No caso da EBC que veio à tona depois que o ator Pedro Cardoso abandonou o Sem Censura e se recusou a divulgar seu livro, Laerte Rímoli, presidente da instituição, saiu-se pior.
Rímoli foi denunciado pelo próprio ator por ter compartilhado mensagens ofensivas à atriz Taís Araújo.
Pelo menos duas postagens foram observadas.
Em uma, uma menina branca aparece em posição de fuga e pavor, enquanto a edição de imagem colocava no fundo Taís Araújo com um de seus filhos.
Na legenda: "Quando você percebe que é o filho da Taís Araújo na calçada".
A publicação é atribuída ao perfil do jornalista Luciano Trigo, no Facebook.
Outra publicação foi feita por um internauta cujo sobrenome coincide com o da atriz: Rogério Araújo.
Nesta aparece um homem com roupa de executivo caindo, com a mochila de pára-quedas, de um avião que não aparece na imagem.
Nela a legenda é "Passageiro pula de avião ao constatar que Taís Araújo estava a bordo".
Uma atitude digna de moleque sociopata não é cabível a um jornalista que preside um grande grupo estatal de Comunicação, sustentado pelo povo brasileiro.
Laerte Rímoli pediu desculpas, mas o que ele fez foi um morde-e-assopra.
Depois de demitir, por suposta acusação de aparelhamento, muitos profissionais da EBC e extinguir o Conselho Curador, Rímoli cometeu uma barbaridade dessas.
Taís Araújo, que com seu marido Lázaro Ramos, se esforça para ensinar seus filhos como é viver num país complicado como o Brasil, foi muito coerente na sua declaração.
Ver que o secretário de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro, César Benjamin, dizer que a declaração de Taís foi "uma idiotice", também é coisa deplorável.
Vivemos esse surto de reacionarismo e pessoas estão abertamente expressando seus preconceitos sociais dos mais cruéis.
Recentemente, na terra de Lázaro Ramos, Salvador, acadêmicos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH-UFBA), receberam ameaças de morte das mídias sociais, crime hoje sob investigação policial.
O motivo era o desenvolvimento de pesquisas sobre feminismo, causa LGBT e negritude.
Houve uma manifestação de protesto no Campus de Ondina contra os ataques reacionários.
A coisa está séria. Um modismo reacionário estimulado pela maré ultraconservadora de 2016.
E aí temos o arrogante Laerte Rímoli compartilhando mensagens ofensivas e talvez fazendo outras brincadeiras de mau gosto.
Não é coisa que um administrador de uma empresa pública de Comunicação deveria fazer.
Ele lida com empresas públicas, que lidam com mídia educativa, informes administrativos dos três poderes e jornalismo público.
Sinceramente, num país mais evoluído, Laerte Rímoli teria sido expulso da presidência da EBC.
Não havia lobby que desse jeito, no caso. Mas, infelizmente, ele continua no cargo.
Deveria ser feita campanha "Fora Rímoli", para o bem do Brasil.
Rímoli, se expulso da EBC, nem deveria se preocupar. Teria mais tempo para fazer suas traquinagens no Facebook e estaria no ostracismo.
O que não pode é ele ser representante de uma empresa pública e agir como agiu.
Deveríamos pensar na ética acima de interesses político-empresariais. Cabe a nós sermos um pouco como Pedro Cardoso e agirmos como ele agiu, chamando a atenção de todo o Brasil.
O melhor aplauso à atitude de Pedro Cardoso seria, de alguma forma, inspirarmos no seu exemplo e mostrar nosso repúdio ao reacionarismo imbecil que ainda prevalece no nosso Brasil, a partir do próprio presidente Michel Temer.
Não basta bater palmas. É preciso agir.
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