Em total desprezo ao valor histórico do Ministério do Trabalho, o presidente eleito Jair Bolsonaro, através de seu ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, anunciou o fim da pasta.
O ministério completou 88 anos no último dia 26 de novembro, já encarado com desdém pelo "novo" governo que se organiza com a velocidade de um trator em marcha.
É assustador que o espírito do tempo do Brasil dos últimos três anos se volte para os retrocessos sociais.
Ver que o progresso social que parecíamos ter conquistado durante um bom tempo pode se dissolver é preocupante.
O fim do Ministério do Trabalho, conforme manifestaram os funcionários que hoje trabalham na pasta, atenta contra a Constituição Federal.
Isso significa que os direitos sociais previstos pela Carta Magna serão desrespeitados.
O fim da pasta atinge, só nos primeiros artigos da Constituição de 1988 os quatro incisos do Artigo 1º (soberania, cidadania, dignidade humana, valor do trabalho e da livre iniciativa) e todo o Artigo 3º.
Mas isso é só um exemplo. Há muitos direitos que saem feridos como se atingidos por uma facada.
Segundo Onyx Lorenzoni, os atributos do Ministério do Trabalho serão distribuídos em três pastas.
Três ministérios do governo Bolsonaro irão absorver atributos específicos: Justiça (Sérgio Moro), Cidadania (Osmar Terra) e Economia (Paulo Guedes).
O tema do emprego perderá o protagonismo ministerial e isso fará com que, diluído e escondido em outros ministérios, as questões trabalhistas morram na boca gulosa do patronato.
Isso permitirá que a precarização do trabalho se avance, tornando o emprego ainda mais desumano, prosperando apenas a situação dos empregadores, empresários e proprietários de terras.
A situação já estava fragilizada com as pautas-bombas de Eduardo Cunha, herdadas pelo presidente Michel Temer através da degradante reforma trabalhista.
Agora, os trabalhadores perderão parte de seus salários, trabalharão mais horas e, se moverem ações judiciais, ainda serão vítimas do estelionato legalizado que é a multa para "pagar custos advocatícios".
Isso obriga os trabalhadores a terem que aceitar suas perdas, enquanto os patrões podem fazer turnês pela Europa e EUA durante as férias de novembro a março.
A não ser que as classes operárias se reúnam e façam manifestações intensas e persistentes.
Se houver uma pressão popular maior que a do governo Temer, será uma demonstração de que o povo ainda tem voz e vontade para reagir aos abusos anunciados do governo Bolsonaro.
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