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ALEXANDRE HOVORUSKI DEIXOU A RÁDIO CIDADE. TERIA SIDO POR CAUSA DOS TITÃS?


Até a edição deste texto, uma única nota lacônica se limita a anunciar que o executivo Alexandre Hovoruski deixou a direção artística da Rádio Cidade e foi substituído pelo gerente comercial, Mário Reis (homônimo a um falecido e histórico cantor de música brasileira).

Fico constrangido com esse "carnaval" todo que se faz em torno da Rádio Cidade e da 89 FM, com blogueiros e jornalistas levantando a bandeira do "rock de verdade", em que até o vaso sanitário do banheiro da sede da Rádio Cidade, lá na Av. Pres. Vargas, é "roqueiro", sem entender bulhufas do que realmente é rock.

O pessoal não lê a Coluna do LAM, parada obrigatória para quem quer conhecer o verdadeiro rock, cujo valor nada tem a ver com idade, coisa que só os matutos que ouvem e defendem a Cidade e a 89, meros breganejos com trajes de skatistas, acreditam. Só esses tabaréis de bermudas e jeans é que acreditam que o valor do rock é proporcionalmente inverso ao "tempo de serviço".

Enquanto todo mundo fica com aquela festa dizendo que "o rock voltou", "o rock está mais forte do que nunca", o buraco é mais embaixo. Hovoruski (que, há 20 anos, produzia CDs de pop dançante da Jovem Pan 2) teria saído da Rádio Cidade depois que fortes rumores deram conta de que havia sido ele que esnobou a necessidade de tocar o novo disco dos Titãs na programação diária da emissora.

Ora, os Titãs têm o mesmo carisma do Pearl Jam e Foo Fighters. Em termos de som, os Titãs viraram os nossos Foo Fighters, com a mesma fome de palco e o mesmo entrosamento com o público que Dave Grohl faz com a plateia.

Enquanto um bando de gatos-pingados acham que a Cidade e a 89 colocaram o rock em dia no rádio, dados confirmam, não só nas discutíveis pesquisas estatísticas, mas na pesquisa "dexista" das emissoras em todo o país e nas pesquisas de campo nas ruas, mostra que o rock está em baixa e tudo que as "rádios rock" fizeram foi atrair uma leva de ouvintes pop de outras rádios concorrentes.

Pelo menos a partir do que ouço em outros rádios cintonizados nos 102,9 mhz da Cidade, tudo o que essa "maravilhosa rádio" toca são canções de ninar em arranjo grunge, uma gororoba sonora que alterna imitações frouxas de Jack Johnson com Oasis e um monte de clones de Travis e Muse

Além deles, somente rolam na Cidade os medalhões do rock pós-1990 e da molecada nu metal / poppy punk. Fora os emos não-assumidos das "novas" bandas brasileiras tocadas, que repetem a mesma mesmice dos anos 90.

Fora isso, há também aqueles locutores engraçadinhos que parecem estarem falando para fãs do Justin Bieber e da Miley Cyrus. Dou um doce para quem conseguir provar que os locutores da Rádio Cidade não têm o mesmo estilo de dicção e mentalidade dos locutores da vizinha Mix FM, ou quase vizinha, porque enfiaram uma nova rádio entre as duas, na tentativa de separar as "siamesas".

Tudo muito ruim. Mas a molecada de hoje parece ter o cérebro atrofiado e os nervos descontrolados. Creio que a "galera da Rádio Cidade" foi fazer passeata com os "coxinhas" no Rio de Janeiro e, por questões estratégicas, o pessoal não botou uma nota sequer na página da emissora no Facebook. Seria mostrar a cara feia e reacionária que está debaixo da máscara de rebeldia.

A saída de Hovoruski mostra o quanto a rádio vai mal. Julgar a cultura rock através do próprio umbigo, a ponto de eleger o futebol como seu esporte oficial - quando 99,99% dos jogadores de futebol simplesmente DETESTA rock - , só dá em mancada.

A única coisa que a dupla "rockaneja" 89 FM e Rádio Cidade fez foi levar a "levada roqueira" para "pagodeiros", funqueiros e "sertanejos". O que se vê é Naldo Benny, Psirico, Anitta, e acima de tudo Victor & Léo, Lucas Lucco, Michel Teló e Luan Santana usando e abusando de estereótipos roqueiros. O "sertanejo" é o que mais está imitando o som de Coldplay, Travis, Imagine Dragons e companhia.

Isso é que dá entregar uma programação de rock para ser comandada por uma equipe de locutores e produtores "coloridos" com voz de radialistas poperó. O rock fica escravizado ao irrit-pareide mais rasteiro e restritivo. Mas os fanáticos ouvintes adoram, eles que não sabem a diferença entre som de guitarra e de furadeira elétrica. Para eles, até cerveja ruim, com gosto de urina, é "puro rock'n'roll".

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