O governo Jair Bolsonaro entrou no quinto mês com seu perecimento bastante avançado.
Sem uma agenda positiva que trouxesse alguma esperança para os brasileiros, o governo começa a ver perder, como água rolando pelo ralo, o apoio de boa parte da sociedade conservadora.
Alguns fatos envolveram Jair Bolsonaro nos últimos dias.
Um é a sua intenção de cortar verbas para universidades públicas, inclusive faculdades de Ciências Humanas.
Isso causou uma grande reação e mesmo a imprensa conservadora que o apoiava ficou solidária às universidades que, sem essas verbas, não podem realizar sequer metade de seus projetos.
As notícias sobre cortes na Educação foram tão sombrias que estudantes do Campus de Ondina na UFBA (Universidade Federal da Bahia) - onde cursei algumas aulas, nos PAF I e II - , em Salvador, estudantes se assustaram quando militares do Exército apareceram.
Eles ficavam parados fazendo anotações e conversando com um funcionário da UFBA.
Chegou-se a desconfiar, nas redes sociais, que era um plano golpista ou alguma investigação sobre pichações nas paredes das faculdades.
Só depois a própria Reitoria da UFBA enviou comunicado dizendo que se tratava de consultas para uma prova de concurso para o Exército, que usariam as dependências dos PAF (Pavilhões de Aula da Federação).
Em Niterói, o jornal O Fluminense, quase sempre conservador, manifestou-se solidário ao apelo da Reitoria da UFF (Universidade Federal Fluminense) de que o corte de recursos iria praticamente paralisar a instituição.
O atual ministro da Educação é Abraham Weintraub, olavista que substituiu outro olavista, Ricardo Veléz Rodriguez, porque este foi longe demais em suas trapalhadas.
Sabe-se que Jair Bolsonaro mostrou uma cicatriz de cirurgia no seu abdome para confirmar que sofreu atentado durante campanha presidencial em Juiz de Fora.
Weintraub seguiu o exemplo e mostrou uma antiga cicatriz de um acidente que sofreu e que comprometeu seu desempenho na faculdade, nos anos 1990.
O cientista político Alberto Carlos Almeida havia embarcado numa declaração de Weintraub, que dizia que "universidades que fizerem balbúrdia terão verbas reduzidas", e ironizou, ao ver as notas baixas que o ministro teve na época: "Ele era bom de balbúrdia".
A crise do governo Jair Bolsonaro fez surgirem rumores de que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, estariam pensando em pedir demissão da equipe ministerial.
Até agora não surgiu uma informação concreta a respeito, ao menos no momento em que este texto está sendo produzido.
O que se sabe é que o governo está em profundo desgaste que já existem dúvidas de que ele seguirá em frente por quatro anos.
A previsão do blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, de que Jair Bolsonaro sofreria queda de popularidade se confirmou.
E a coisa se estendeu aos EUA, num momento em que Bolsonaro e Trump tentam discutir os erros do fracassado golpe na Venezuela.
Em Nova York, a Câmara de Comércio Brasil-EUA elegeu Bolsonaro como Personalidade do Ano de 2019.
Seriam feitas homenagens a ele, mas protestos eram feitos contra o presidente brasileiro.
Além disso, os ataques do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, do Partido Democrata, que definiram o ex-militar como "ser humano muito perigoso" , repercutiram muito.
Isso estimulou vários patrocinadores do evento a abandonarem o barco e este fato recebeu uma longa cobertura da rede de televisão CNN, que atua como uma espécie de "agência de notícias" televisiva.
O Museu Americano de História Natural, também em Nova York, cancelou um jantar que ofereceria a Bolsonaro. Mas para ele ficaria complicado até comer cachorro-quente ou pipoca no Central Park.
Bolsonaro teve que cancelar viagem a Nova York e botou culpa na "ideologia de esquerda" para o cancelamento das homenagens.
Nas redes sociais, houve gente que sugeriu um consolo: Jair poderia receber homenagem da Havan, empresa do bolsonarista devoto Luciano Hang.
Vamos contar os dias. Jânio Quadros fez um governo menos desastrado, ainda que bastante confuso, e ficou apenas sete meses no poder.
Portanto, vamos ver até quando Bolsonaro ficará no poder. Pode ser que fique mais de sete meses, mas sua crise inesgotável dificilmente o fará chegar tranquilo aos quatro anos de mandato.
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