Pular para o conteúdo principal

CHAPA-BRANCA, JORNAL O DIA CRITICA RECORD POR DENUNCIAR AUTORIDADES CARIOCAS


Aliado dos políticos que controlam o poder no Estado do Rio de Janeiro, o jornal O Dia entrou na briga contra a Rede Record por conta de reportagens que o Jornal da Record, de São Paulo, veiculou através de sua afiliada carioca, da série "O Rio de Janeiro na Lama".

O jornal carioca publicou uma notícia intitulada "Record denuncia família Picciani, que acusa emissora de fazer campanha", sob o pretexto de favorecer a ascensão política do "bispo" Marcelo Crivella, ligado à dona da Rede Record, o também "bispo" Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.

Apesar do aparente tendenciosismo, a Rede Record é mais pertinente nas denúncias. A emissora também é conhecida, através de jornalistas como Paulo Henrique Amorim e Luiz Carlos Azenha, que como a equipe do Jornal da Record, denunciam outros processos de corrupção, como a supremacia da Rede Globo e a corrupção de dirigentes esportivos da CBF e da FIFA.

Portanto, as denúncias apresentadas são feitas por jornalistas independentes que, embora trabalhem na empresa de Edir Macedo, não agem com a finalidade de serem cabos eleitorais de Marcelo Crivella, ao fazerem essas denúncias contundentes, que escapam a qualquer contexto eleitoreiro, do contrário das fantasias que se vê em favor do PMDB carioca nas páginas de O Dia.

As denúncias envolvem políticos como a família Picciani, ou seja, o patriarca Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o deputado federal Leonardo Picciani, escudeiro do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o atual secretário de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro, Rafael Picciani.

Eles integram o grupo do prefeito carioca Eduardo Paes e do governador fluminense Luiz Fernando Pezão. Comandam o PMDB carioca, juntamente com os Picciani e o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, também ligado à referida família.

Segundo as reportagens, todos estão envolvidos em acordos de interesses com grandes empresas empreiteiras, investigadas pela Operação Lava-Jato, como a Odebrecht, e que em troca de grandes vantagens financeiras realizam as obras urbanísticas que causam transtornos severos para a população carioca.

Dois dos envolvidos, Carlos Roberto Osório e Rafael Picciani, estão ligados também a arbitrárias medidas de mudança no sistema de ônibus carioca, como a pintura padronizada nos ônibus, a adoção de dupla-função de motorista que cobra passagens e a redução dos itinerários das linhas para forçar o uso do Bilhete Único e dificultar o acesso de suburbanos à Zona Sul carioca.

As três medidas, juntas, favorecem a corrupção político-empresarial e o enriquecimento ilícito dos empresários de ônibus cariocas, feitos às custas do sofrimento da população, que não consegue mais reconhecer com facilidade uma empresa de ônibus, é obrigada a pegar mais de um ônibus para ir e vir e sofre riscos diante de motoristas estressados que se dividem entre o volante e as tarifas.

"LIMPEZA SOCIAL"

Embora as autoridades cariocas tentem desmentir que estejam fazendo "limpeza social", é estranha a ocorrência de tantas mortes por balas perdidas e tantas outras arbitrariedades como a destruição de áreas ambientais e comunidades populares, mediante baixíssima indenização, para a construção de complexos olímpicos e pistas de BRT financiadas pelos empreiteiros corruptos.

A alteração nas linhas de ônibus, eliminando trajetos como 455 Méier / Copacabana, 433 Vila Isabel / Leblon e 465 Cascadura / Gávea para forçar a baldeação de "troncais" e "alimentadoras", demonstra na prática a dificuldade que as pessoas têm para se deslocarem da Zona Norte para a Zona Sul de forma direta e rápida, obrigadas abora a fazer as incômodas baldeações.

A "limpeza social" tentou ser minimizada com as linhas para a estação Siqueira Campos do metrô em Copacabana, em que as autoridades "prometem" o acesso às praias. No entanto, denúncias sobre favorecimento de empreiteiros e empresários de ônibus pelo grupo político de Eduardo Paes se tornam cada vez mais evidentes.

