Um evento ocorrido semana passada em um shopping center de Cuiabá causou reações negativas.
Intitulado "Adoção na Passarela", tratava-se de um desfile de menores carentes para serem adotados por famílias interessadas.
O evento, promovido pela Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), parecia bem intencionado.
Mas a forma como foi feito causou constrangimento.
As crianças eram tratadas como se fossem gado em oferta ou como objetos a serem apresentados para a freguesia, em uma exposição.
Na ótica de seus organizadores, a ideia seria "modernizar" a oferta de adoção criando um arremedo de desfile de moda.
A questão é justamente que não se pode usar um recurso publicitário - que os organizadores afirmam ser apenas para "chamar a atenção" da sociedade para a questão da adoção - para induzir os pais a adotarem crianças.
Seria necessário criar condições para estimular o sentimento afetivo que possa fazer com que aspirantes a pais pudessem adotar uma criança por prazer e capacidade de amar essa pessoa.
Isso não se faz por apelos que mais parecem estímulos ao consumo e não ao convívio social.
E é isso que tornou-se o problema dos desfiles de adoção em Cuiabá.
A coisa precisa ser trabalhada de maneira séria, e não por um mero apelo publicitário.
Precisamos de mais cidadania e direitos humanos, e não de mais consumismo.
É por causa do consumismo excessivo que se fez o quadro decadente que o Brasil hoje vive.
Os menores carentes abandonados por pais biológicos são apenas uma parte do Brasil que é abandonado pelos brasileiros.
Comentários
Postar um comentário