Num comentário transmitido no programa Manhattan Connection, da Globo News, o jornalista Diogo Mainardi, que ao lado de Reinaldo Azevedo faz uma espécie de "trolagem profissional", despejou um de seus comentários reacionários sobre os nordestinos.
"O Nordeste sempre foi retrógrado, sempre foi governista, sempre foi bovino, sempre foi subalterno em relação ao poder, durante a ditadura militar, depois com o reinado do PFL e agora com o PT. É uma região atrasada, pouco educada, pouco construída que tem uma grande dificuldade para se modernizar na linguagem. A imprensa livre só existe da metade do Brasil para baixo. Tudo que representa a modernidade tá do outro lado", disse o brasileiro radicado em Veneza, na Itália.
Diogo Mainardi faz parte daquele "seleto" clube de jornalistas, intelectuais e celebridades dotados de ideias socialmente excludentes, e que o anedotário popular mais recente denominou de "coxinhas", e cujos "mais modernos" expoentes são o intelectual Rodrigo Constantino e o roqueiro Lobão.
Lobão até tentou explicar por que não decidiu sair do Brasil, se caso Dilma Rousseff vencesse, promessa que teria sido alvo de piadas no Facebook, com os petistas bolando a festa de despedida de Lobão. O autor de "Me Chama" disse que foi "mal-interpretado".
O roqueiro ensaiou até mesmo um "ato do Fico", imitando Dom Pedro I: "Se é para o bem dos bons e desespero total do PT, diga ao povo que fico". Lobão ainda declarou que a vitória de Dilma Rousseff é "uma tragédia para o país", comentário exagerado mesmo se considerarmos os defeitos e erros cometidos por ela e demais políticos do PT.
Quanto ao Diogo, seu reacionarismo extremo repercutiu tão negativamente que ele deixou de ser articulista principal de Veja, mas continua fixo no Manhattan Connection. Efeito semelhante teve o humorista Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta, outro reaça de plantão, que fez seu Agamenon Mendes Pedreira (que faz com Hubert) sair de O Globo e migrar para Veja.
OS NORDESTINOS
O reacionarismo do Sul e Sudeste é notório, seja pela mídia oligárquica, seja pelos internautas mais agressivos, que agem como "cães-de-guarda" do "estabelecido", que chegam a criar páginas ofensivas contra quem discorda deles, que parecem felizes na estupidez de achar que tudo que vem "de cima" (na mídia, na política e no mercado) é coisa superior.
São pessoas tão preconceituosas que a ideia de verdade, para eles, está no marketing e o discurso político ou nas palestras tecnocráticas, e essas pessoas reacionárias disfarçam sua subserviente adoração aos poderosos com desculpas tipo "gosto de quem lutou por seu espaço" e um temperamento inclinado a dizer palavrões e xingações.
Eles fazem seus ataques também contra nordestinos e outros extratos sociais que não se encaixam nos seus valores machistas, racistas, elitistas, midiólatras, tecnólatras. No caso dos nordestinos, eles devem estar aplaudindo, alguns até de forma envergonhada e escondida, as declarações de Diogo Mainardi.
Mas Diogo está errado, se percebermos que o Sul e Sudeste passaram por uma fase de retrocessos diversos, que atingem até uma Florianópolis sitiada pelo crime organizado, a cidade que era tida como "modelo de desenvolvimento urbano e social" mais parece hoje uma cidade da Baixada Fluminense nos anos 80.
O Nordeste é problemático e ainda marcado pelo coronelismo político e midiático. Mas, como o povo nordestino sofreu tantos anos de opressão, nota-se o seu admirável despertar e o fim do silêncio marcado pelo poder oligárquico que ainda mandava e desmandava depois do fim da ditadura e ainda apoiavam, no âmbito nacional, os governos de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.
O problema é que, enquanto o Norte e Nordeste e, um pouco mais tarde, o Centro-Oeste, começam a se despertar para uma reação contra o coronelismo secular, o Sul e Sudeste se iludem com as "delícias" dos valores coronelistas que entraram no Sudeste via São Paulo e agora reciclados no Rio de Janeiro.
É só perceber que a bregalização que cansa o Norte, Nordeste e Centro-Oeste é exaltada no Sul e Sudeste como se fosse "a maior novidade da música brasileira". E muitos desses "coxinhas" ficam exaltando o "funk", enquanto os "atrasados" do Nordeste não aguentam mais o "forró eletrônico" e a axé-music que no fundo não eram mais do que pop comercial de cunho coronelista.
Os próprios reacionários do Sul e Sudeste, sejam os "profissionais" da grande mídia, sejam os "radicais" da Internet, se comportam como se estivessem na festa das casas-grandes latifundiárias. E se tornaram bem mais provincianos do que imaginam. Por isso, retrógrados são eles, não os nordestinos que despertam e se esforçam a buscar melhorias de valores e de modos de vida.
Comentários
Postar um comentário