Enquanto a Zona Norte - e a Zona Oeste pobre, como os entornos de Jacarepaguá, Bangu, Campo Grande e Sepetiba - se transforma em redutos de insegurança e violência, principalmente pelo bangue-bangue que ocorre na Linha Vermelha (que liga o Centro à Ilha do Governador e Baixada Fluminense) - , com várias mortes de inocentes causadas pelos tiroteios.

Na reportagem do Jornal da Record, uma comunidade popular de Jacarepaguá foi toda destruída para dar lugar a um parque olímpico. Empreiteiras têm a garantia de faturamentos de grande valor que as autoridades darão após as Olimpíadas Rio 2016. Eduardo Paes já mandou reprimir protestos contra a expulsão dos moradores das áreas que foram ou serão destruídas.

Fica difícil provar a tese contrária. Ou o pessoal adere ao "mundo da fantasia" das páginas de O Dia, aceitando o que se escreve em favor das autoridades cariocas, ou vê a realidade que atinge, em diversos prejuízos, milhares e milhares de cariocas, como nas reportagens da Rede Record.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A CANELADA DE UM ARTIGO SOBRE AS "CANELADAS DA MPB"

A revista Veja, hoje vivendo uma fase mais "comportada" depois de tanta hidrofobia nos anos 2010, mesmo assim não deixa de aprontar das suas. Uma matéria, que até soa bem intencionada, sobre as cinco canções brasileiras que " dão caneladas nas regras da gramática ", creditando-as como "sucessos da MPB", incluiu sem necessidade um sucesso da música brega, por sinal de um cantor bolsonarista. A matéria foi publicada na coluna O Som e a Fúria, da revista Veja, em 03 de dezembro de 2024. A matéria cita canções de Raul Seixas e, também, erros propositais da canção "Inútil", do Ultraje a Rigor, e "Tiro ao Álvaro", de Adoniran Barbosa (consagrada pela voz de Elis Regina), respectivamente para expressar a "indigência" do brasileiro comum e a coloquialidade do paulista do bairro do Bixiga. A música incluída é "Não Quero Falar com Ela", do ídolo brega Amado Batista, cuja única ligação, digamos, com o Ultraje a Rigor é que, hoj...

BRASIL TÓXICO

O Brasil vive um momento tóxico, em que uma elite relativamente flexível, a elite do bom atraso - na verdade, a mesma elite do atraso ressignificada para o contexto "democrático" atual - , se acha dona de tudo, seja do mundo, da verdade, do povo pobre, do bom senso, do futuro, da espécie humana e até do dinheiro público para financiar seus trabalhos e liberar suas granas pessoais para a diversão. Controlando as narrativas que têm que ser aceitas como a "verdade indiscutível", pouco importando os fatos e a realidade, essa elite brasileira que se acha "a espécie humana por excelência", a "classe social mais legal do planeta", se diz "defensora da liberdade e do humanismo" mas age como se fosse radicalmente contra isso. Embora essa elite, hoje, se acha "tão democrática" que pretende reeleger Lula, de preferência, por dez vezes seguidas, pouco importando as restrições previstas pela Constituição Federal, sob o pretexto de que some...

A LUTA CONTRA A ESCALA 6X1

Devemos admitir que uma parcela das esquerdas identitárias, pelo menos da parte da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), se preocupa com as pautas trabalhistas, num contexto em que grande parte das chamadas "esquerdas médias" (nome que eu defino como esquerdismo mainstream ) passam pano no legado da "Ponte para o Futuro" de Michel Temer, restringindo a oposição ao golpe de 2016 a um derivado, o circo do "fascismo-pastelão" de Jair Bolsonaro. Os protestos contra a escala 6x1, que determina uma jornada de trabalho de seis dias por semana e um de descanso, ocorreram em várias capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, e tiveram uma repercussão dividida, mesmo dentro das esquerdas e da direita moderada. Os protestos foram realizados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). A escala 6x1, junto ao salário 100% comissionado de profissões como corretor de imóveis - que transformam a remuneração em algo tão ...

