Onde está "minha turma"? Será ela um bando de múmias sentadas num bar tomando cerveja ou vinho? Desculpe o comentário um tanto agressivo, mas o que se nota é que, depois dos 45 anos, as pessoas perdem boa parte do prazer de viver, mesmo "vivendo bem".
No lazer, as pessoas se limitam apenas a viver a mesma e chatíssima trilogia: "festas formais, trajes formais e bebidas alcoólicas", nessa alcoolismo ideológico, essa embriaguez simbólica que pode até não ser a literal bebedeira, mas é quase uma escravidão ao "deus" vinho e à "deusa" cerveja.
Até a casa dos 20 anos, nossos amigos são divertidos, idealistas, criativos, muito interessantes. Mas, com o passar de suas décadas, eles só falam de política, mesmo nas festas de aniversário de seus filhos mais novos, ou então de comentários pedantes sobre moda, artes e entretenimento, sem se divertirem, a não ser pegando carona em adolescentes e crianças se divertindo, e só para agradá-los.
Se acham inteligentes porque falaram, nas pachorrentas conversas "informais" das horas de lazer, sobre buracos das ruas onde percorriam nas idas e voltas do trabalho, sobre debates parlamentares, decisões governamentais e lançamentos "sofisticados" sobre cinema e música. Mas só se revelaram mesmo bons consumidores de telejornais, revistas, jornais e programas de TV paga.
Também fica patético ver que os paizões de 55, 60 anos só se interessem a ir a eventos musicais mais joviais, como o Planeta Terra e o Lollapalooza, quando vão acompanhar filhos já crescidos. Virou clichê nas reportagens ver senhores grisalhos dizerem coisas do tipo: "Aproveitei a ida de minha filha ao Rock In Rio para eu rever minhas emoções da juventude".
Pessoas que decidem por conta própria no trabalho, exercendo até cargos de comando e negócios próprios, que pagam suas contas há décadas e têm até netos, todavia são incapazes de terem decisões próprias no lazer.
Sua falta de discernimento é tamanha que eles sabem muito bem diferir o gosto de um vinho francês de um outro produzido na Itália. Pelo sabor, são capazes de tirar de letra o ano de fermentação de um vinho. Tiram de letra até o sabor de uma cerveja em algum canto perdido na Europa, embora no caso da cerveja brasileira, eles mal conseguem diferir o gosto de urina, Novalgina e uma "loura" de marca.
Sabe-se, aliás, que, com a superprodução das cervejas brasileiras, as fabricantes, para baixar os custos, estão misturando um monte de coisa no produto, que já não é feito só de malte, mas de uma mistura que pode até incluir de alpiste a pó-de-serra. Isso quando não é dipirona (nome genérico do remédio Novalgina) batido no liquidificador.
Mas de falta de discernimento, as pessoas "razoavelmente maduras" ficam mesmo com os sucos. Tomam um suco de "qualquer espécie" no café da manhã, mais como uma regra de etiqueta nutricional. Pouco conseguem diferir um suco de laranja natural do industrializado, ou mesmo um suco industrializado de sabor laranja com outro de sabor manga.
Eles ingerem até suco em pó, desses que, de tão ruins e condimentados, só servem para estragar vasilhames e caem no organismo como verdadeiras bombas ácidas. São as mesmas pessoas que, depois, vão mostrar as maravilhas das cervejas da Romênia ou dos vinhos produzidos em alguma vinícola escondida em alguma fazenda perdida na Itália.
É uma idolatria servil, que muita gente acha sinônimo de sofisticação. Mas não é. As pessoas acabam deixando de serem bebedoras de vinho, para se reduzirem a "garrafas humanas" para reposição do referido líquido. O mesmo com as cervejas, embora neste caso com um "apelo popular" maior.
Depois que descobri o sabor do suco de uva sem adição de açúcar, não preciso aderir ao clube das "garrafas de vinho" humanas. Quanto à cerveja, o sabor dela é muito ruim que não dá para entender tamanha popularidade. Continuo com a minha goela modesta e saudável tomando sucos, sentindo o verdadeiro sabor de beber sem vaidades nem vícios.
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