Uma grande ameaça ocorre nas redes sociais.
Com espaço de propaganda reduzido, devido à representatividade partidária, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, poderá ser favorecido de maneira ilegal com projeção privilegiada nas redes sociais.
É o risco de Jair Bolsonaro aparecer, nas redes sociais, mais (e muito mais) do que qualquer outro presidenciável.
Através da multiplicação artificial de postagens e vídeos do "mito" veiculadas pelos seus apoiadores - eles em si "multiplicados" com vários alter egos fakes - , Bolsonaro pode até mesmo sair vitorioso na campanha eleitoral, através dessa "corrida por fora" diante dos demais concorrentes.
É como se, no desenho animado Corrida Maluca (Wacky Races), de Hanna-Barbera, o trapaceiro Dick Vigarista (Dick Dastardly) pudesse ganhar a corrida usando um atalho que o faça ultrapassar os demais competidores.
As redes sociais tendem a se tornar um "atalho" para projetar Jair Bolsonaro, tal como aconteceu com Donald Trump nos EUA.
Isso é perigoso. E nota-se que o negócio de Jair não é a prática honesta, mas o uso de meios arrivistas de ascensão, num Brasil que se tornou o paraíso dos arrivistas.
Em condições naturais, Jair Bolsonaro não estaria sequer entre os seis favoritos da campanha presidencial.
Seu passado militar foi marcado por um plano terrorista que lhe valeu uma "punição leve" que foi ser colocado na reserva, na condição de ex-capitão.
É, portanto, alguém considerado temperamental e sem o equilíbrio necessário para governar o Brasil.
Além disso, expressa preconceitos sociais bastante cruéis e cometeu crimes de injúria e apologias ao estupro por causa disso. Mas recebeu condenações brandas, como pagamentos de multas.
Sua vocação para, se preciso, quebrar até mesmo a hierarquia militar - a ditadura militar o via como um potencial desordeiro - , se mostra até na chapa presidencial organizada.
Desde quando um capitão se torna titular e um general, seu vice, numa chapa presidencial?
Isso não seria admissível na ditadura militar. Os generais mandariam prender Jair Bolsonaro se essa empreitada ocorresse mesmo há 40 anos, quando a ditadura militar aparentemente pegava mais leve.
Em entrevistas recentes, Jair também demonstrou não ter propostas consistentes para o país, sendo um sujeito sem confiabilidade até mesmo para as conservadoras elites do mercado.
Jair só é aceito para uma parcela radical dos conservadores, como as elites econômicas, religiosas e do mais rígido nível de moralismo social.
Ou seja, Jair só é apoiado pelos "viúvos" da Idade Média que querem medievalizar o Século XXI.
Mesmo o neoliberal com algum senso mínimo de modernidade não quer Bolsonaro. Talvez aceite Geraldo Alckmin, embora este seja também neo-medieval e chamou a retrógrada Ana Amélia para ser vice. Mas pode sinalizar com Marina Silva, Álvaro Dias ou Henrique Meirelles.
O maior problema em Bolsonaro é que ele tem o apoio de internautas que podem manipular as redes sociais de forma que, nelas, o "mito" seja beneficiado pela superexposição em relação aos demais.
Bolsonaro só receberia como contraponto campanhas difamatórias contra as esquerdas e algumas beliscadas contra Alckmin, delirantemente visto como "esquerdista enrustido".
Isso é terrível, porque Bolsonaro conta em seu favor com algoritmos que podem "aumentar" sua presença em relação aos demais candidatos.
No YouTube, observou-se a presença aleatória de vídeos "polêmicos" de Jair Bolsonaro, sob o pretexto de mostrar entrevistas suas nos programas Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, e Central das Eleições 2018, da Globo News.
No Facebook e WhatsApp, nem se fala. Bolsonaro aparece mais do que qualquer candidato com melhor expressão na campanha presidencial a se iniciar em breve.
Daí para, depois, mostrar "façanhas" de Bolsonaro "lotando" praças e avenidas durante seus comícios, é um pulo.
É coisa que os outros candidatos não têm, e isso pode deixá-los em desvantagem.
Vivemos um país surreal. Uma coleção de absurdos que, às vésperas de lembrarmos os 50 anos de morte de Sérgio Porto (em 30 de setembro, uma semana antes das eleições), sobrevive fora dos seus antológicos livros do FEBEAPÁ.
Um candidato despreparado, autoritário e preconceituoso ser o favorito de muitos jovens é o fim da picada.
Espera-se que a Justiça Eleitoral se mexa para evitar essa "ajudinha extra" dos algoritmos e fakes a quererem multiplicar a presença de Jair nas redes sociais.
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