Eu já critiquei em outros momentos os governos bolivarianos, mas confesso que errei.
Vendo-os com atenção, dá pena ver governos populares, que investem em educação pública e qualidade de vida para os pobres, serem dissolvidos de maneira tão violenta.
No caso de Evo Morales, só porque ele foi reeleito para um quarto mandato, sob o lema "Evo y Pueblo, Futuro Seguro", que houve reação violenta das elites locais.
Casas de sua irmã e de políticos aliados foram incendiadas. Outros aliados foram assassinados ou agredidos e presos.
Mascarados a serviço do Departamento de Análise Criminal e Inteligência (DACI) da Polícía Boliviana invadiram a sede do Supremo Tribunal Eleitoral da Bolívia para prender a presidenta do órgão, Maria Eugênia Choque Quispe, e outro funcionário, Antônio Costa.
A ação lembra mais a de invasão de milicianos.
Mas o pior é quando foram cortados os sinais da Bolivia TV e da rádio Pátria Nova, emissoras públicas do país.
Seu diretor, José Aramayo, ligado à Confederação de Trabalhadores Campesinos (CSUTCB), foi amarrado numa árvore.
Os funcionários das duas emissoras, rádio e TV, foram ameaçados de morte se caso não cancelassem as transmissões, mas a Defensoria Pública permitiu que eles deixassem o local sem serem agredidos.
Essa situação toda é um golpe. E um golpe racista, dirigido contra o povo, de etnia indígena andina.
Não há como dizer que isso é uma transição democrática, tamanha a violência que ocorre.
É um golpe escancarado, que faz com que a Bolívia forme um "bloco" com o Equador, a Colômbia e o Brasil no cerco à Venezuela.
O Brasil cedeu até a Base Espacial de Alcântara, no Maranhão, que agora é um pedaço do território dos EUA.
Tudo para que Washington monitore as operações para tirar Nicolas Maduro do poder.
Enquanto isso, voltando à Bolívia, a senadora oposicionista Jeanine Añez assumiu o poder, autoproclamando presidente do país, prometendo convocar novas eleições "o mais rápido possível".
Ela deu um pronunciamento no parlamento boliviano, em La Paz, que contou com a ausência dos membros do Movimento para o Socialismo, partido de Evo Morales.
Com riquezas estratégicas como o gás natural e o lítio - difícil não pensar no título da famosa canção do Nirvana, "Lithium" - , a Bolívia é um dos países cobiçados pelas multinacionais do petróleo.
Elas estariam por trás de vários golpes políticos na América Latina, incluindo o Brasil, que havia descoberto grandes reservas de pré-sal.
Segundo Wilson Roberto Vieira Ferreira, do Cinegnose, o aparente fracasso da venda do pré-sal foi apenas um truque para dissociar o leilão às crises políticas recentes no Brasil.
O suposto fiasco foi, na verdade, uma estratégia para as grandes corporações gringas aguardarem "baixar a poeira" para levarem nossas riquezas em momento mais tranquilo.
Tristes tempos.
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