"OUT OF COMUM, OUT OF MAIS DO MESMO..." - Apostando no mais patético portinglês, a JC Decaux criou seu "stop-queda" para chamar de seu.
Nunca na História do nosso país o nivel de senso crítico, de vigilância, conscientização e engajamento foram tão baixos, em níveis de conformação social e credulidade piores do que há 50 anos, quando o culturalismo comercial e midiático se consolidou como um meio de condicionamento comportamental padrão para a população brasileira.
Hoje o entretenimento é conduzido por um punhado de empresários midiáticos de caráter nacional e, em caráter regional, as oligarquias locais é que fazem o trabalho, como jagunços eletrônicos. O mercado também dita as regras e quem acha que, hoje em dia, o Brasil respira cultura como se fosse o mais puro dos ares, está redondamente enganado.
A gíria "balada" é ilustrativa. Gíria criada pela Jovem Pan a partir de um jargão específico e privativo dos jovens riquinhos da Faria Lima nos anos 1990, a palavra "balada", no sentido de "agitos noturnos", "jantar entre amigos" e "apresentação de DJ", tornou-se o símbolo desse poder oculto que manipula os jovens e esta gíria, patenteada por Tutinha e popularizada por Luciano Huck, tende a ser franqueada por uma minoria de empresários de casas noturnas e publicitários que tentam prolongar a vida dessa gíria nas diversas propagandas e mensagens na mídia.
Há também o terrível portinglês que arranha os ouvidos de quem tem pouco mais de dois neurônios funcionando. O stop-queda de uma marca de xampu foi a coisa mais ridícula ocorrida em 2009 e depois vieram aberrações como "doguinho", "lovezinho" ou o tal do "body" ("báre" ou "bode"?) para definir maiô. E vem uma campanha publicitaria da empresa francesa JC Decaux com mensagens constrangedoras tipo "out of comum, out of mais do mesmo, out of limites", num portinglês bem grotesco e pateta.
Falando em portinglês, a primeira-dama brasileira Rosângela da Silva, a Janja, fez um comentário infeliz a respeito do sucesso de uma cirurgia do marido Lula: "Meu boy é impressionante ". Típico comentário digno da geração Instagram e Tik Tok, de danças bobas e alegria tóxica. Que saudades da dona Marisa...
Sim, estamos na "Idade Mídia", uma metáfora bastante adequada dos tempos atuais, em que a mídia exerce o poder como a Igreja Católica exerceu no período medieval. Aliás, "medieval" e "mídia" também encontram derivativo na expressão "médium", do Espiritismo brasileiro que não é mais do que o Catolicismo medieval de botox.
Tudo isso é o sistema de valores que tenta parecer "natural", como a elite que se beneficia com este sistema, a classe média abastada, se mimetiza como se fosse "a humanidade propriamente dita". Burgueses que entram nas redes sociais para transmitir valores muito estranhos, difundindo a imbecilização cultural e forçando um estranhíssimo consenso até para golpes financeiros como a farsa dos "cursos 100% gratuitos", que de "gratuitos" só têm o nome (eles custam dinheiro, muito dinheiro).
Ver estimular a credulidade e criar um comportamento padrão para tudo é preocupante, e mais preocupante é que as pessoas não percebem isso e, o que é mais grave ainda, não querem perceber. Se um texto revela a farsa desses cursos ou que a gíria "balada" é um jargão da Jovem Pan e da Faria Lima, as pessoas boicotam a leitura. Se a crítica é endereçada ao presidente Lula, hoje mais parecendo um pelego do que um líder popular, aí é que a "boa" sociedade não quer ler, mesmo.
Tudo virou hipermercantilizado, hipermidiatizado, e as pessoas têm medo de encarar a verdade dos fatos. Há um medo de assumir a realidade, de admitir que o Brasil nunca chegará ao Primeiro Mundo e que, para reconstruir o país, é necessário, sim, muito senso crítico, muito questionamento, muita constatação de que muita coisa está errada e escapa dos limites do bolsolavajatismo, pois Sérgio Moro e Jair Bolsonaro são apenas "subprodutos" de um imaginário que já difundiu "médiuns espíritas" e ídolos bregas, desde os anos de chumbo.
O Brasil está deteriorado socioculturalmente e não podemos achar que isso é o "novo normal". Há muita coisa errada, e é necessário observarmos e encararmos a realidade. O Brasil não é Instagram nem Tik Tok e a hipocrisia de fugir da realidade e investir numa positividade tóxica que ninguém quer admitir como tal só vai criar problemas futuros. Não dá para mascarar o Brasil devastado como se fosse a Ilha da Fantasia. Ilha de Vera Cruz da Fantasia? A culpa é do Cabral...
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