O portal UOL disse que as manifestações dos estudantes de 30 de maio de 2019, ou seja, ontem, "perderam fôlego".
Grande engano. Quem perdeu o fôlego foi a grande mídia, cuja cobertura variou entre o obrigatoriamente correto e o medíocre.
Até a cobertura do falecimento e dos cortejos fúnebres do one-hit wonder brasileiro Gabriel Diniz, da música "Jennifer" ("O nome dela é Jennifer"), foi muito mais destacada.
As manifestações estudantis, pelo contrário, até foram maiores do que se pode imaginar, o problema é a cobertura jornalística que arrefeceu.
Afinal, não havia o "fator surpresa" do primeiro evento, de 15 de maio, quando o conservadorismo midiático teve que pegar carona no fenômeno, até porque, aparentemente, a pauta era somente o corte de verbas públicas para a Educação.
No evento de ontem, o ministro da Educação do (des)governo Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, arrumou um eufemismo para o corte de investimentos: "contingenciamento".
Com isso, o corte de verbas ganhou um verniz de "racionalidade" que deixou os barões da mídia dormirem tranquilos.
Outro detalhe é que o entusiasmo dos estudantes foi maior e as manifestações passaram a ser também protestos contra o governo Bolsonaro como um todo.
O entusiasmo é tanto que contagiou até redutos de ultraconservadorismo, como Rio de Janeiro e Curitiba.
No vídeo que gravei ontem em Niterói, a concentração estava começando, mas quando terminei a filmagem - tinha que ir embora por motivos particulares - mais pessoas vinham do Centro Sul para a Praça Arariboia.
Na capital paranaense, o que surpreendeu foi porque o local é reduto do ministro da Justiça, Sérgio Moro, antigo "herói" dos reacionários de 2016.
Nem a chuva espantou os estudantes, que celebraram a recolocação da faixa em defesa da Educação pública, retirada no dia 26 de maio (marcha pró-Bolsonaro) por bolsomínions.
Um bolsomínion, arrogante e estúpido, disse em tom agressivo num vídeo divulgado no Twitter que a retirada da faixa de um prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) era para "repudiar o uso da Educação para pregar ideologia".
O sujeito ignora que defender a Educação pública nada tem a ver com ideologia, mas com o direito de todos aprenderem valores humanos, Conhecimento e realizar pesquisas e estudos dos mais diversos âmbitos.
Paciência, os bolsomínions são olavistas e Olavo de Carvalho é inimigo da Educação e do Conhecimento. Só não vou chamá-los de burros porque tenho pena dos jumentos.
É claro que a direita reacionária deu sua resposta. A FIESP, que anda com relações estremecidas com Jair Bolsonaro, mesmo assim não gostou dos protestos dos estudantes ontem na Avenida Paulista, em São Paulo.
Com uma faixa usando uma estética digital, soltou uma mensagem que soa como ameaça: a frase "Tente Outra Vez" colocada abaixo de uma caveira com dois ossos, famosa pela simbologia macabra dos piratas.
Fora tal incidente e, talvez, outros desagradáveis, as manifestações estudantis de 30 de maio foram um grande sucesso.
Foram, portanto, um sucesso de público e um fracasso de mídia.
As ruas gritaram mais do que há quinze dias.
Os barões da mídia é que decidiram tapar os olhos e os ouvidos e falarem pouco do assunto.
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