e seus projetos de vida. A perda de antigas rádios de referência nos anos 80 também afetou a fuga de ouvintes da Frequência Modulada.
O mundo não cabe num estúdio de FM, se recusando a ficar preso sob suas quatro paredes e tendo vida própria fora de sua sintonia. É uma triste, mas dura verdade.
O "Aemão" noticioso de FM - complicado falar em "Aemão" com a ameaça de extinção das AMs no Brasil - vive uma crise aguda e uma notícia que repercutiu mundialmente há poucos dias foi a saída do ar de uma emissora noticiosa, por conta de baixíssima audiência.
A News92 FM, da cidade de Houston, do Texas, EUA, demitiu nada menos que 47 funcionários - índice já considerado preocupante para os sindicatos do setor - e, em seguida, voltou no dia seguinte ao ar apenas tocando músicas da estrela pop Beyoncé Knowles, em 24 horas por dia.
"Infelizmente, o mercado não tem demonstrado um apetite por uma rádio de notícias. Foi uma decisão difícil, após constante audiência baixa e perdas financeiras significativas nos últimos três anos", afirmou um comunicado da emissora.
A tendência é um sinal amarelo para o chamado "Aemão" brasileiro - rádios "ounius" (noticiosas), jornadas esportivas ou "programas de locutor" - , que já sofre o reflexo da quedas bruscas de audiência no âmbito das rádios noticiosas e jornadas esportivas, agravadas sobretudo pelos escândalos de jabaculê que envolve o setor em cidades como Salvador.
Lá, o "jeitinho brasileiro" até tenta evitar a queda de audiência, pois FMs como Transamérica, Salvador, Metrópole e Itapoan apostam nos chamados "ouvintes de aluguel", financiando funcionários e gerentes de estabelecimentos comerciais, táxis e portarias de prédios para sintonizar as rádios em altíssimo volume, usando a poluição sonora para maquiar o baixo Ibope e anabolizar artificialmente os pontos de audiência.
Assim, se uma única pessoa liga o rádio em altíssimo volume num lugar onde estão centenas de pessoas, essas centenas acabam sendo consideradas "ouvintes", pouco importando se realmente estão interessadas em ouvir a emissora em questão. Através desse truque das rádios baianas, a audiência de um único ouvinte se "transforma" na de centenas nos registros manipulados do Ibope e similares.
A mesmice das transmissões esportivas, o vazio das "mesas redondas", a overdose de informação das rádios noticiosas, o opinionismo e o denuncismo e uma certa inclinação para o showrnalismo (jornalismo tratado como mero entretenimento), com direito a uma informalidade que transforma redações de jornais em mesas de botequins, fazem afastar os ouvintes, ocupados em seus afazeres.
É verdade que o corporativismo de radiófilos e profissionais de rádio resistiram a todo custo a admitir essa realidade, já que para eles rádio atraía audiências gigantescas até no deserto. Mas a realidade falou mais alto e isso reflete profissionalmente até no Brasil.
No Rio de Janeiro - que começa a adotar o truque baiano de sintonias individuais em ambientes coletivos para disfarçar a baixa audiência - , rádios de grande reputação no mercado como Band News Fluminense, "Rádio Globo AM" FM e "Super Rádio Tupi" FM sofreram sucessivas demissões de funcionários.
Os próprios locutores esportivos agora precisam adotar uma entonação mais melódica e ritmada para atrair o público de FM, sem sucesso, já que os "cantores esportivos" pouco acrescentam à mesmice dos eventos e transmissões esportivas, num contexto em que cada vez mais vazam escândalos nos bastidores do futebol brasileiro.
Daí que o caso da News92 FM põe os brasileiros a pensar. Aqui, o rádio FM já é considerado tão repetitivo quanto a TV aberta, e o blablablá noticioso e esportivo não empolga mais as pessoas que hoje estão ocupadas em seus afazeres e seus projetos de vida. A perda de antigas rádios de referência nos anos 80 também afetou a fuga de ouvintes da Frequência Modulada.
O mundo não cabe num estúdio de FM, se recusando a ficar preso sob suas quatro paredes e tendo vida própria fora de sua sintonia. É uma triste, mas dura verdade.
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