DILMA ROUSSEFF E AÉCIO NEVES (COM O BAIANO WALDIR PIRES, AO FUNDO) SE CUMPRIMENTAM EM UM EVENTO.
A corrida eleitoral foi para o segundo turno, contrariando petistas e tucanos. Os petistas apostavam numa vitória arrebatadora da presidenta Dilma Rousseff (PT-RS), que no entanto só teve 41% de vantagem nos votos, contra cerca de 34% do rival Aécio Neves (PSDB-MG).
A surpresa foi que Aécio ultrapassou Marina Silva (PSB-AC), que havia sido a favorita para a segunda colocação, segundo as pesquisas, e que tentou herdar o carisma do antigo titular da candidatura socialista, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um desastre aéreo três dias após ter completado 49 anos, em agosto.
Marina não herdou esse carisma, não pôde passar o legado do antigo titular para a sua imagem, e vários analistas apontaram nela uma conduta frágil e hesitante, o que a fez deixar para trás o possível favoritismo, de forma ainda mais frustrante do que na campanha de 2010, quando foi terceira colocada, mas numa relativa vantagem como novidade política.
A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, concorre à reeleição em desvantagem, apesar da aparente confiança dos petistas em sua vitória, agora prevista para o segundo turno. Isso porque Dilma provoca protestos, sobretudo nas mídias sociais, de internautas alinhados à centro-direita que não querem mais quatro anos de governo petista no Planalto Central.
Essa oposição, no entanto, torna-se até exagerada, desumana e até criminosa, pois há acusações indevidas ao PT de ser nazi-fascista (?!) ou de promover uma "ditadura", teses sem qualquer fundamento e consequentes de um sentimento de ódio e intolerância.
A nosso ver, o PT errou não porque adotou posturas "sanguinárias" que nunca existiram nem existem, mas porque não conseguiu executar um programa pleno de reformas sociais profundas que rompessem com antigos paradigmas econômicos, políticos e sócio-culturais, apesar das promessas bastante avançadas.
A fragilidade do PT e dos seus políticos, militantes e adeptos, em promover melhorias de ordem sócio-econõmica, política e cultural, sem ter coragem de promover a verdadeira regulação da mídia e condescendente com o coronelismo mercadológico da "cultura" brega-popularesca (que promove uma imagem caricatural das classes populares), permitiu a reação da oposição antes agonizada.
Ela cresceu diante da fragilidade de petistas isolados no seu otimismo corporativista, e os opositores passaram a simbolizar uma direita pretensamente racional e falsamente aliada aos interesses populares, que logo acusou a saudável e democrática proposta de regulação midiática de "reprimir" o direito de expressão da opinião pública.
A oposição reabilitou os barões midiáticos - que controlam muito mais a opinião pública do que o PT é acusado de defender - e se apropriou de uma retórica progressista para adotar posições reacionárias aqui e ali, mesmo dentro de um verniz "iluminista".
As esquerdas, porém, não puderam repetir o êxito de 2010, e perderam o cartaz e o prestígio quando sua retórica se limitou ao âmbito político-partidário, enquanto intelectuais que deveriam pensar na cultura popular e na qualidade de vida só defendiam a bregalização cultural junto a propostas pontuais como a legalização da maconha, o casamento gay e a sindicalização da prostituição.
Fora a liberdade das relações homoafetivas, os intelectuais tidos como progressistas, influenciados por jornalistas e cientistas sociais oriundos dos círculos acadêmicos do PSDB, preferiram transformar o Brasil numa sub-Woodstock favelada e miserável do que estimular a luta pelo fim do analfabetismo e pela conquista da qualidade de vida, que é muito diferente de consumismo.
Economicamente, o governo Dilma também se destacou pela pretensa grandiloquência de obras onerosas e nem sempre benéficas, como a Hidrelétrica de Belo Monte que afeta as populações indígenas e a diversidade biológica, e as obras para a Copa do Mundo de 2014 que causaram irregularidades e danos sociais diversos.
O governo Dilma, em contrapartida, apostava em paliativos como as cotas universitárias e o Bolsa-Família, sem criar condições plenas de melhorias sociais que permitissem a independência dessas medidas, como medidas concretas para melhorar a Educação no país e reduzir drasticamente os índices de desemprego.
Até agora, foram medidas tímidas ou paliativas, sem real enfrentamento dos problemas. Isso sem falar que o PT governou sob a pressão do PMDB, um partido sem pé nem cabeça, com discurso progressista e mentalidade retrógrada, o que castrou o partido da presidenta.
Inicialmente fraco nas pesquisas, Aécio Neves acabou se beneficiando das fraquezas de Marina Silva e ganhou vantagem até ser indicado segundo colocado pelos votos computados. A oposição raivosa agora apostará todas as fichas para derrubar Dilma, numa polarização entre PT e PSDB que de leve lembra a polarização Partido Democrata e Partido Republicano nos EUA, com a ressalva que o Brasil dá mais condições para o pluripartidarismo, sufocado no país de Tio Sam.
Resta saber se os não-petistas se unirão com Aécio ou Dilma na corrida para o Planalto. O cenário político anda entre o conservadorismo e o reformismo, que no âmbito regional incluem desde as vitórias dos "caciques" Beto Richa e Geraldo Alckmin como a vitória de Rui Costa do PT baiano. Nada muito transformador, embora tudo imprevisível. Vejamos como será em novembro.
