AMBIENTE LOUNGE, REDUTO DE UM TIPO DE MÚSICA QUE POUCOS SABEM DISCERNIR SE É BOSSA NOVA, JAZZ OU POP SUAVE.
O ecletismo musical foi uma das utopias lançadas nos anos 90, e que pareciam ser o sonho da diversidade musical e da ampla variedade de estilos, No entanto, a ideia tornou-se um problema, na medida em que a variedade de estilos acabou causando nas pessoas uma percepção limitada e pouco discernitiva.
E não estamos falando de brega-popularesco, em que "sertanejos", "pagodeiros", funqueiros e axézeiros soam essencialmente parecidos entre si, mas de música de qualidade, mesmo, que também sucumbe ao caminho perigoso da mesmice e do superficialismo, vide as versões lounge para canções de hit-parade convencional, que tocam em supermercados e lojas de departamentos.
As gerações mais recentes se acostumaram tão mal com isso, que não conseguem ter um discernimento aprofundado dos estilos musicais, tal qual as gerações anteriores. Num contexto em que a Bossa Nova brasileira foi exportada para a França e Japão e o antigo público de BN se apropriou do samba dos morros (agora pouco acessível às classes pobres), isso é um problema sério.
O ecletismo, na medida em que mostra um pouco de tudo, dá ao público uma noção vaga, genérica e superficial de cada estilo. Se vários estilos são jogados num balaio de gatos, não dá para ter uma noção mais especializada de cada coisa. É o velho problema das relações entre o geral e o particular, entre a síntese e a análise. O ecletismo é a síntese.
Como exemplo, citamos o jazz. O jazz tinha variações, como o jazz primitivo dos anos 1920, e também o jazz comportado branco do Dixieland que, fundindo-se com a canção orquestrada das peças da Broadway, resultou na música da fase áurea de Hollywood, sobretudo dos anos 1940 e 1950, equivocadamente chamada de jazz, que no fundo foi apenas um ingrediente menor.
Houve também a fase instrumental mais sofisticada, o free jazz, que fez o gênero cair em popularidade mas aumentar em elaboração musical, e que se tornou a música dos intelectuais sobretudo entre 1952 e 1961.
No entanto, as pessoas mais jovens não conseguem ver tais diferenças. E, o que é mais grave, são capazes de definir como "jazz" a música instrumental cubana, o easy listening (pop orquestrado instrumental), a Bossa Nova e até o pop suave convencional (tipo James Taylor ou Dobbie Brothers). Ou seja, uma noção que vai além do que é vago, começa a ser equivocada, mesmo.
Até pouco tempo atrás, até o rock tinha essa vaga percepção. Nos anos 90, as pessoas achavam que rock era composto de música eletrônica, reggae, hip hop e, quando muito, punk e metal. A falta de noção só amenizou com o tempo, mas o superficialismo ainda continua.
Conhecer um estilo específico e se dedicar quase que exclusivamente a ele pode parecer tedioso e restritivo, mas garante à pessoa uma maior percepção. É como alguém que escolhe uma especialidade e, dedicando-se a ela, pode conhecer toda sua abrangência, do contrário do ecletismo, que é apenas um "apanhado geral" de várias coisas.
A ideia não é as pessoas se prenderem numa única opção, mas pelo menos se dedicar com mais profundidade e especialização a determinados estilos musicais para compreender assim a sua amplitude, que a mentalidade do ecletismo não possibilita.
O ecletismo musical foi uma das utopias lançadas nos anos 90, e que pareciam ser o sonho da diversidade musical e da ampla variedade de estilos, No entanto, a ideia tornou-se um problema, na medida em que a variedade de estilos acabou causando nas pessoas uma percepção limitada e pouco discernitiva.
E não estamos falando de brega-popularesco, em que "sertanejos", "pagodeiros", funqueiros e axézeiros soam essencialmente parecidos entre si, mas de música de qualidade, mesmo, que também sucumbe ao caminho perigoso da mesmice e do superficialismo, vide as versões lounge para canções de hit-parade convencional, que tocam em supermercados e lojas de departamentos.
As gerações mais recentes se acostumaram tão mal com isso, que não conseguem ter um discernimento aprofundado dos estilos musicais, tal qual as gerações anteriores. Num contexto em que a Bossa Nova brasileira foi exportada para a França e Japão e o antigo público de BN se apropriou do samba dos morros (agora pouco acessível às classes pobres), isso é um problema sério.
O ecletismo, na medida em que mostra um pouco de tudo, dá ao público uma noção vaga, genérica e superficial de cada estilo. Se vários estilos são jogados num balaio de gatos, não dá para ter uma noção mais especializada de cada coisa. É o velho problema das relações entre o geral e o particular, entre a síntese e a análise. O ecletismo é a síntese.
Como exemplo, citamos o jazz. O jazz tinha variações, como o jazz primitivo dos anos 1920, e também o jazz comportado branco do Dixieland que, fundindo-se com a canção orquestrada das peças da Broadway, resultou na música da fase áurea de Hollywood, sobretudo dos anos 1940 e 1950, equivocadamente chamada de jazz, que no fundo foi apenas um ingrediente menor.
Houve também a fase instrumental mais sofisticada, o free jazz, que fez o gênero cair em popularidade mas aumentar em elaboração musical, e que se tornou a música dos intelectuais sobretudo entre 1952 e 1961.
No entanto, as pessoas mais jovens não conseguem ver tais diferenças. E, o que é mais grave, são capazes de definir como "jazz" a música instrumental cubana, o easy listening (pop orquestrado instrumental), a Bossa Nova e até o pop suave convencional (tipo James Taylor ou Dobbie Brothers). Ou seja, uma noção que vai além do que é vago, começa a ser equivocada, mesmo.
Até pouco tempo atrás, até o rock tinha essa vaga percepção. Nos anos 90, as pessoas achavam que rock era composto de música eletrônica, reggae, hip hop e, quando muito, punk e metal. A falta de noção só amenizou com o tempo, mas o superficialismo ainda continua.
Conhecer um estilo específico e se dedicar quase que exclusivamente a ele pode parecer tedioso e restritivo, mas garante à pessoa uma maior percepção. É como alguém que escolhe uma especialidade e, dedicando-se a ela, pode conhecer toda sua abrangência, do contrário do ecletismo, que é apenas um "apanhado geral" de várias coisas.
A ideia não é as pessoas se prenderem numa única opção, mas pelo menos se dedicar com mais profundidade e especialização a determinados estilos musicais para compreender assim a sua amplitude, que a mentalidade do ecletismo não possibilita.
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