Num debate entre presidenciáveis, o candidato Levy Fidélix (PRTB-MG) se destacou negativamente pelo seu comentário homofóbico (ele jura que não é) que, exageradamente, disse que "aparelho excretor não reproduz" partindo da visão de que relações amorosas só podem se limitar à reprodutividade biológica.
Ele segue a tendência de gafes feita por gente como Jair Bolsonaro e Silas Malafaia, outros dois ícones da direita brasileira, e que foram marcados por posturas grosseiras contra os homoafetivos. Malafaia também se sobressaiu pelo sua risível confusão entre "fonicar" (um termo bíblico) e "fornicar" (relativo à prática sexual).
Ninguém é obrigado a ser homossexual ou heterossexual. Mas, independente da postura de cada um, é melhor respeitar cada opção. Há pessoas heterossexuais que respeitam os homossexuais ou homoafetivos, e nota-se em muitos casais formados pelo mesmo sexo uma cumplicidade que vários casais "tradicionais" não possuem.
Afinal, muitas vezes uma relação conjugal entre um homem e uma mulher é marcada por disputas e troca de interesses, soando muito mais como um consórcio no sentido econômico do termo do que um consórcio no sentido de casamento, mais uma relação de negócios do que de amor.
A homofobia é uma das bandeiras do reacionarismo humano e foi responsável por vários atos de violência, com muitas mortes. Isso é terrível, e os homofóbicos parecem pessoas sem ter o que fazer, como qualquer um que pratica violências físicas ou morais (como o "valentonismo", que hoje se conhece como bullying) cujas neuroses lhes tiram o prazer e a prudência de viver.
É claro que existe o outro lado. Há os homofóbicos que "criminalizam" casais do mesmo sexo e partem para agressões abomináveis. Há, por outro lado, a intelectualidade "bacana", metida a ativista, que faz o extremo oposto, desaconselhando a formação de casais heterossexuais nas periferias.
Para esses intelectuais, bonito é uma mulher pobre cuidar sozinha de dez filhos, com um salário que mal dá para cuidar de uma pessoa, quanto mais de onze, Se uma mulher abastada com três filhos ainda reflete, mesmo nas piores crises conjugais, sobre uma hipótese de divórcio, a mulher pobre, pelo contrário, tem que engolir tudo sozinha e viver a vida de mãe solteira "no vermelho".
Aí a intelectualidade dá a "opção" da mulher ter uma namorada. Sádica, a intelligentzia que acha que prostituição é emprego permanente e que é o maior barato uma mulher cuidar de uns dez filhos sem ter marido, dá a ela o "direito" - entendido como única opçáo "recomendável" - da mãe solteira ter alguma vida amorosa.
Sob o pretexto de superar as estruturas patriarcais nas populações pobres, a intelectualidade "bacana" investe no extremo oposto dos reacionários extremos, talvez criando um reacionarismo de moldes populistas.
Seguindo a lógica da mídia "popular", que "criminaliza" a formação de casais heteros por afinidade nas classes populares - fazendo com que as desinformadas moças pobres prefiram homens suspeitos de "classe média" e vendo mau caratismo até no fato de seus possíveis pretendentes jogarem bola na praia aos domingos - , a intelectualidade "bacana" aposta no celibato ou na opção homossexual.
Através disso, os intelectuais cortejam o suposto feminismo de "boazudas" que rejeitam homens e, mesmo fazendo o papel que o machismo impõe para mulheres forçadamente sensuais, precisam fazer propaganda seja como aparentes celibatárias, seja como simpatizantes de movimentos LGBT, não como uma opção de escolha, mas antes um meio de desestimular a formação de casais heteros nas classes populares.
A intelligentzia não quer que as mulheres das periferias tenham escolhas amorosas. Não considera a solteirice e o homossexualismo como opções, mas como obrigações de uma postura falsamente feminista e pretensamente moderna que, no entanto, pode gerar, dentro dos contextos de miséria e ignorância, famílias desajustadas, instáveis e que criarão cidadãos problemáticos.
A "boazudas" são vistas, pela grande mídia "popular" e pelos intelectuais pró-bregalização, como propagandistas, ainda que exóticas, dessa falta de opção sexual, em que a heterossexualidade deixa de ser uma escolha plausível para só ser considerada, quando muito, no ramo das conveniências sociais, quando moças pobres são induzidas a só querer homens de classe média, sem medir qualquer critério de afinidade pessoal.
Isso também é uma imposição. Afinal, as "boazudas" são trabalhadas pela mídia como símbolos de sucesso feminino, desestimulando as moças pobres a arrumar maridos e as fazendo ora se tornando mães solteiras sem qualquer capacidade moral, vivencial e financeira para isso, ora partindo para um homossexualismo que não se sabe se é realmente a vontade delas.
É uma higienização social, a pretexto de impor às classes populares um estereótipo de "liberdade sexual". Porque essa pretensa liberdade, em populações marcadas pelo analfabetismo e pelo descaso das autoridades, pode gerar efeito oposto, das vontades manipuladas pela mídia e da busca de desejos e vontades que não são próprias das pessoas, mas fruto de algum pretensiosismo sensacionalista.
Isso é higienista porque isso impede a formação de famílias estáveis, prevalecendo os instintos sexuais, a reprodutividade desordenada, o sexismo abusivo, o ódio aos homens e a baixa auto-estima das crianças que gostariam de ter os cuidados de um pai e não podem.
Daí ser tão ruim uma homofobia que impulsiona, em casos extremos, a matança e a humilhação de casais do mesmo sexo, da mesma forma que uma heterofobia que impede que casais heteros afins se unam nas classes populares.
Levy Fidélix errou completamente, mas erram também os intelectuais "bacanas" que acham o máximo que nossas crianças pobres cresçam sem ter direito sequer de considerar para suas vidas a proteção e o carinho da figura de um pai. Liberdade sexual não é forçar a barra.
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