BOBO-DA-CORTE MEDIEVAL E AS APARELHAGENS DOS POTENTES DO BREGA - Em ambos os casos, o povo usado para o divertimento das elites "esclarecidas" do Brasil.
Vendo a relativa distância do tempo, vemos que o tal "combate ao preconceito", a chorosa campanha que uma elite de intelectuais pregou com intensidade entre 2002 e 2014, sob a desculpa de obter reconhecimento cultural aos fenômenos popularescos, não passou de uma grande cascata
Além de desmobilizar o povo pobre, iludido de que o divertimento do "funk", da música cafona "de raiz", do tecnobrega, do arrocha, do piseiro, das aparelhagens, da sofrência etc, eram "formas de rebelião popular", essa narrativa que sabotou a agenda cultural das esquerdas acabou pavimentando a estrada para Michel Temer e Jair Bolsonaro.
De nada adiantou essa intelectualidade exaltar Lula e Dilma Rousseff, em troca de umas verbas da Lei Rouanet, porque esses intelectuais da bregalização cultural criaram condições sociais para o golpe de 2016.
A falta de conscientização política da população, mesmo sob a falsificação da narrativa que credita a ridiculosidade do mau gosto brega-populatrsco como uma suposta subversão libertária, fez pior: não apenas desmobilizou as classes populares como abriu caminho para a revolta reacionária da direita golpista.
Era inútil produzir o caprichado verniz de ativismo do "funk", como uma pretensa "canção de protesto", porque esse discurso sempre foi um truque marqueteiro disfarçado de discurso panfletário ou etnográfico.
O entretenimento infantilizado da música popularesca servia para o deleite esnobe de jovens ricos em festas noturnas ou de fins de semana, em nada representando a hipotética "rebelião popular" pelo entretenimento como nos tentou convencer, durante anos, a narrativa chorosa dos intelectuais que defendiam a bregalização pretensamente como "verdadeira cultura popular".
Ocorrido o golpe contra Dilma e ocorridos os estragos de Temer e Bolsonaro, o governo Lula voltou cono um pálido arremedo do primeiro mandato, sob o qual existe uma sabotagem não mais concentrada na cultura, mas agora ancorada na economia e na política.
O grave erro das esquerdas darem ouvidos aos intelectuais da bregalização criou consequências graves às quais oodem ser reconhecidas hoje, embora mal resolvidas através do engajamento de mentira dos ídolos popularescos, cujos protestos identitários são feitos apenas para lacrar nas redes sociais através se falsos ativismos.
De que adianta um ídolo popularesco xingar no palco o fascista da moda e fazer ativismo de mentira com identitarismo barato? Isso não é conscientização sociopolítica, quando muito é apenas uma opinião correta de alguém que, vamos combinar, não tem nessas supostas causas sua bandeira de luta, comprometido que está com um divertimento alienante e meramente consumista.
Intelectuais que queriam "revolucionar" por meio da defesa da bregalização acabaram mostrando seu lado ridículo, mostrando apenas o seu desprezo elitista aos pobres, cujo "valor" estava apenas na sua imagem caricata do entretenimento comercial.
O povo pobre só era "melhor" nos seus defeitos e debilidades, era "melhor" naquilo que "tinha de pior", e as pregações dos intelectuais prô-brega se revelaram risadas ofensivas aos pobres. O dito combate ao preconceito se confirmou perversamente preconceituoso. Tornou-se um grande vexame.
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