É notório o caso da Prevent Senior, empresa de assistência médica acusada de causar a morte de idosos ao impor o tratamento precoce à base de cloroquina.
A empresa, que é blindada por bolsonaristas como Luciano Hang e Flávio Bolsonaro, está sendo envolvida nesse escândalo que está na pauta da CPI da Covid, que, por hora, realiza um tumultuado interrogatório justamente com Hang, dono da Havan.
Pois não bastasse a Prevent Senior representar a banda podre da saúde privada, mostrando que existem médicos reacionários, conservadores, mercenários e até criminosos, os donos da empresa têm um histórico nada positivo na música.
Os irmãos fundadores e donos da PS, Eduardo e Fernando Parrillo, este também médico, tiveram uma banda de hard rock chamada Doctor Pheabes.
Um aviso aos navegantes: não confundir esta banda com a banda alternativa britânica dos anos 1990, Doctor Phybes & the House of Wax Equations, integrante da subestimadíssima "cena que se celebrou por si mesma" do rock do Reino Unido de 1988-1993.
O Doctor Pheabes brasileiro é famoso por uma canção nazi-fascista, que faz parte do repertório composto e cantado em inglês da banda.
A música "Army of Sun" é uma referência à SS, o exército nazista alemão, com uma letra bastante militarista.
Um trecho, traduzido: "Eu não me importo se você puxa o gatilho / Eu não me importo se você se acha o melhor / Nós vamos sangrar / Vamos brigar / Não vá embora / Não vá embora".
Uma outra música, o hino da Prevent Senior, era imposto para os funcionários cantarem toda vez que começavam a rotina de trabalho.
É mais uma banda dessa fauna reacionária do roquinho anos 1990 que saiu do armário anos depois.
Tivemos o caso do Nando Moura, que agora se aquietou.
Temos o caso dos Raimundos originais que, mesmo divididos (agora temos o pastor Rodox e os atuais Raimundos com Digão), se unem pela opção bolsonarista.
Embora apolíticos e "sem ideologias", o Nem Liminha Ouviu do ex-Não Religião de Tatola, da 89 FM, ele é do meio social do Ultraje a Rigor. Como humorista, Tatola fez recentemente sucesso no Encrenca transmitido na bolsonarista Rede TV!.
Diferente do humanismo e da honestidade da mídia, do mercado e das bandas roqueiras dos anos 1980, das quais a Fluminense FM de 1982-1985 foi um exemplo, a "cultura rock" dos anos 1990, movida pela canastrice das chamadas "Jovem Pan com guitarras", foi marcada pelo reacionarismo.
Daí que a Rádio Cidade e a 89 FM se tornaram "ninhos" de jovens reacionários que usavam a rebeldia como um verniz para seu obscurantismo hoje identificado com o bolsonarismo.
Canastrice puxa fundamentalismo. É uma forma de compensar a mediocridade, a deturpação das ideias originais e uma falta de carisma e credibilidade natural para uma causa.
Temos radialistas falando e pensando igualzinho aos Emílio Surita da vida, ou locutoras que parecem concorrentes frustradas da Xuxa Meneghel, que, mesmo presos aos textos que leem, com a "intimidade" de leitor de teleprompter, não deixam de mostrar um ranço de "locução da Jovem Pan".
A "cultura rock" que se deu desde os anos 1990 ficou horrível. Bandas mais preocupadas em fazer humor ou zoeira, o rock passou a ter o valor medido pela presença nas paradas de sucesso e os músicos de rock ficaram mais medíocres e mais arrogantes.
Daí um reacionarismo que fazia o público roqueiro brasileiro desde então a defender coisas terríveis como o fechamento do Congresso Nacional.
Uma rebeldia "pragmática", que só queria barulheira e zoeira, embora, musicalmente, sua percepção seja tão superficial que não conseguem ver a diferença entre Foo Fighters e System of a Down.
Só dizem curtir nomes como Pearl Jam e Iron Maiden como manobra da Espiral do Silêncio, pois os roqueiros reaças querem se enturmar com os roqueiros em geral.
E aí víamos, na "maravilhosa cultura rock" dos anos 1990, que, pasmem, encantou a imprensa musical carioca e paulista "sérias", uma irritabilidade e agressividade extremas de seu público, que odiava ler livros mas era fanático por jogos RPG, filmes de pancadaria e campeonatos de UFC.
E aí vemos o quanto o tempo passou e esse pessoal saiu do armário com o bolsonarismo, dando uma fachada de rebeldia a esse cenário político catastrófico.
E aí faz sentido ver uma Prevent Senior maltratando os velhinhos, algo bem diferente do que a cultura rock humanista nos ensina, que é respeitar os músicos veteranos de rock.
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