O feminismo brasileiro ainda precisa melhorar. Eu, sendo um homem, no entanto não escrevo isso por uma questão de machismo revanchista, até porque eu odeio o machismo, acho os machistas arrogantes e metidos.
Eu procuro compreender a natureza das mulheres, e observo essas manifestações feministas no Brasil, e vejo nelas uma série de confusões que indicam que o feminismo no Brasil ainda tem uma relação mal resolvida com o machismo, além de soar pragmático demais.
Isso é muito típico de um país em que o "novo" sempre é implantado sem romper completamente com o velho. Tivemos um movimento iluminista que não queria romper com o regime escravagista. Nossa República foi instaurada com o apoio dos "coronéis" do Segundo Império. E recentemente tivemos uma intelectualidade "provocativa" que se dizia esquerdista com ideias inspiradas no PSDB.
Daí que temos um feminismo cuja maior vedete é uma funqueira cuja "sensualidade" se inspira numa imagem machista da mulher "sexy". Um "feminismo de resultados", que ainda se expressa confuso entre provocações e castrações, restrições e libertinagens.
Primeiro. Como as mulheres reclamam da onda de estupros se esse mesmo feminismo exalta a obsessiva e apelativa exibição corporal de "musas populares", sob o pretexto de "liberdade do desejo", "liberdade de corpo" que não convence?
Afinal, o que faz certas "musas" aparecerem no Instagram mostrando fotos "sensuais" o tempo todo? Elas poderiam, se fosse a "liberdade do desejo", apreciar seus corpos na privacidade, e não ficar mostrando curvas, glúteos e bustos a toda hora, fora do contexto, apelando, se preciso, até em dias de frio ou em situações como missas ou velórios.
O que é que faz uma "musa popular" mostrar o corpo, dentro de um contexto em que mulheres se manifestam contra o estupro e a cobiça violenta dos homens? Essa "musa" poderia arrumar situações em que não precisa mostrar seus "dotes físicos", usando vestidos discretos, blazer ou quando muito, uma camisa abotoada enfiada por dentro de uma calça jeans.
Que muitos homens são maldosos, traiçoeiros, maliciosos e descontrolados, isso se sabe. Corretíssimo. Mas uma "musa popular", na medida em que só fica mostrando o corpo o tempo todo, sem medir contextos, sem pensar em qual a situação certa e qual a situação errada para se "sensualizar", acaba estimulando mesmo a tara desses homens grotescos e mal-educados.
A "liberdade do corpo", sem a liberdade da alma e sem o respeito ao próprio corpo e à privacidade do corpo feminino, torna-se, na verdade, uma escravidão. Se a mulher só mostra o corpo o tempo todo e diz asneiras como "sonho em andar pelada na rua", ela não é livre, e está sendo escrava do machismo que diz reprovar.
O erotismo obsessivo e grosseiro, desesperado e feito "na marra", é também uma forma de assédio simbólico e agressivo dessas mulheres. Elas assediam o imaginário masculino e acabam estimulando a tara de muitos homens que apreciam essas "musas populares" e ficam desesperados pela prática sexual da qual estão despreparados pela impulsividade que possuem.
E o que diz da campanha "Chega de Fiu-Fiu"? Será que os piores paqueradores só se encontram nas ruas ou em ambientes públicos em horários diurnos? Estatísticas mostram que muitos dos assassinatos de mulheres por seus companheiros ocorrem quando eles estão alcoolizados, o que dá uma forte noção onde se encontram os pretendentes mais perigosos: NA VIDA NOTURNA.
Os bares, boates e clubes noturnos continuam estimulando a paquera livre, o assédio mais aberto, como se eles fossem ambientes da fraternidade mais pura, mas não são. E, no último Carnaval, outro reduto das paqueras que o "Chega de Fiu-Fiu" quer combater em situações mais brandas, um caso ilustra bem o perigo que as farras alcoolizadas podem oferecer às mulheres.
Certa vez, um homem e uma mulher se conheceram, na folia recente. Caso verídico. Os dois decidiram se beijar e se abraçar numa atração física intensa e, em dado momento, o homem pediu para a garota ir com ele para um lugar sossegado, para namorarem com mais prazer.
Assim que chegaram a um canto ermo, o homem disse para a moça: "Você me dá o celular?". A moça respondeu: "O número do celular"? Aí o homem mudou de atitude: "Me dá seu aparelho que isto aqui é um assalto". A moça teve que dar seu celular ao revelado ladrão e depois foi se queixar à polícia.
Do jeito que está o "Chega de Fiu-Fiu", os homens de bem não podem paquerar mulheres em supermercados ou bibliotecas, entre outros ambientes comuns. Em compensação, os maus paqueradores nem se incomodam em não assediarem as mulheres nas ruas, eles vão para bares e boates e, impunemente, farão a mesma coisa numa noitada regada a muita cerveja, vodca etc.
O feminismo precisa rever seus valores. Ver que Emma Watson nos surpreendeu pela visão futurista, e mesmo sua colega de aniversário, a também atriz Maisie Williams, deu seu recado sobre a violência machista, deixam as feministas brasileiras comendo poeira, perdidas entre o ódio generalizado aos homens e a exibição desmedida de seus corpos.
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