O que foi privatizado, foi privatizado. O que não foi não será durante o novo governo Lula, que anunciou, assim que divulgou, nos comunicados do governo de transição, que não irá vender empresas públicas em sua gestão.
Prometendo executar a difícil tarefa de desenvolver o Brasil, Lula deu essa declaração ontem à tarde, na presença de Geraldo Alckmin, seu vice, de Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, do senador Randolfe Rodrigues e do economista petista Aloizio Mercadante, designado novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que assumirá no novo governo, assim que deixar o comando da Fundação Perseu Abramo. Disse Lula:
"Não haverá chuva, não haverá sol, não haverá nada neste mundo, a não ser Deus, que me proíba de fazer esse país voltar a sorrir, de fazer o povo voltar a ser alegre e de fazer o povo acreditar que esse país acabou com o complexo de vira-lata, nós não sermos inferiores a ninguém.
Nós somos iguais a todo mundo e nós queremos ser donos do nosso território. Vai acabar privatizações nesse país. Já privatizaram quase tudo. Vai acabar e vamos provar que algumas empresas públicas vão poder mostrar a sua rentabilidade".
Lula prometeu reindustrializar o país e que irá chamar investidores estrangeiros para participar de projetos para o Brasil e não comprar empresas públicas. Apesar de ter um histórico voltado para as privatizações, o vice Geraldo Alckmin, que sinaliza operar com o lado técnico do governo Lula, terá que acatar a decisão de manter as empresas públicas, se limitando a promover parcerias com a iniciativa privada.
Lula sinaliza criar um mínimo denominador comum entre um neoliberalismo tradicional e medidas de caráter social. Embora as expectativas sugiram que o Brasil conseguirá se tornar uma potência mundial, a tarefa será difícil e o país não tem condições socioculturais objetivas para se tornar um país realmente desenvolvido.
Com a fúria dos bolsonaristas ocorrendo no mesmo dia da diplomação, anteontem, em Brasília, com atos de vandalismo que destruíram ônibus e carros e quase invadiram a sede da Polícia Federal, o momento ainda é de muita cautela.
Por ironia, um dos manifestantes foi um indígena convertido em bolsonarista evangélico, o cacique José Acácio Serere Xavante, que foi preso pela PF, o que revoltou os manifestantes antidemocracia. Enquanto isso, a transição governamental da República consentiu que o novo salário mínimo não será de R$ 1.319 nem de R$ 1.320, mas de R$ 1.302, um aumento ainda mais fraco, em torno de 90 reais, que mal dão para uma cesta básica de duas semanas. Não dá, ainda, para o Brasil ser feliz de novo.
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