MC GUIMÊ - ACUSADO DE IMPORTUNAÇÃO SEXUAL, O FUNQUEIRO JÁ FOI VISTO PELA INTELECTUALIDADE "BACANA" COMO UM "ARTISTA REVOLUCIONÁRIO".
A elite do atraso que não quer ser reconhecida por este nome porque senão ela chora põe o pior do culturalismo vira-lata debaixo do tapete. Com isso, só se admite como "vira-lata" um culturalismo sem cultura, restrito ao noticiário político, à pedagogia familiar e à velha propaganda ditatorial nos moldes do totalitarismo dos anos 1940. A bregalização cultural e o obscurantismo religioso assistencialista e não-raivoso (como o Espiritismo brasileiro), com todo o viralatismo que salta aos olhos, não é admitido como tal.
Com isso, as pessoas se iludem com o culuralismo não-raivoso visto como "saudável", com o termo "democracia" ancorando um Brasil qualquer nota, em que tudo é válido desde que fora do perímetro da raiva e da intolerância.
Isso causa sérios problemas. Afinal, nem todo traiçoeiro age com raiva ou intolerância formal. Pelo contrário, boa parte das pessoas traiçoeiras age através da simpatia, do tapinha nas costas, ou de qualquer aspecto considerado agradável.
Dito isso, temos a verdadeira fábrica de factoides chamada Big Brother Brasil que é um grande desperdício lúdico que, infelizmente, vicia as gerações nascidas a partir de 1978 que, em maioria, foram educadas pelo sucateamento cultural brasileiro, vigente desde os primeiros ventos popularescos do coronelismo eletrônico de 1958-1964 e, com maior intensidade, após a ditadura militar.
Sempre com algum encrenqueiro a buscar hegemonia na agenda temática de nossos noticiários, o BBB desta vez se destacou pela expulsão de dois integrantes por importunação sexual, o lutador Antônio Carlos Júnior, o Cara de Sapato, e o funqueiro MC Guimê. Cabe aqui comentarmos a respeito deste, por ter sido um ícone do "funk ostentação" também notabilizado pelo casamento com a funqueira pop MC Lexa.
Guimê foi acusado de assediar a mexicana Dania Mendez, que entrou no BBB pelo intercâmbio com o programa La Casa de Los Famosos, trocando com a brasileira Key Alves. O assédio do funqueiro causou problemas emocionais da esposa Lexa, que havia se separado antes do funqueiro e depois reatou, e, agora, apesar do incidente ela o perdoou assim que o recebeu após a saída do riélite.
Só que Guimê, antes de virar essa subcelebridade que entra fácil em cartaz na mídia popularesca, foi um hype promovido pela mídia brega-identitária a partir da intelectualidade "bacana". Em 2014, Pedro Alexandre Sanches tratou MC Guimê como se fosse um "artista revolucionário" e, pasmem, chegou a compará-lo a João Gilberto, em pleno auge da campanha do "combate ao preconceito" (ver Esses Intelectuais Pertinentes...).
Era a época do chamado "funk ostentação", cena funqueira de São Paulo que surgiu como opção para o superexposto "funk carioca". O "funk ostentação" se valia de um som mais "politicamente correto", apesar de seu apetite consumista e capitalista ser mais assumido do que o carioca. Sonoramente, o "funk ostentação" se vale de uma batida que quase sempre imita a batida de uma lata de conservas (tipo ervilha e milho verde) imitando percussão hindu.
Guimê sempre foi medíocre, promovido a uma espécie de resposta brega ao Eminem. A sonoridade ruim do funqueiro, no entanto, fez o hype em torno dele virar "fogo de palha" e, com o tempo, o "artista revolucionário" deu lugar a uma subcelebridade cheia de tatuagens e com um olhar inexpressivo. E, agora, MC Guimê em que amargar uma repercussão negativa de sua "liberdade sexual", ou então segurar a má fama momentânea para capitalizar uma visibilidade que possa lhe favorecer no futuro.
Neste culturalismo vira-lata em que a festa brega-identitária exalta a "liberdade do corpo" - com direito ao pseudo-feminismo de glúteos de Geisy Arruda, Mulher Melão e Valesca Popozuda - em detrimento da liberdade de consciência, a mulher se sensualiza demais, sem contexto, e o homem se sexualiza demais, sem controle. A objetificação do corpo feminino, de um lado, e o empoderamento sexual machista, de outro, geram uma combinação conflituosa que, não raro, gera tragédias.
Há muitos abusos, além desses, sob a sombra do "bom" culturalismo cujo aspecto vira-lata é encarado sob vista grossa por muita gente. Não havendo raiva, pode tudo. Até usar nome de morto para forjar mensagens de proselitismo religioso, em troca de uma distribuição fajuta de mantimentos (cerca de dois sacos de arroz e um de feijão para cada família pobre com mais de dez pessoas) que muitos chamam de "solidariedade e amor ao próximo".
É como se o viralatismo soasse mais como um "rottweilerismo" pois está mais para cachorros ferozes de mansões do que para cães vira-latas procurando alimentos no lixo. Mas a "boa" sociedade só consegue admitir viralatismo cultural ou culturalismo vira-lata quando há algum sinal de hidrofobia, pois fora isso tudo é "divertido", "livre" e "democrático".
A libertinagem pode ser doentia, mas para essa "boa" elite do atraso, tudo depende da raiva para ser desmascarado, pois, se não há raiva, tudo é aceito, permitido e até apoiado, no contexto da positividade tóxica que hoje vivemos.
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