As denúncias do plano de atentado contra Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes em 2022, mostra o quanto a burguesia brasileira tramou o golpismo político para depois tentar se eximir da responsabilidade. Investiram na Operação Lava Jato, no golpe de 2016 e na eleição de Bolsonaro, mas agora não querem admitir culpa por tamanhas aberrações políticas.
Hoje temos as denúncias trazidas por Mauro Cid, ex-ajudante de Jair Bolsonaro, de planos golpistas que incluíram o referido atentado que exterminaria as vidas de dois políticos e um jurista. Prisões dos chamados "kids pretos", militares que seriam designados para executar os atentados, e revelações do envolvimento de Jair Bolsonaro e dos seus ministros e generais Augusto Heleno e Braga Neto, mostram o quanto o inverno político de 2016-2022 era de arrepiar.
Mas tudo isso foi tramado por uma burguesia que hoje corre por fora, de medo. A classe dominante, cujos antepassados distantes exterminaram índios e escravizavam - e, em parte, também exterminavam - negros, e cujas gerações recentes derrubaram João Goulart e Dilma Rousseff, pedindo o AI-5 e levando como prêmio as benesses do "milagre brasileiro", agora se faz de "democrática".
Se não fosse a ganância da burguesia, não teríamos Jair Bolsonaro presidindo o Brasil, do mesmo modo que não teríamos a carreira meteórica de Sérgio Moro como um mito das elites moralistas. Não teríamos a "ponte para o futuro" de Michel Temer, projeto que Lula não se encoraja a romper com firmeza. E o Brasil não teria "experimentado" Bolsonaro, que transformou seu governo numa farra de amigos e familiares.
Hoje nossas elites se fantasiam de "povo" enquanto o verdadeiro povo, que não aparece nas narrativas festivas do Instagram, Tik Tok, Facebook, WhatsApp e, agora, Blue Sky, continua sofrendo os mesmos prejuízos de quando Temer governava o Brasil.
É constrangedor ver que se deixou se ascender Jair Bolsonaro e a insana tese de medir a competência política a três funções, as de pastor, policial e militar. Deixar que retrocessos trabalhistas ocorressem nos tempos de Temer, deixar que Bolsonaro forjasse seu favoritismo nas supostas pesquisas eleitorais, enquanto nossas elites "civilizadas" gritavam que "não eram de esquerda nem de direita" e que, hoje, se autoproclamam "democráticas".
Deixou-se ocorrer o que ocorreu. Retrocessos políticos e econômicos foram criados e deixaram o Brasil numa crise profunda, que hoje não consegue ser superada. Preços altos, empregos precários, cultura decadente dão o tom desse Brasil degradado que ainda tem a coragem (ou a covardia) de tratar o culturalismo retrógrado da Era Geisel como se fosse um "tesouro nostálgico". Vá entender...
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