Antes que a patrulha do mal dispare com comentários agressivos, as informações que trazemos partem de informações colhidas na imprensa, e que põem em xeque o mito de que os ídolos "populares demais" são "pobres de marré deci".
Uma informação foi citada pela jornalista Fabíola Reipert, no seu blogue no Portal R7, a respeito do empresário e DJ de "funk", Rômulo Costa. Na postagem dos preparativos para o casamento da atriz Antônia Fontenelle, viúva do ator e diretor Marcos Paulo que está noiva do funqueiro Jonathan Costa, filho de Rômulo, a blogueira o definiu como "um homem cheio da grana".
Embora o blogue seja de fofocas, o fato de Rômulo Costa ser rico é até óbvio, como provam as circunstâncias. Todo empresário de "funk" é assim, só que eles costumam gracejar quando são assim chamados. Querem que acreditemos que eles são tão pobres quanto engraxates de rua.
Quanto a Zezé di Camargo, a informação de que ele é um fazendeiro muito rico vem de uma página de economia do portal UOL, que seria o último a esconder esse detalhe. Segundo a seção Agronegócio, do UOL Economia, Zezé di Camargo já pensava em ser fazendeiro há muito tempo, e comprou a atual fazenda É O Amor em 1993, dois anos após o sucesso musical com este nome.
Com uma área de 1500 hectares, a fazenda tem um gado de vacas da espécie nelore puro, avaliadas em R$ 1,5 milhão. O gado começou a ser adquirido em 2004, um ano antes do lançamento de Os Dois Filhos de Francisco, biografia dramatizada sobre a dupla Zezé di Camargo & Luciano, que teve seus quinze minutos de fama abraçados a intelectuais das "esquerdas festivas".
Isso mostra o quanto a intelectualidade "mais legal do país", reunida sobretudo no portal Farofafá e em outros espaços midiáticos e acadêmicos "mais bacanas", dá um tiro no pé quando tenta definir como "pobres" os ídolos "populares" que fazem sucesso na mídia também tida como "popular".
Abrindo parêntesis, sabe-se que essa intelectualidade faz vista grossa diante do fato incontestável que essa mídia "popular" é constituída de emissoras de rádio FM controladas por oligarquias regionais não obstante ligadas ao coronelismo local e por emissoras de tevê controladas por ricas famílias também regionais e associadas ao coronelismo midiático nacional.
Querem que a gente acredite que os sucessos "populares" surgem por iniciativas isoladas de executivos de rádio e TV tidos como "libertários", como se estes não estivessem subordinados aos interesses comerciais e, não raramente, políticos, de seus patrões.
Pois tanto o "funk" quanto o "sertanejo" tentam ser empurrados como se fossem "libertários", "música de pobre". O "sertanejo" fica mais complicado, porque até as vacas de presépio sabem que o gênero é patrocinado pelos latifundiários e pelos grandes donos do agronegócio.
Querer fazer "reforma agrária na MPB" com "sertanejo" fica complicado. O "funk" nem tanto, porque a forma caricatural de povo pobre que o ritmo evoca, em doses que fazem as chanchadas da Atlântida parecerem documentários etnográficos, é mais verossímil, ainda que igualmente hipócrita.
Essa música "popular demais" só tem aristocrata. Ela é feita somente visando interesses comerciais. Não há compromisso em produção social de conhecimento, as músicas não raro falam em baixaria, são muito mal produzidas, e toda uma super-estrutura técnica, profissional, publicitária e visual servem para compensar a falta de criatividade desses ídolos do brega-popularesco.
Até Wesley Safadão, Aviões do Forró, o que restou da Banda Calypso e todo o "sertanejo universitário", todo mundo é bem mais rico do que os ditos burgueses da MPB bossanovista, jobiniana e buarqueana que só a imaginação de Pedro Alexandre Sanches julga mofarem nas páginas impressas ou digitais de Caras.
Se Pedro - que mal consegue disfarçar seu ideal Rodrigo Constantino de exaltar o "deus mercado", fingindo-se esquerdista e agora afeito a bajular intelectuais progressistas - imaginasse o quanto Caras endossa e corrobora as breguices defendidas pelo editor do blogue Farofafá, ele cortaria metade dos falsos ataques que ele tenta fazer contra o coronelismo midiático nacional.
Seu queridinho Zezé di Camargo & Luciano, símbolo de um pseudo-bolivarismo musical, agora está de mãos dadas com Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves, queiram ou não queiram os bacanas que foram ver Os Dois Filhos de Francisco e se esqueceram que o filme era uma co-produção da Globo Filmes.
E imaginar que o Geraldo Alckmin atacado por Sanches havia patrocinado um seminário do Coletivo Fora do Eixo realizado na capital paulista, anos atrás. Quem te viu, quem te vê. E os ídolos "populares demais" estão nadando em dinheiro abraçados aos barões da grande mídia e a intelectualidade "tão bacana" não vê (ou não quer ver).
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