MORADORES DE PASSO FUNDO (RS) TENTAM SALVAR SEUS PERTENCES DEPOIS DA PASSAGEM DE UM CICLONE EXTRATROPICAL.
O governo Lula, em que pese a aparente aprovação nas supostas pesquisas estatísticas, já começa a sofrer desgastes e crises. Vejamos alguns fatos:
1) Sua ênfase na política externa o fez cometer gafes diversas. Entre elas, sua intromissão no assunto do conflito entre Rússia e Ucrânia, do qual Lula pretendia ser intermediador do acordo de paz, foi algo bastante atrapalhado e ingênuo. Lula também tentou roubar protagonismo na reunião do G-7, mesmo na condição de convidado observador. E, questionando a legitimidade da ONU, Lula quer forjar o "mundo multipolar" aumentando o clube dos BRICS e transformando o G-20, cuja reunião é presidida pelo petista, numa espécie de "ONU paralela". Lula quer fazer mais pelo mundo do que pelos brasileiros e fracassa em ambos os casos;
2) Lula não comemorou de imediato a decisão da Justiça de inocentar Dilma Rousseff do crime de "pedaladas fiscais", o que indica que ele está brigado com a ex-presidenta pelo fato dele estar complacente com os golpistas de 2016. Quando repercutiu mal, Lula fez um comentário lacônico e frio em defesa de Dilma, dizendo que ela "merece um pedido de desculpas". Indo mais atrás, Lula também preferiu a atrapalhada cerimônia de representantes do povo passando a faixa presidencial, em vez da simbólica contribuição de Dilma. Lula não conseguiu desmentir que ele e Dilma estão brigados e só se relacionam formalmente;
3) Lula, ao fazer a reforma ministerial, mexeu no Ministério dos Esportes, demitindo a competente Ana Moser, conhecedora de causa, trocada pelo fisiologista político ligado a Michel Temer, André Fufuca. A decisão de Lula visou aproximá-lo do grupo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e cortejar os partidos PP e Republicanos. A demissão de Ana Moser pegou muito mal e ela mesma ficou arrasada e definiu a substituição como um "jogo político". A demissão repercutiu negativamente. Lula tentou consolá-la oferecendo um cargo na Autoridade Olímpica do Brasil, mas a ex-jogadora recusou;
4) Um ciclone extratropical chegou ao Rio Grande do Sul e provocou estragos em várias cidades, causando, até o fechamento deste texto, pelo menos 46 mortes. Lula foi viajar para a reunião do G-20, na Índia, e a oposição acusou-o de fugir do país. É certo que o governador gaúcho Eduardo Leite também não se empenhou em realizar medidas preventivas, errando de maneira vergonhosa ante a essa tragédia. Mas Lula não deveria pensar em política externa, o ano de 2023 era para o presidente ficar no país para a reconstrução nacional. Invertendo os papéis, Geraldo Alckmin, na condição de Ministro do Desenvolvimento Econômico, é que deveria viajar mais para o exterior, mas foi ele o designado para comandar os trabalhos de socorro e reconstrução das cidades atingidas pelo ciclone. Lula alegou que "havia deixado o governo de prontidão" para a ocasião do ciclone.
Já existem informações de que, dentro das esquerdas, já surge uma oposição ao governo Lula. Até o presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, admite isso. E, quando eu ando pelas ruas, e nos últimos anos percebi o povo conversando em Niterói, São Gonçalo, Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, São Paulo e até Belo Horizonte, e vejo trabalhadores fazendo duras críticas ao Lula, visto como um traidor, um pelego.
Mas eu não posso afirmar isso. Sou jornalista, mas há gente que queria trocar o Linhaça Atômica pelo Mentira News. Oficialmente, é "impossível" Lula não ser apoiado pelas classes trabalhadoras, mas na realidade é o contrário, está cada vez mais difícil Lula agradar não só as classes trabalhadoras, mas o povo pobre em geral, exceto a parcela "remediada" dos pobres, descrita nas obras do sociólogo Jessé Souza.
Não se pode fazer jornalismo faccioso, mesmo em relação ao PT. Eu fico observando fatos, junto peças de quebra-cabeças, e não posso me omitir quando vejo trabalhadores falando mal de Lula. Em Niterói, num consultório médico, vi um faxineiro falando mal de Lula. Recentemente, na Avenida Paulista, em São Paulo, foi um negro miserável que, criticando Lula, ainda falou "contra o comunismo".
Se é "pobre de direita", "pobre isentão", "capitão-do-mato pós-moderno" pouco importa, os fatos provam isso. Eu só não posso fotografar ou gravar tais declarações para não causar problemas. Mas são fatos, gente, são fatos. Não vou aqui transformar o Brasil num mundo da Barbie.
Lula atua como um pelego que só dá ouvidos aos seus impulsos. Ele não é infalível e seus juízos de valor o levam a atos que, até agora, só trouxeram progressos mornos que, para a classe média abastada, soam "revolucionários".
É óbvio que a maioria das pessoas que usa as redes sociais é de classe média abastada e a maior parte dos lulistas é de gente bem de vida e de bem com a vida, que ganha oito vezes o valor do atual salário mínimo e possuem depósitos financeiros da casa dos seis, sete ou oito dígitos. Gente que tem três televisões em cada casa, tem carrão do ano ou seminovo, pode viajar para a Europa como quem vai para a casa da tia.
Para esse pessoal, tanto faz Lula baixar o preço da carne em até 9,4%, pois o presidente agrada quem tem salário de R$ 10,5 mil, ou um comediante dublê de jornalista que, aparentemente, só ganha R$ 2,2 mil como analista de mídias sociais mas já ganha dinheiro no humorismo e na monetização de vídeos e postagens.
Não é o pessoal pobre que ganha apenas R$ 2.025 (R$ 1.320 + R$ 705 do Bolsa-Família) para sustentar famílias numerosas. Este pessoal é que anda desiludido e não se deixa enganar pelo mundo da fantasia de Lula, visto como um pelego pelas classes populares. Como um pelego, Lula traz benefícios limitados para a população brasileira. Lula chorou para ser eleito usando o "combate à fome", mas o apetite maior do presidente é se ostentar para o resto do mundo e obter vantagens se aliando a forças divergentes.
Quem está nas zonas de conforto aplaude Lula. Quem está na luta se decepcionou com ele.
Comentários
Postar um comentário