O EX-PRESIDENTE LULA SE RENDEU ÀS TENTAÇÕES DO "BRASIL INSTAGRAM".
As esquerdas estão deixando o trem da História escapar velozmente de seus pés.
Se recusam a fazer protestos de rua com mais frequência, tendo que aderir com visível má vontade, e, ainda assim, de forma mais espetacularizada do que realmente ativista.
Poderiam ter feito manifestações o tempo todo entre maio e julho, e pressionado para Jair Bolsonaro ter sido expulso do poder, evitando as tensões que hoje acontecem.
O Brasil poderia ter passado o Sete de Setembro com um simples e inócuo desfile militar em suas capitais, sendo em Brasília com a presença do general Antônio Hamilton Mourão ou do deputado Arthur Lira na condição de presidente da República.
Mas não. As esquerdas não são estratégicas e podem estar perdendo o jogo que julgam já estar ganho. Como no coelho do famoso conto de fadas.
Desde que as esquerdas criaram um maniqueísmo maluco no qual elas são a "alegria", a extrema-direita a "raiva" e, fora dos dois extremos, a terceira via representa a "tristeza", as forças progressistas cada vez mais se tornam acovardadas, arrogantes, ensimesmadas e isoladas em suas "bolhas digitais".
Claro que elas se consideram "vencedoras" dentro de suas "bolhas". Isoladas nos seus espaços próprios, seus integrantes se concordam entre si, nesses ambientes fechados reinam o acordo, a afinidade, a conformação e os pontos de vista comuns até contra o bolsonarismo "lá fora".
Para eles, Lula é o "grande líder invicto". Jair Bolsonaro é o "palhaço" asqueroso e repulsivo, a terceira via um clube de "frustrados ressentidos" que querem atrapalhar a "vitória antecipada e indiscutível" do petista.
Lunáticas, as esquerdas festivas acreditam num "primeiro turno" com sabor de "segundo turno", só com Lula e Jair Bolsonaro, enquanto o "resto", a "terceira via", é um bando de "fantoches decorativos e previamente derrotados", vistos como "birutas de postos de gasolina".
Se esquecem que, no primeiro turno, Lula debaterá com os terceiro-viáveis, enquanto Bolsonaro faltará e correrá por fora, sendo entrevistado por um canal amigo do atual presidente.
Lula está decepcionando com sua falta de estratégia.
Deixou de lado sua performance dotada de impressionante lucidez e sabedoria dos tempos em que esteve preso pela arbitrariedade farsante da Operação Lava Jato e durante o descaso bolsonarista nos primeiros meses da pandemia da Covid-19 em 2020.
No lugar, entrou o petista iludido com seu triunfalismo e, de certa forma, também perdido no tempo, achando que vivemos em 2002. Um Lula anacrônico de 20 anos atrás.
E Lula, achando que está tudo a seu favor, anda falando o que não deve e não enxergando os limites das alianças feitas às cegas, com base nos abraços e afagos circunstanciais.
Lula faz alianças com o neoliberalismo mais inflexível e acha que o projeto político do petista seguirá intato e até mais audacioso.
Ele faz acordos com quem desejou a sua prisão três anos atrás e se considera empoderado para "o melhor governo de todos os tempos".
Lula vai para a mídia coronelista do Nordeste falar em regulação da mídia, avisa que vai revogar a reforma trabalhista, alardeando tudo isso a seus aliados de ocasião, que são contra tais medidas.
Lula acha que a grande mídia passou a ser sua aliada, e, como as esquerdas de hoje, também sucumbiu à mania dos "aliados imaginários".
Para as esquerdas que cultuam "médiuns espíritas", religiosos que apoiaram governos autoritários e que defendem a precarização no trabalho, para as esquerdas que acham que sucesso de axé-music é inspirado na literatura marxista, dá para perceber como elas e seu líder Lula andam decepcionando.
Lula, em vez de se tornar o grande líder realista e combativo dos tempos frágeis de hoje, apenas fez um pronunciamento morno no 06 de Setembro, falando que "o Brasil tem jeito", e depois sumiu.
Ele só reapareceu num programa de entrevistas, Mano a Mano, conduzido por Mano Brown - uma das vozes mais realistas e críticas contra a acomodação das esquerdas - , para falar de coisas fora de contexto como o aborto.
Cadê o Lula chamando para as esquerdas irem às ruas contra Bolsonaro? Onde está o grande líder pedindo a derrubada imediata do presidente encrenqueiro?
Lula atua como se fosse presidente da "República do Instagram", achando que o Brasil está "tudo bem" e que a crise causada por Bolsonaro é "só uma marolinha".
Desta vez, não é marolinha não.
Que Lula tem direito a ter praia particular ou dar entrevista, tudo bem. Mas não no Brasil e nem no contexto de crise institucional em que vivemos.
Lula está dando munição para os antipetistas, que agora estão falando em alto e bom som todas as invencionices hidrófobas que a direita forjou contra o ex-presidente.
Outro erro de Lula é que ele mesmo não têm consciência de que o Brasil está numa situação limite de sua fragilidade.
Em vez dele dizer "Vamos ter um governo difícil, vamos recuperar tudo, não sei se retomaremos o crescimento, mas vamos tentar de tudo", Lula diz coisas sonhadoras demais como "Eu vou fazer o melhor governo de todos os tempos e o Brasil viverá a melhor fase de sua História".
Isso é como prometer transformar, em menos de meia década, um Haiti devastado pelo terremoto, pela miséria e pela violência, em um Mônaco luxuoso, belo e imponente.
Lula não é vencedor e nem as esquerdas são. E o risco deles perderem feio é altíssimo, digamos que é até total.
Bolsonaro aproveita seu tempo com agilidade ímpar, mesmo que seja sob o preço de causar polêmica até entre seus aliados. Até cometendo gafes Bolsonaro ganha em visibilidade e projeção.
Além disso, compare a acomodação das esquerdas, que marcam protestos de rua com intervalos de mais de um mês, e um Jair Bolsonaro que, num mesmo Sete de Setembro, esteve em Brasília e depois em São Paulo, na vitrine viva da Av. Paulista?
Incansável, Bolsonaro já fez motociata num sábado em um lugar e, no domingo seguinte, fez outra moticiata em outro lugar.
Enquanto as esquerdas perdem muito tempo iludidas com uma vitória que não têm, os bolsonaristas agem aproveitando o tempo e o vento a seu favor.
E, o que é mais grave, a terceira via já começa a aparecer, através dos acordos de Michel Temer com Bolsonaro, colocando a direita moderada como um coadjuvante com chances potenciais de recuperar o protagonismo político.
E aí as esquerdas terão que se contentar com a "República do Instagram" que inauguraram em 2016, com a soberania da memecracia e a liberdade dos papos concordantes das esquerdas isoladas em suas "bolhas digitais".
A realidade afora não parece receptiva para a volta das esquerdas ao poder da nação brasileira.
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