Pular para o conteúdo principal

NO BRASIL, "CHEGA DE FIU-FIU" PODE INFLUIR NA CRIMINALIZAÇÃO DE PAQUERAS NAS RUAS

NAS NOITADAS É ONDE SE ENCONTRAM OS HOMENS MAIS PERIGOSOS. MAS A MULHERADA NÃO QUER SABER...

É certo que há assédios sexuais constrangedores às mulheres, que os homens pegam no pesado muitas vezes e que as mulheres não podem andar em certos ambientes que são observadas de maneira maliciosa. Isso é fato e o machismo tem realmente essa atitude abusiva e reprovável.

O grande problema, porém, é que as mulheres costumam generalizar as paqueras em lugares públicos. Há uma grande diferença entre um homem bronco dizendo a uma mulher "vem cá gostosa" e um nerd tímido e desajeitado esboçando um sorriso simpático.

As mulheres, no entanto, veem as duas atitudes como repulsivas da mesma forma e os nerds têm mais chance de se darem mal do que os broncos, já que estes encontram jeito para fazer assédio sexual em outras situações.

A campanha "Chega de Fiu-fiu" quer banir os assédios sexuais nas ruas e lugares públicos (abertos e de acesso gratuito), numa atitude que até certo ponto é bem intencionada, mas erra ao acreditar que isso irá intimidar o assédio dos maus paqueradores.

Eles arrumam um jeito para dar suas "cantadas" em outra freguesia. Eles têm dinheiro bastante para irem à noitada e assediar suas "vítimas". E mais tempo para elaborar "cantadas" mais sutis, em ambientes emocionalmente mais "flexíveis", digamos assim.

Os nerds e outros homens diferenciados é que sofreram com o banimento das paqueras nas ruas e locais públicos, porque eles não se enquadram no perfil sócio-econômico de quem se interessa em ir para boates, bares e casas noturnas, ambientes privados, porque são acessíveis mediante ingresso ou pagamento de comidas e bebidas.

O fim das paqueras em ambientes públicos acabará afastando até mesmo os homens mais gentis e de bom caráter, porque eles não vão sair à noite, correndo o risco de serem assaltados, para encontrar nos ambientes de bebedeira as mulheres que sonham tanto em viver um grande amor. Até porque procurar um grande amor na noitada é uma grande perda de tempo.

As mulheres que reclamam dos assédios masculinos nas ruas são as mesmas que reclamam da falta de homens nas noitadas. Elas até exageram, dizendo que "falta homem neste país". E ficam nas mesas, bebendo muito álcool (principalmente cerveja), esperando que os homens recatados e discretos saiam de seus sossegos em casa para a aventura incerta da vida noturna.

Como se um homem caseiro que mal tem dinheiro para pegar um ônibus tenha que ir de táxi para chegar à "garota certa" no "lugar certo" (prestem atenção nas aspas). Deixar o sossego de casa à noite para uma aventura dessas e na volta ficar esperando por um ônibus que demora para vir e ser morto por um assaltante neurótico querendo seus pertences na marra só é maravilhoso para quem nunca encarou isso ou nem imagina o que é sofrer essa terrível sina.

Daí que a mulherada têm mesmo é que encarar, nos bares, boates e casas noturnas, aquilo que os "coxinhas" definem como "balada", são os maus assediadores que nessas situações têm um papo mais envolvente e a mulherada está mais receptiva. Há um pacto que, nas situações comuns, não existe, que é o mau assediador que melhora a "cantada" e a mulher que aceita algum assédio.

E aí, o que se vê nesses ambientes "maravilhosos"? Mulheres conhecendo homens "bacanas" que, em certos casos, podem se revelar verdadeiros "monstros". Recentemente um valentão decapitou uma ex-namorada por ciúmes. E onde o casal se conheceu? Numa biblioteca pública? Não, na noitada, provavelmente, onde os instintos governam plenamente.

Não vamos ter paqueras nas ruas, nas bibliotecas, nas universidades, nos transportes públicos, nas praias. Mas a privatização das paqueras nos bares, boates e casas noturnas continua. Os homens que poderiam ser bons namorados e maridos acabam ficando em desvantagem, mais do que os valentões que se atrevem a dar as piores "cantadas".

Os piores assediadores continuarão agindo, só que eles, dinheiro no bolso, irão para as noitadas (ou então nos festejos de Carnaval, Festa Junina, micaretas, vaquejadas etc.), tendo mais tempo para bolar uma "cantada" mais convincente.

Eles encontrarão ambiente propício e mulheres mais receptivas e vulneráveis, as mesmas que reclamam de serem paqueradas nas ruas, mas reclamam para serem paqueradas nas boates. E elas acharão que encontrarão seus grandes amores, acreditarão que conseguiram e viverão as maravilhas até elas serem traídas ou, numa discussão besta, serem violentadas e até mortas.

Portanto, banir as paqueras nas ruas e ambientes públicos pode afastar, das mulheres, não necessariamente os maus assediadores, que encontrarão outros lugares e situações para assediá-las, mas aqueles que poderiam ser os verdadeiros companheiros que elas tanto sonharam em ter.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul

MAIS DECEPÇÃO DO GOVERNO LULA

Governo Lula continua decepcionando. Três casos mostram isso e se tratam de fatos, não mentiras plantadas por bolsonaristas ou lavajatistas. E algo bastante vergonhoso, porque se trata de frustrações dos movimentos sociais com a indiferença do Governo Federal às suas necessidades e reivindicações. Além de ter havido um quarto caso, o dos protestos de professores contra os cortes de verbas para a Educação, descrito aqui em postagem anterior, o governo Lula enfrenta protestos dos movimentos indígenas, da comunidade científica e dos trabalhadores sem terra, lembrando que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) já manifestou insatisfação com o governo e afirmou que iria protestar contra ele. O presidente Lula, ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, assinou, no último dia 18, a demarcação de apenas duas terras para se destinarem a ser reservas indígenas, quando era prometido um total de seis. Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT) foram beneficiadas pelo document

O ETARISTA E NADA DEMOCRÁTICO MERCADO DE TRABALHO

É RUIM O MERCADO DISCRIMINAR POR ETARISMO, AINDA MAIS QUANDO O BRASIL HOJE É GOVERNADO POR UM IDOSO. O mercado de trabalho, vamos combinar, é marcado pela estupidez, como se vê na equação maluca de combinar pouca idade e longa experiência, quando se exige experiência comprovada em carteira assinada até para coisas simples como fazer cafezinho. O drama também ocorre quando recrutadores de "oficinas de ideias" não conseguem discernir reportagem de stand up comedy  e contratam comediantes para cargos de Comunicação, enganados pelas lorotas contadas por esses humoristas sobre uma hipotética carreira jornalística, longa demais para suas idades e produtiva demais para permitir uma carreira paralela ou simultânea a gente que, com carreira na comédia, precisa criar e ensaiar esquetes de piadas. Também vemos, nos concursos públicos, questões truncadas e prolixas - que, muitas vezes mal elaboradas, nem as bancas organizadoras conseguem entender - , em provas com gabaritos com margem de