A campanha eleitoral praticamente está desenhada.
O esperado domingo, com o esgotamento do prazo de organização das chapas de presidente e vice-presidente da República, se destacou pela rápida articulação da direita.
O fascista Jair Bolsonaro já encontrou seu par na chapa eleitoral, o general Hamilton Mourão, do PRTB, já famoso por suas declarações golpistas.
Depois da gafe do Roda Viva na TV Cultura, Bolsonaro tentou "maneirar" na Globo News.
Afinal, apesar dos bolsonaristas "odiarem" a Rede Globo, que delirantemente acusam de ser "esquerdista", seu "mito" estava muito à vontade no programa.
Quem não estava à vontade era Miriam Leitão, que gaguejou, ouvindo ordens do "ponto" (microfone colocado no ouvido de alguém para transmissão de recados da direção de TV) enquanto lia um editorial de O Globo sobre sua "posição autocrítica" em relação à ditadura militar.
Bolsonaro, ainda assim, tornou-se um problema, ainda mais quando se descobriu que um feminicida, o pitboy Luís Felipe Manvalier, que violentou e estrangulou a ex-mulher, a advogada Tatiane Spitzner, e depois a jogou do quarto andar de um prédio em Guarapuava (PR), é fã do "mito".
Reaças metidos em encrencas - Manvalier chegou a sofrer acidente de carro e depois foi preso - surgem entre os seguidores confessos de Jair Bolsonaro nas redes sociais. Há poucos dias, o Doutor Bumbum também se revelou um bolsonarista.
Diante disso, Geraldo Alckmin, tido como "mais moderado", também quer obter uma boquinha dos bolsonaristas.
Geraldo escolheu a senadora gaúcha do PP, Ana Amélia, famosa pelo seu reacionarismo histérico.
Como adepto da seita Opus Dei, o tucano não deve seguir o neoliberalismo carnavalesco de Fernando Henrique Cardoso, do qual Aécio Neves talvez fosse um representante potencial.
Mas o "picolé de chuchu", como Geraldo é conhecido devido à sua falta de carisma, também tem seus genéricos, às vezes mais "picolé de chuchu" do que o próprio, que, pelo menos, sabe vender uma imagem mais ou menos agradável para o eleitorado interessado.
Henrique Meirelles, o ex-ministro de Michel Temer e seu candidato à sucessão, também arrumou um vice, Germano Rigotto, emedebista que governou o Rio Grande do Sul entre 2003 e 2007.
Álvaro Dias, do Podemos (antigo PTN), que afirmou querer convidar Sérgio Moro para ser ministro da Justiça, escolheu o economista Paulo Rabello de Castro, do PSC.
Mais ao "centro", pelo menos no que se diz à embalagem, a ex-querdista Marina Silva, da Rede, tem como vice um membro do ex-partido dela, o PV, o ex-deputado Eduardo Jorge.
Também ex-petista como Marina, Eduardo Jorge apoiou o impeachment contra Dilma Rousseff e continua afirmando que o ato foi "correto", alegando que a "justiça é para todos". Exceto para a plutocracia, é claro.
Não vamos falar de todos os candidatos, mas o quadro já se desenha num cenário em que o filho de João Goulart, João Vicente Goulart (que era criança quando o pai presidiu o país entre 1961 e 1964), se torna candidato pelo Partido Pátria Livre (PPL).
Agora conhecido pela alcunha João Goulart Filho, o candidato, que já foi deputado pelo PDT, escolheu como vice o professor da Universidade Católica de Brasília, Léo Alves.
Por outro lado, a hottie Valéria Monteiro parece que não terá condições para se tornar candidata pelo PMN, porque o partido não quer lançar candidato próprio.
Pena. Acho até que Valéria deveria se candidatar, é direito dela ter essa iniciativa, embora num contexto ideológico neoliberal.
Nas esquerdas, a primeira candidatura pronta, há meses, é a de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, pelo PSOL, cuja vice já foi escolhida na época, a indígena Sônia Guajajara.
Ciro Gomes, isolado do esquerdismo por conta de suas críticas severas ao PT e ao ex-presidente Lula, parece que desistiu dos traquejos neoliberais, ao escolher a outrora ruralista Kátia Alves, depois crítica severa do governo Temer e de suas medidas. Ex-MDB, Kátia está no partido de Ciro, PDT.
A pendência fica por conta do caso PT e PC do B, pois, oficialmente, Manuela d'Ávila segue candidata pelo partido comunista.
Lula não quis que ela se tornasse vice, e a chapa do PT preferiu um vice do próprio partido. Lula é oficialmente candidato e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, seu vice.
No caso de Lula ser banido da competição, Haddad torna-se o titular da candidatura presidencial.
Até o fechamento deste texto, a situação não foi definitivamente resolvida.
O que se observa é que a direita dita "moderada" tenta se estruturar para evitar a chegada do bolsonarismo ao segundo turno.
No dia 15 haverá o julgamento do pedido de suspensão da prisão de Lula. Em setembro, alguns pedidos de registro ainda serão julgados.
No dia 31 de agosto, começarão as propagandas eleitorais. Bolsonaro só terá quatro minutos no horário eleitoral. Espera-se que ele não "corra por fora" nas redes sociais e que a Justiça Eleitoral proíba essa trapaça digital movida a algoritmos e perfis fakes na Internet.
Agora é esperar o que vai acontecer neste curto tempo que parece muito longo.
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