JOO TODDYNHO NOS LEMBRA QUE O "FUNK CARIOCA" É "IRMÃO" DE JAIR BOLSONARO

A postura direitista que a funqueira Jojo Toddynho assumiu, apoiando Jair Bolsonaro, esbanjando reacionarismo e tudo, pode causar grande surpresa e até decepção por parte daqueles que acreditam na ingênua, equivocada porém dominante ideia de que o "funk" é um movimento culturalmente progressista. Vendo que Jojo Toddynho, a one-hit wonder  brasileira do sucesso "Que Tiro é Esse?" - que, nos últimos momentos da "campanha contra o preconceito" da intelligentzia  do nosso país, chegou a ser comparada, tendenciosamente, com "Gaúcho (Corta-Jaca)", de Chiquinha Gonzaga - , tornou-se garota-propaganda da pavorosa rede de lojas Havan, as pessoas dormem tranquilas achando que a funqueira é uma "estranha no ninho", ao lado de nomes como Nego do Borel, Pepê e Nenem e o "divertido" Buchecha. E aí o pessoal vai acreditando na narrativa, carregada de muito coitadismo, de que o "funk" é ideologicamente "de esquerda", que o...

"ANIMAIS CONSUMISTAS"AJUDAM A ENCARECER PRODUTOS

O consumismo voraz dos "bem de vida" mostra o quanto o impulso de comprar, sem ver o preço, ajuda a tornar os produtos ainda mais caros. Mesmo no Brasil de Lula, que promete melhorias no poder aquisitivo da população, a carestia é um perigo constante e ameaçador. A "boa" sociedade dos que se acham "melhores do que todo mundo", que sonha com um protagonismo mundial quase totalitário, entrou no auge no período do declínio da pandemia e do bolsonarismo, agora como uma elite pretensamente esclarecida pronta a realizar seu desejo de "substituir" o povo brasileiro traçado desde o golpe de 1964. Vemos também que a “boa” sociedade brasileira tem um apetite voraz pelo consumo. São animais consumistas porque sua primeira razão é ter dinheiro e consumir, atendendo ao que seus instintos e impulsos, que estão no lugar de emoções e razões, ordenam.  Para eles, ter vale mais do que ser. Eles só “são” quando têm. Preferem acumular dinheiro sem motivo e fazer de ...

SEQUESTRO DE MODELO É AVISO PARA OS "ANIMAIS CONSUMISTAS"

O recente sequestro da modelo Luciana Curtis, seu marido, o fotógrafo Henrique Gendre, e a filha adolescente do casal, ocorrido na noite do último dia 27, é um aviso para a burguesia de chinelos que tem mais do que precisa e ganha demais sem querer muito. Não falamos do casal em si, que representa o que há de inofensivo e discreto na burguesia, mas o fato de Luciana, Henrique e a filha terem sido sequestrados por um grupo de assaltantes serve para os chamados "animais consumistas" que empoderaram os anos pós-Covid e pós-Bolsonaro. A família estava jantando num restaurante no Alto da Lapa, na Zona Oeste de São Paulo, quando, na saída, foi rendida por uma quadrilha que sequestrou os três e os manteve por doze horas em cativeiro em Brasilândia, na Zona Norte, enquanto os assaltantes roubaram o carro do casal, o GWM Haval, avaliado em mais de R$ 200 mil, e transferiram o dinheiro dos dois para as contas dos envolvidos no sequestro. O carto foi achado carbonizado nas proximidades ...

