Desde que anunciou que iria concorrer a mais um mandato presidencial, Lula tornou-se uma pessoa estranha, diferente do grande líder progressista que havia sido, com todas as moderações e concessões feitas. Até 2020, Lula era ainda uma figura admirável, mas, de 2021 para cá, sua figura tornou-se decepcionante e constrangedoramente vergonhosa.
Prometendo agir imediatamente para "reconstruir o Brasil", Lula jogou fora um mês inteiro, mais preocupado em duas coisas: desmontar o bolsonarismo e promover sua imagem no exterior. Não se falou em combater a fome, e a única coisa que foi feita foi Lula ver a trágica situação das tribos Yanomami, vítimas de um cenário de genocídio pela violência e pela desnutrição crônica.
Até o aumento mixuruca do salário mínimo, agora de R$ 1.302 e não de R$ 1.320 (que já era medíocre), foi adiado para maio, talvez para que seja feita uma festa em torno desse pequenino reajuste dos salários, acrescido de um "agradinho" para as populações mais pobres, um Bolsa Família de R$ 600 que mal conseguem pagar as contas do mês.
Agora Lula anuncia outra iniciativa ridícula: vai "viajar pelo Brasil" para "conhecer os reais problemas do povo brasileiro". "Eu tenho quatro anos para provar que o Brasil pode voltar a ser um país que respeita o seu povo. Vou voltar a viajar o país para conhecer os reais problemas, e levarei nossos ministros, porque um país como o Brasil não pode ver o povo passando fome. Bom dia para todos", disse o presidente.
Aí perguntamos. Lula não viajou pelo Brasil, durante a campanha eleitoral, para "conhecer os problemas do povo brasileiro"? Ele não foi um governante experiente, não foi um operário consciente da agonia que há décadas faz afligir nosso povo? Ele não poderia, em vez de viajar para "conhecer os problemas", ficar em Brasília estabelecendo medidas para resolver esses problemas, muitos deles óbvios de tão conhecidos e manjados?
O governo Lula está começando de maneira extremamente lenta, para quem tinha pressa em "reconstruir o Brasil". Os "40 anos em 4" já não são mais "40", pois um mês, "10 meses em 1", já foi jogado fora. Resta o consolo de Lula ter que realizar "39 anos em 4" ou "37 anos em 4", isso e tiver realmente a disposição para dar um ritmo acelerado de desenvolvimento, o que eu acho difícil e, provavelmente, até impossível.
Afinal, o golpe político de 2016 causou grandes estragos. E Lula, com aliados da direita moderada já prontos para puxar o tapete mais uma vez, não vão permitir que o presidente cometa grandes ousadias políticas. Já se fala que as novas políticas a serem implementadas para o Imposto de Renda terão um alto custo e, por isso, devem ser em grande parte descartadas. Entre elas, a cobrança de impostos aos mais ricos. Os novos amiguinhos do presidente não vão gostar.
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