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A DIFICULDADE DA CENTRO-DIREITA DE BUSCAR UM CANDIDATO VIÁVEL


A grande mídia começa a desenhar suas perspectivas para 2018, nesse último bimestre de 2017.

A revista Veja, na sua edição mais recente, que entrou nas bancas ontem mas é creditada à próxima quarta-feira, como é de praxe, revela sua preocupação com a polarização Lula-Bolsonaro.

Afinal, em ambos os casos a mídia hegemônica pode botar tudo a perder, se Lula ou Jair Bolsonaro for eleito.

No caso de Lula, por razões óbvias: candidato mais popular, comprometido com os interesses das classes pobres, cujo projeto político contraria muitos dos interesses da plutocracia.

No caso de Jair Bolsonaro, apesar de seu anti-comunismo histérico e convicto e de seu ultraconservadorismo rigoroso, pode ameaçar a plutocracia através de um poder personalista que escape dos interesses estratégicos de boa parte do empresariado.

Por isso a centro-direita, que se define apenas como "centro", precisa se mexer.

Ela ficou abalada quando o PSDB, partido que antes a simbolizava, e o PMDB, de perfil indefinido, passaram a estar associados a grandes escândalos de corrupção.

Várias apostas vieram para a centro-direita lançar um candidato "atraente" para a sucessão de Michel Temer.

Quando se pensava que Temer poderia ser afastado do cargo, sem imaginar que ele podia comprar sua própria permanência na Presidência da República, havia certas apostas, que seriam viabilizadas por uma eleição indireta.

Falou-se do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sem o menor carisma do grande público, apesar da mídia hegemônica o definir como um "herói" da suposta retomada econômica do Brasil.

Falou-se da ministra e presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, pela imagem trazida pela grande mídia como "jurista empenhada no combate à corrupção".

Até pouco tempo atrás, o prefeito de São Paulo, João Dória Jr., também foi cogitado, mas episódios recentes desgastaram o político, antes um conhecido apresentador de TV queridinho dos ricos.

A aposta mais badalada, mas mesmo assim pouco realista, é a do também apresentador Luciano Huck.

Esta opção é mais desejada, pelo carisma do apresentador de TV e empresário.

Capaz de divulgar para diversas camadas do público juvenil tendências como o "funk" e a gíria "balada" ("patenteada" por Luciano Huck e Tutinha, da Jovem Pan), Huck, de tendência neoliberal moderada, é o candidato dos sonhos das elites.

Mas há problemas diversos, como a exposição de Huck na Internet, nem sempre positiva. Quando há um escândalo, as mídias sociais reagem contra ele, criando o risco de um desgaste.

JOÃO DIONÍSIO AMOEDO, PRESIDENTE DO PARTIDO NOVO, EM PALESTRA NO FASHION MONDAY, EM SÃO PAULO.

O próprio Huck vê com certa cautela a sua possibilidade de ser presidente da República.

Ele sabe que será pressionado, além do fato de que ele terá que abandonar, enquanto exercer o cargo, suas funções como apresentador de TV.

Ele será ridicularizado com mais frequência em charges em todo o país, enfrentará greves de trabalhadores, será alvo de crônicas diárias nem sempre generosas a ele.

Não que isso não ocorra sob a condição de simples apresentador de TV. Mas é que, no caso de se tornar presidente da República, Huck sofrerá isso praticamente o tempo todo.

Daí que a centro-direita prefere não lançar um candidato oficial agora, mas precisa pensar em um nome porque o prazo para registro de candidatura está a menos de seis meses.

É bem provável que várias apostas estejam em jogo, não fechadas ainda, mas no sentido de trazer alguma "surpresa" para o eleitorado.

A revista Isto É deu um palpite com a reportagem com o presidente do Partido Novo, a nova agremiação política da centro-direita.

Ele é João Dionísio Amoedo, ex-banqueiro e também engenheiro e empresário, que pode vir a se tornar candidato à Presidência da República.

Entre as várias apostas, até a bela Valéria Monteiro se ofereceu para interagir com o eleitorado na esperança de se tornar candidata ao cargo presidencial.

A centro-direita tem uma grande dificuldade de buscar um candidato viável, dentro de uma proposta que combine alguma inclinação social e o "enxugamento" da máquina estatal.

Segundo seus objetivos, a intenção é não apelar para o radicalismo ultraliberal do governo Michel Temer nem abrir caminho para o fascismo bolsonarista.

Até porque Jair Bolsonaro já demonstrou desconhecimento sobre Economia, o que deixa as elites empresariais bastante preocupadas.

Por isso, há muita trabalheira para se pensar em qual candidato liberal pode se tornar atraente para um maior número de pessoas.

Não acredito que Lula, por mais que mereça ser presidente novamente para o bem do povo, consiga se tornar presidente da República novamente.

Isso porque, infelizmente, as elites têm, para si, muito dinheiro para fazer a pressão que quiserem para banir o petista da volta ao Planalto.

Não é assim que pessoas como eu desejam, mas a pressão das elites é forte demais. Não existe maré vermelha, mas existe a tsunami neoliberal.

É duro, mas a plutocracia reconquistou o poder e fará tudo para ficar.

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