NA SUA FASE DECADENTE, MICHAEL JACKSON TERIA SURTADO E PENDUROU O FILHO PRINCE MICHAEL, ENTÃO COM NOVE MESES, NA JANELA DE UM HOTEL EM BERLIM, ALEMANHA.
O nosso país é pitoresco, devido à ordem social que derrubou Jango em 1964 e hoje se passa por "democrática", principalmente nas redes sociais. Os netos da burguesia brasileira que clamou pelo golpe de 1964 e ajudou a matar personalidades como Rubens Paiva agora fingem ser "gente simples" e há quem se proclame "esquerdista", pasmem. Se os vovôs militantes do IPES-IBAD e as vovós devotas do Padre Peyton não queriam um segundo de Jango no poder, seus netinhos já sonham com mais um mandato de Lula, o pelego da Faria Lima.
Essa burguesia, que dita o padrão de narrativas, crenças e costumes e manipula o senso comum nas redes sociais e até nas conversas cotidianas, é inclinada a algumas aberrações. Cultuar "médiuns espíritas" de ideias medievais e obras abertamente fakes, não conseguindo "traduzir" com fidelidade a personalidade de supostos autores mortos. Tratar seriados antiquados como Chaves como se fosse "humorismo transgressor". Estimular a Síndrome de Estocolmo no meio da MPB e acolher de braços abertos um Michael Sullivan que, sem o menor escrúpulo, já planejou destruir a própria MPB.
E aí vemos também que, na música, ídolos decadentes encontram no mercado brasileiro um cenário próspero de faturamento. Brasileiro adora pagar pau para gringo musical que, no país de origem, está tão decadente que seu único plano de carreira é a aposentadoria. Vide nomes como Johnny Rivers, Outfield, Live, Jesus Jones, Ja Rule etc.
E ai temos a aberrante noção dos jovens brasileiros que pensam que Michael Jackson, o dito "Rei do Pop" que, antes de tentar retomar a carreira nos últimos meses de vida, passou por uma vergonhosa decadência, é "artista de vanguarda". Pura falta de noção para quem fala muita besteira querendo dar mais valor ao que curte.
Nas conversas que ouço aqui em Sampa, as pessoas falam mil maravilhas sobre Michael Jackson, como se ele tivesse sido o "maior gênio de todos os tempos". Um monte de elogios exagerados e até de mentiras descaradas - como definir o cantor como "roqueiro", "ateu", "pesquisador cultural" e até "comunista" - e despejado por um monte de gente embasbacada (dá vontade de eliminar o "s" desta palavra).
Michael Jackson nunca foi vanguarda, seja no começo, no meio e no fim de sua carreira. E se, oficialmente Thriller é considerado "o melhor álbum de 1982", devemos lembrar aos desavisados que, em termos de qualidade musical, o disco Beat, do King Crimson, é infinitamente superior.
Lembremos também aos desavisados que Michael nunca foi, nem é nem será roqueiro. Seus "roquinhos" foram poucos e tão frouxos, em que pese a participação de guitarristas convidados, que soam como uma mera dance music muito mal disfarçada, e nem a pretensa cara de mau do finado cantor convence. Neste sentido, o jeito elegante e discreto de Robert Fripp é bem mais visceral m termos de atitude rock, enquanto Michael, na sua tentativa de soar roqueiro, soou fake e constrangedor.
Primeiramente, Thriller é um álbum irregular. Alguns momentos bons, outros nem tanto. Mas o disco está muito longe de representar a salvação da humanidade e, se alguma transformação foi causada por este álbum, é no âmbito do comercialismo musical. Se bem que foi Bad, o álbum posterior, de 1987, que "desenhou" o pop ultracomercial adotado por ídolos juvenis estadunidenses desde os anos 1990 e que influenciou até o j-pop e o k-pop, as franquias do pop comercial do Japão e da Coreia do Sul.
Só mesmo o viralatismo cultural, que já trata qualquer gringo musical como "coisa do outro mundo", empolgando as caverninhas digitais dos brasileiros no Instagram, Facebook, Tik Tok e similares, para tratar Michael Jackson como algo maior do que ele realmente foi e, agora postumamente, passou a ser. Ele foi um artista mediano, com bons momentos e um passado promissor. A música "ABC" do Jackson Five (cujo outro integrante, Tito Jackson, agora "acompanha" Michael no além) é muito divertida.
Só na visão provinciana e um tanto etnocêntrica e fantasiosa de um Brasil infantilizado, de gírias ridículas como "balada" e dos "dialetos" em portinglês (como dog, body e bike), para achar que Michael Jackson é o "gênio dos gênios". Ele nunca foi genial, nunca foi a salvação do planeta e, depois de Thriller, trilhou uma decadência que o fez até, em seus surtos psicológicos, pendurar seu caçula Prince Michael da janela de um hotel em Berlim, Alemanha, onde o astro se apresentou em 19 de novembro de 2002.
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