Os ídolos comerciais Mchael Sullivan e Odair José se vendendo como "injustiçados" da música brasileira. Peça teatral gratuita em São Paulo, Mundaréu de Mim, celebra esquerda festiva pós-tropicalista. Subcelebridades já ofuscam muitos famosos com talento na Internet. Mulher faz dança sensual em evento promovido pelo Ministério da Saúde. Gente com sorte grande ganhando dinheiro demais para usufruir o supérfluo e pessoas mais preocupadas com o hedonismo do que com a justiça social.
Nunca no Brasil a positividade tóxica tornou-se o motor das esquerdas festivas ou esquerdas cirandeiras que tomaram o protagonismo no Brasil de Lula 3.0. E nunca na História do Brasil ter senso crítico esteve tão em baixa, mesmo num contexto de reconstrução do Brasil. Nem na ditadura se viu tanta acomodação.
De que adianta os lulistas se proclamarem como a "sociedade do amor" se eles estão contaminados pela mesma histeria tóxica dos bolsonaristas, tendo a mesma intolerância para com a verdade dos fatos? De que adianta os lulistas abominarem as fake news se só querem ouvir notícias agradáveis, sobre um mundo cor-de-rosa, só aceitando noticiários mais sombrios desde que o mal seja apenas vinculado ao clã Bolsonaro?
É vergonhoso o pessoal não admitir, por exemplo, que Joe Biden é um liberal de carteirinha e que Lula negociando com ele um "projeto para os trabalhadores" é demonstração de peleguismo. Como também muitos ingenuamente acreditaram que o tal "Jornalismo nas Américas" do Centro Knight da Universidade do Texas era também a celebração do "jornalismo de esquerda", farsa desmascarada em primeira mão pelo meu antigo blogue Mingau de Aço (hoje fora do ar na Internet).
As esquerdas cobram um jornalismo de verdade, honesto e informativo, mas em relação ao acordo Lula-Biden tem-se que acreditar nas fake news de que o presidente estadunidense é um bastião das esquerdas revolucionárias das Américas e um discípulo do legado de Simon Bolívar, de Fidel Castro e Hugo Chaves na união panamericana para o Socialismo.
Ou seja, os lulistas têm o mesmo apetite para aceitar apenas textos agradáveis que os bolsonaristas. Muda o conteúdo, mas a essência continua a mesma. E o pessoal já está tirando do armário seus "brinquedos culturais", ou seja, valores e ídolos notavelmente conservadores e de direita mas que, associados a "pautas positivas" como garantir alegria do pobre e promover a paz mundial, é acolhido pelas esquerdas não como um corpo estranho transplantado, mas como se fosse algo próprio das esquerdas, o que é um engano.
A "sociedade do amor" demonstrou estar pouco preocupada com a verdadeira cidadania, aceita apenas nos limites para garantir a liberdade desenfreada do consumismo hedonista. "Mais amor, por favor"? Que "amor" é esse que mais parece uma farra consumista, uma liberação de instintos animalescos, sexuais, etílicos, piadistas etc, que nada tem de humanista e só serve aos impulsos psicológicos da "classe média de Helsinque"?
Fico muito preocupado com esse clima de positividade tóxica, com as "hienas de esquerda" repetindo os mesmos vícios do hedonismo desenfreado que, rebaixando o esquerdismo a níveis do ridículo, abriu caminho para o golpe político de 2016.
A julgar pelas reações que temos, do bolsonarismo que não se sente intimidado sequer para cometer um atentado mortal contra médicos progressistas, da mídia lavajatista que continua pregando sua hidrofobia e pelo ultraconservadorismo que envolve do Congresso Nacional às redes sociais, o clima de positividade tóxica das esquerdas que, exagerando no protagonismo, se acham "donas do mundo" pode dar num novo golpe político. A situação no Brasil continua frágil.
Comentários
Postar um comentário