O discurso que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva deu em Recife, na sua primeira grande aparição depois de sair da prisão, falou que sua intenção como presidente foi e ainda pretende ser o de evitar que o povo brasileiro continue sendo tratado como "cidadão de segunda classe".
Isso me deu a senha para refletir sobre a degradação cultural, que os "amigos da onça" que ainda fingem apoiar Lula defendiam sob a desculpa do "combate ao preconceito".
Claro que esse discurso foi uma grande falácia. O problema é que havia uma só narrativa predominante.
A defesa da bregalização, do discurso da "pobreza linda", da "periferia legal", da "ditabranda do mau gosto" (não, eles não usam o termo "ditabranda"; se acham "libertários"), praticamente só tinha esse discurso em jogo.
Quem rejeitava a bregalização era isolado sob o rótulo PRECONCEITUOSO de "saudosistas", "ressentidos" etc.
Tão tida como "sem preconceitos", mas muitíssimo preconceituosa, a "intelectualidade mais legal do Brasil", que prometia transformar o jabá popularesco de hoje no "folclore de amanhã", é que disparava preconceitos contra quem rejeitava a bregalização, o "popular demais".
Estes contestadores eram classificados, de maneira errônea, de "elitistas", "higienistas" etc. E eram esnobados porque eram adeptos da MPB e do Rock Brasil que viam tais categorias perderem seus próprios espaços para a breguice totalitária.
Hoje são os brega-popularescos que tomaram todo o espaço. Na desculpa de reivindicar os "seus espaços" - eles já os tinham, e era amplo - , ocuparam os redutos que antes eram da MPB e do rock alternativo.
A intelectualidade "bacana" fez o que quis para empurrar a bregalização para os públicos mais abastados.
Tornou-se humilhante ver que Gretchen e o sucesso "Evidências", na versão dos canastrões Chitãozinho & Xororó, são tidos como cult numa nação de bolsomínions e "esquerdas havaianas".
Evidentemente que é uma conversa furada essa coisa de "romper o preconceito". Era, na verdade, uma desculpa para os bregalhões ampliarem mercado, às custas de um discurso pseudo-etnográfico de jornalistas, antropólogos e documentaristas.
Esse "combate ao preconceito" visava forçar a aceitação de formas PRECONCEITUOSAS de expressão popular.
Daí se propagou uma "cultura de segunda classe". Uma mediocrização que beira à ruindade, seja musical, comportamental, artística.
E os intelectuais "bacanas" diziam que essa campanha "contra o preconceito" iria melhorar o país.
Mas isso resultou o contrário.
Resultou no golpe político que continua em curso e que deixou a sociedade ainda mais preconceituosa.
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