A situação não melhorou. As rádios 89 FM e Rádio Cidade, pelo seu perfil, linguagem e mentalidade, só conseguiram audiência roubando ouvintes de rádios de pop dançante e de brega, com um público predominantemente de garotões sarados, talvez um pouco menos, que fingem que são roqueirões convictos.
Até agora as duas rádios não lançaram uma cena decente de rock que preste, e isso com Internet, com facilidade de transmissão de informações, YouTube, MP3 e tudo mais. Sem tudo isso e com um contexto bem menos dinâmico e nada instantâneo de informações, a Fluminense FM trabalhava uma cena roqueira já com seis meses no ar.
As duas rádios são controladas por gente que não entende de rock. E mesmo o Tatola, no caso da 89 FM, não passa de um "dinossauro dos emos". E observando a programação diária das duas emissoras, a paulista 89 e a carioca Cidade, o que se observa é um completo espírito de matinê infantil, com locutores engraçadinhos de voz afetada que nada têm a ver com rock.
Se a Rádio Cidade, com esse nome, já causa problemas querendo ser "definitivamente rock", já que originalmente o rock nunca foi sua praia e isso criará impasses e dilemas quando a emissora chegar aos 40 anos de existência, em 2017, querer ser levada a sério com locutores engraçadinhos só faz piorar o que já está ruim. Sua atitude atual soa como um marketing suicida.
A 89 e a Cidade agora falam mal de "rock coloridinho", "happy rock" e várias baboseiras. Não olham para seu lado. O que são programas como "Do Balacobaco", "Rock Bola", "Hora dos Perdidos" e "Quem Não Faz, Toma", senão a tradução do mesmo estado de espírito de Restart, Cine e companhia?
Não adianta reclamar. A linguagem, o estado de espírito, as piadinhas, ou mesmo quando os locutores engraçadinhos deixam as gracinhas de lado, ficam presos aos textos e falam pausado. As vozes afetadas de animadores de festas infantis continuam, com aquele timbre "macio demais", soando como animadores do fã-clube do Justin Bieber de ressaca numa festa.
Difícil não comparar, no dial do Rio de Janeiro, os estilos de locução da Mix FM e da Rádio Cidade ao mudar o botão do dial. Tudo igual. Daí ser inútil fazer vista grossa e fingir acreditar que as duas rádios não se misturam em audiência. Tudo em vão.
Não estamos mais em 2002 ou em 2007, quando os fanáticos da 89 e Cidade se achavam com autoridade de vencer na "trolagem" e no cyberbulying, em defesa de seus pontos de vista sem nexo, pelo qual impõem conceitos de cultura rock baseados nos seus próprios umbigos.
São pessoas que não sabem diferir o som de uma guitarra elétrica do de uma furadeira ou de uma britadeira de rua e querem impor uma cultura rock que se vale de suas opiniões pessoais, não raro preconceituosas e ignorantes, em relação ao gênero.
Daí o "mico" de defenderem o rock "novinho" em detrimento do rock "da vovózinha", enquanto, lá fora, Dave Grohl faz amizade com Paul McCartney, Eddie Vedder expressa admiração por Neil Young, Jack White aparece feliz ao lado de Jimmy Page e o último disco de Lou Reed foi em parceria com o Metallica.
A Internet mudou e hoje a nata da cultura rock, seja nova, semi-nova ou antiga, está nas mídias sociais, através de vídeos de áudio no YouTube. O trânsito de informações de rock no exterior é de deixar a 89 e a Cidade comerem poeira.
Não dá para colocar a visão do umbigo acima dos acontecimentos que acontecem no mundo. Se os ouvintes da 89 e Cidade se acham os maiorais porque acham que seus umbigos são os melhores juízes do que é ou não rock, lá no exterior pessoas com essa linha de pensamento são vistas como um bando de caipiras metidos.
Não seria melhor que as duas rádios assumissem que são rádios de "happy rock"? Ou será que terão que continuar passando vergonha diante dos verdadeiros fãs de rock do Brasil e do mundo?
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