A jovem australiana Essena O'Neill, de 18 anos, conhecida estrela local do Instagram, radicalizou de vez, e foi na contramão dos internautas convencionais, abandonando as mídias sociais, um ato que, se fosse no Brasil, é tratado como sinônimo de reclusão e isolamento.
Ela tinha um perfil com 500 mil seguidores, e simbolizava um suposto estilo de vida aparentemente perfeito, uma ilusão que, no Brasil, se compara aos youtubers que fazem vlogues (blogues em vídeos) de bobagens inócuas ou a subcelebridades que cultuam a si mesmas no Instagram.
Isso durou até que ela resolveu mudar e cair na real. Desativou vários perfis nas mídias sociais e manteve sua conta no Instagram para fazer o oposto de antes, criticando o superficialismo nesses espaços digitais e relançando as fotos não apagadas em um contexto diferente, de contestação à alegria artificial nesses ambientes.
Numa das fotos em que ela aparecia em postura zen, ela escreveu: "Nada há de zen em tentar parecer zen, tirar uma foto com você tentando ser zen e provando que é zen no Instagram". Ela também denuncia o processo de autopromoção que as pessoas fazem nas mídias sociais.
Ela se queixava por se sentir vazia e viciada em curtidas. Numa outra foto, do antigo acervo, Essena relançou uma foto em que ela fazia uma selfie - autorretratos feitos pelo celular - e, em tom de paródia, pediu para "receber muitas curtidas", encerrando com o demolidor comentário, em caixa alta: "NADA EXISTE DE REAL NISSO".
"Eu fui consumida pelo mundo da mídia social, que não é real, e sim baseado na aprovação social e nos julgamentos superficiais", denuncia a moça, afirmando que as pessoas que usam as mídias sociais vivem em estado inconsciente, além de sofrerem um processo de manipulações, trivialidades e inseguranças.
A menina ganhou apoio de seus seguidores. Eles elogiaram a coragem dela em denunciar esses vícios nas mídias sociais, o que também serve de lição para os brasileiros que agora se viciam com a "felicidade" forçada no Facebook e seu apego a bobagens como vídeocassetadas e vlogues em que pessoas passam até vinte minutos "filosofando" sobre coisas do nível de uma unha encravada.
Mais uma vez, o exterior dá um banho de realismo. Aqui no Brasil o deslumbramento ainda é generalizado. E houve até brasileiro que ironizou dizendo que Essena O'Neill arrumou outro meio de autopromoção.
Eu, pessoalmente, não chegaria a esse ponto, mas apoio Essena porque ela decidiu sair dessa "caverna de Platão" que se tornaram as mídias sociais e resolveu denunciar todo um contexto de fantasias e ilusões de quem quer fugir dos problemas da sociedade pós-moderna cada vez mais mergulhada na mediocridade que faz dos internautas seus reféns.
Comentários
Postar um comentário