O MBL É APENAS UMA PARCELA ATRAPALHADA E POUCO CARISMÁTICA DOS TERCEIRO-VIÁVEIS, QUE SERÃO MUITOS E DIVERSIFICADOS.
Por que as esquerdas estão me decepcionando? Porque eu virei "coxinha", "hidrófobo", "bolsomínion" enrustido tipo a Juliana Paes ou coisa parecida?
Não. As esquerdas estão me decepcionando pela falta de ação e pela ausência de logística de manifestação, acrescida de um otimismo cego e fantasioso.
Elas acham que está tudo bem, surfando no culturalismo alienante das redes sociais que faz até o jornalista cultural "isentão" julgar que "o Brasil vive um excelente momento sócio-cultural".
Dentro desse festival de "bolhas digitais" borbulhantes nesse champanhe existencial que são as redes sociais, tudo parece bem no Brasil e a impressão que se tem é que nosso país virou a sucursal do Paraíso na Terra.
Não é assim. Mas as esquerdas teimam nos seus erros estratégicos e, agindo como o coelho do conto de fadas, não agem para conquistar a vitória porque acham, ilusoriamente, que já a conquistaram.
Nada disso. As esquerdas não venceram e, o que é pior, não permitem que elas conquistem a vitória.
Ficam isoladas no "ativismo de sofá", conversando entre si e todos, no escurinho de seus quartos, rindo da direita, moderada ou radical, que se mobiliza fora de casa.
As esquerdas não suportam realizar protestos de rua em sábados consecutivos.
E olha que não estamos exigindo protestar em dias úteis, que é o que deveria ocorrer, para aumentar a pressão contra Bolsonaro.
Da mesma forma, também não estamos considerando o equívoco dos protestos de rua esquerdistas, que quase sempre soam como meras micaretas, mais espetacularizadas do que realmente ativistas.
O decepcionante é que as esquerdas não querem agir e, mesmo assim, se acham vitoriosas.
Não querem lutar e se acham invictas. E não lutam porque acham que Bolsonaro vai derreter por si mesmo.
E aí o que vemos agora? As esquerdas estão batendo palmas quando a direita moderada atua contra o bolsonarismo.
E aí existe um contrassenso. As esquerdas esnobam a "terceira via", como hoje é conhecida a direita moderada, e é a direita moderada que age no enfraquecimento de Bolsonaro.
Isoladas em suas casas, brincando com sua memecracia, as esquerdas não vão derrubar Bolsonaro e muito menos garantir a vitória de Lula.
O Jornal Nacional até noticiou a anulação dos processos contra Lula. Mas ninguém espere um âncora suplente do JN anunciar, na chamada, "Sábado de memes e tuitaços em todo o Brasil".
Daí que soa patético ver as esquerdas esnobando a "terceira via", como se não fosse suficiente seu desprezo arriscado à força de Jair Bolsonaro reagir e dar um golpe no nosso país.
Fala-se que o protesto de Doze de Setembro do Movimento Brasil Livre (leia-se Movimento Me Livre do Brasil) foi um grande fracasso. Corretíssimo.
Mas dizer que se trata do "enterro da terceira via", que "a terceira via é ruim de rua", isso é um grave equívoco.
E que moral as esquerdas, que marcam intervalos longos entre um protesto de rua e outro, têm para dizer que a direita moderada é "ruim de rua"?
O MBL, pelo menos, foi para a rua, assim como Vem Pra Rua e outros "minifestantes".
As esquerdas nem para fazer um protesto paralelo. Ficaram no Twitter e no Instagram tricotando entre si ou publicando memes e piadinhas.
Parece a Seleção Brasileira de Futebol com os jogadores fazendo passes uns para os outros no campo de defesa, sem partir para o campo adversário.
É Jandira Feghali tricotando com Paulo Pimenta, que tricota com Gleisi Hoffmann, que tricota com Fernanda Melchionna, que tricota com Marcelo Freixo, que tricota com Glauber Braga, já tricotando com sua Sâmia Bonfim, que tricota com Humberto Costa, que tricota com Emir Sader etc.
Vários deles até bons jogadores políticos, mas todos medrosos interagindo entre si, em vez de realizar o enfrentamento urgente das ruas.
Nem Lula está agindo, se esquecendo do grande líder que, no palanque, falava para plateias gigantescas de trabalhadores nos protestos no ABC Paulista.
E Lula fazia isso na época do AI-5, um período muito perigoso, quando o proletariado e o campesinato eram eventualmente dizimados pela pistolagem financiada por empresários e latifundiários.
E agora, quando até o risco de atentado contra Lula existe, mas há ao menos uma democracia formal operando, ainda que debilitada, o petista não se arrisca.
Se arriscasse, Lula comandando os protestos de rua constantes e diários teriam derrubado Bolsonaro há um bom tempo. Estaríamos na transição para a volta das forças progressistas ao poder.
O Brasil hoje está num cenário confuso, mais "nem-nem" do que os apelos "Nem Lula Nem Bolsonaro" dos "coxinhas" do Doze de Setembro.
Não temos golpe nem temos esquerda realmente agindo para retomar o espaço político.
Vemos mais ação na direita moderada que a impressão minha é que a terceira via, com liberdade de ação, irá ousar um pouco mais do que Lula, castrado pelas alianças com setores da direita.
A terceira via não é só o MBL e similares. Existem vários candidatos a terceiro-viável, com uma diversidade política que deve ser respeitada pelas esquerdas.
A terceira via não é um bando de birutas de posto de gasolina que enfeitará os debates de Lula e Bolsonaro - com as esquerdas se esquecendo que Bolsonaro fugirá do debate e Lula debaterá com os terceiro-viáveis, como João Dória Jr. e Ciro Gomes - num "primeiro turno com cara de segundo".
Há muita gente boa que pode aproveitar as ruas e dar uma rasteira nas "esquerdas caseiras" que, diante de lapitopes e celulares, celebram uma vitória que não tem, mas acham que cai do céu.
As esquerdas têm que parar com a mania de, dentro de suas casas, querer desafiar o mundo em sua volta. Isso acabou, em que pese o utópico verso da canção de O Rappa, "Me Deixa", "Hoje eu desafio o mundo sem sair da minha casa".
Tuitaços e memecracia não derrubam presidentes nem fazem as forças progressistas vencerem a parada. Ainda mais quando, com mais recursos e maior enfrentamento, a direita moderada já começa a conquistar protagonismo.
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