BRASIL SOB A POLARIZAÇÃO ENTRE O SONHO E O PESADELO

VIOLÊNCIA DA PM COMETENDO CRIMES EM SÃO PAULO. O Brasil virou um grande Instagram / Tik Tok / Facebook. Sendo uma sociedade hipermidiatizada e hipermercantilizada - apesar dos esforços de fazer de conta que os valores culturalistas presentes no imaginário dos brasileiros fluem como o "ar que respiramos" - , nosso país parece uma alternância entre os filmes água-com-açúcar da Sessão da Tarde e a truculência barata do Domingo Maior. Mas ainda discutimos se o Brasil é uma concessão da Rede Globo ou da Folha de São Paulo. Talvez seja de ambas. De um lado, temos o mundo da fantasia do "esquerdismo chapeuzinho vermelho" de Lula, o "Papai Noel" da "sociedade do amor", prometendo, sob a fantasia de palavras, números e gráficos dos relatórios, a entrada certa do Brasil no mundo desenvolvido, quem sabe tirando da Finlândia o título de "país mais feliz do mundo". O Brasil de Lula 3.0 se torna um país em que os movimentos identitários usam flores c...

CURTIR MÚSICA ESTRANGEIRA NO BRASIL É ALGO "BEM BRASILEIRO"

Se você ouve os mesmos hits  estrangeiros repetidos 200 vezes ao dia pelas rádios de pop adulto, se você superestima nomes estrangeiros pouco representativos no exterior, como Outfield, Live, Johnny Rivers e Double You, se você supervaloriza ao extremo Guns N'Roses e Michael Jackson como se fossem as "maiores maravilhas do mundo", temos que reconhecer uma coisa. Você é provinciano e seu hábito de curtir música estrangeira tem pouco a ver com estar sintonizado com o mundo, sendo algo, digamos, "bem brasileiro". Devemos nos lembrar que o que consumimos de música estrangeira do mainstream  é fruto dos interesses mercadológicos de editores musicais representantes de canções estrangeiras, executivos de rádios e TVs e gerentes da indústria fonográfica. Daí o caráter de previsibilidade do gosto musical do brasileiro médio em relação à música estrangeira. É aquele gosto meio avassalado, que de maneira cegamente deslumbrada e submissa, se rende a tudo que é estrangeiro c...

A GAFE MUNDIAL DE GUILHERME FIÚZA

Há praticamente dez anos morreu Bussunda, um dos mais talentosos humoristas do país. Mas seu biógrafo, Guilherme Fiúza, passou a atrair as gargalhadas que antes eram dadas ao falecido membro do Casseta & Planeta. Fiúza é membro-fundador do Instituto Millenium, junto com Pedro Bial, Rodrigo Constantino, Gustavo Franco e companhia. Gustavo Franco, com sua pinta de falso nerd (a turma do "cervejão-ão-ão" iria adorar), é uma espécie de "padrinho" de Guilherme Fiúza. O valente Fiúza foi namorado da socialite Narcisa Tamborindeguy, que foi mulher de um empresário do grupo Gerdau, Caco Gerdau Johannpeter. Não por acaso, o grupo Gerdau patrocina o Instituto Millenium. Guilherme Fiúza escreveu um texto na sua coluna da revista Época em que lançou uma tese debiloide. A de que o New York Times é um jornal patrocinado pelo PT. Nossa, que imaginação possuem os reaças da nossa mídia, que põem seus cérebros a serviço de seus umbigos! Imagine, um jornal bas...

QUISERAM ATIRAR NO PRECONCEITO E ACERTARAM NA DIGNIDADE HUMANA

  Meses atrás, em diferentes ocasiões, fotografei estas duas imagens aqui em Sampa para mostrar o quanto a tal campanha do "combate ao preconceito", que na verdade empurrou a deterioração da cultura popular como se fosse um "ideal de vida" das classes populares, tornou-se bastante nociva para o povo. A foto acima, tirada de um vídeo publicitário num desses relógios eletrônicos na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, no Limão, no cruzamento com a Avenida Casa Verde, mostra uma campanha bem caraterística da gourmetização da pobreza humana através da transformação das favelas em "habitats naturais", "aldeias pós-modernas" e até "paisagens de consumo", com uma cosmética das periferias para turista inglês (padrão Diplo) ver. Trata-se de um anúncio de uma série de camisetas, promovida pela ONG Afroreggae, que explora a "estética faveleira" para o consumo confortável da classe média abastada e politicamente correta, e, portanto, da el...