A corrida eleitoral foi para o segundo turno, contrariando petistas e tucanos. Os petistas apostavam numa vitória arrebatadora da presidenta Dilma Rousseff (PT-RS), que no entanto só teve 41% de vantagem nos votos, contra cerca de 34% do rival Aécio Neves (PSDB-MG).
A surpresa foi que Aécio ultrapassou Marina Silva (PSB-AC), que havia sido a favorita para a segunda colocação, segundo as pesquisas, e que tentou herdar o carisma do antigo titular da candidatura socialista, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um desastre aéreo três dias após ter completado 49 anos, em agosto.
Marina não herdou esse carisma, não pôde passar o legado do antigo titular para a sua imagem, e vários analistas apontaram nela uma conduta frágil e hesitante, o que a fez deixar para trás o possível favoritismo, de forma ainda mais frustrante do que na campanha de 2010, quando foi terceira colocada, mas numa relativa vantagem como novidade política.
A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, concorre à reeleição em desvantagem, apesar da aparente confiança dos petistas em sua vitória, agora prevista para o segundo turno. Isso porque Dilma provoca protestos, sobretudo nas mídias sociais, de internautas alinhados à centro-direita que não querem mais quatro anos de governo petista no Planalto Central.
Essa oposição, no entanto, torna-se até exagerada, desumana e até criminosa, pois há acusações indevidas ao PT de ser nazi-fascista (?!) ou de promover uma "ditadura", teses sem qualquer fundamento e consequentes de um sentimento de ódio e intolerância.
A nosso ver, o PT errou não porque adotou posturas "sanguinárias" que nunca existiram nem existem, mas porque não conseguiu executar um programa pleno de reformas sociais profundas que rompessem com antigos paradigmas econômicos, políticos e sócio-culturais, apesar das promessas bastante avançadas.
A fragilidade do PT e dos seus políticos, militantes e adeptos, em promover melhorias de ordem sócio-econõmica, política e cultural, sem ter coragem de promover a verdadeira regulação da mídia e condescendente com o coronelismo mercadológico da "cultura" brega-popularesca (que promove uma imagem caricatural das classes populares), permitiu a reação da oposição antes agonizada.
Ela cresceu diante da fragilidade de petistas isolados no seu otimismo corporativista, e os opositores passaram a simbolizar uma direita pretensamente racional e falsamente aliada aos interesses populares, que logo acusou a saudável e democrática proposta de regulação midiática de "reprimir" o direito de expressão da opinião pública.
A oposição reabilitou os barões midiáticos - que controlam muito mais a opinião pública do que o PT é acusado de defender - e se apropriou de uma retórica progressista para adotar posições reacionárias aqui e ali, mesmo dentro de um verniz "iluminista".
As esquerdas, porém, não puderam repetir o êxito de 2010, e perderam o cartaz e o prestígio quando sua retórica se limitou ao âmbito político-partidário, enquanto intelectuais que deveriam pensar na cultura popular e na qualidade de vida só defendiam a bregalização cultural junto a propostas pontuais como a legalização da maconha, o casamento gay e a sindicalização da prostituição.
Fora a liberdade das relações homoafetivas, os intelectuais tidos como progressistas, influenciados por jornalistas e cientistas sociais oriundos dos círculos acadêmicos do PSDB, preferiram transformar o Brasil numa sub-Woodstock favelada e miserável do que estimular a luta pelo fim do analfabetismo e pela conquista da qualidade de vida, que é muito diferente de consumismo.
Economicamente, o governo Dilma também se destacou pela pretensa grandiloquência de obras onerosas e nem sempre benéficas, como a Hidrelétrica de Belo Monte que afeta as populações indígenas e a diversidade biológica, e as obras para a Copa do Mundo de 2014 que causaram irregularidades e danos sociais diversos.
O governo Dilma, em contrapartida, apostava em paliativos como as cotas universitárias e o Bolsa-Família, sem criar condições plenas de melhorias sociais que permitissem a independência dessas medidas, como medidas concretas para melhorar a Educação no país e reduzir drasticamente os índices de desemprego.
Até agora, foram medidas tímidas ou paliativas, sem real enfrentamento dos problemas. Isso sem falar que o PT governou sob a pressão do PMDB, um partido sem pé nem cabeça, com discurso progressista e mentalidade retrógrada, o que castrou o partido da presidenta.
Inicialmente fraco nas pesquisas, Aécio Neves acabou se beneficiando das fraquezas de Marina Silva e ganhou vantagem até ser indicado segundo colocado pelos votos computados. A oposição raivosa agora apostará todas as fichas para derrubar Dilma, numa polarização entre PT e PSDB que de leve lembra a polarização Partido Democrata e Partido Republicano nos EUA, com a ressalva que o Brasil dá mais condições para o pluripartidarismo, sufocado no país de Tio Sam.
Resta saber se os não-petistas se unirão com Aécio ou Dilma na corrida para o Planalto. O cenário político anda entre o conservadorismo e o reformismo, que no âmbito regional incluem desde as vitórias dos "caciques" Beto Richa e Geraldo Alckmin como a vitória de Rui Costa do PT baiano. Nada muito transformador, embora tudo imprevisível. Vejamos como será em novembro.
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