Isso é que dá brasileiro endeusar arrivistas.
Num país em que se considera "espírito de luz" um farsante tido como "médium espírita" que foi marcado por literatura fake tida como "mediúnica", faz sentido permitir tanta bagunça.
No Brasil errar deixou de ser humano, passou a ser a receita de sucesso.
É uma combinação de confusões, encrencas, precipitações, entre carteiradas e caneladas, que promove pretensos enfant terribles que viram falsos exemplos de superação e perseverança.
Desde que o tal "médium", um canastrão religioso e reacionário, usou o nome do coitado do Humberto de Campos para um livro de História do Brasil ruim, que promete uma patriotada religiosa, permite-se que os espaços sejam conquistados por verdadeiros encrenqueiros.
Ora, para um Brasil que permite que tal "médium" - também conhecido por pedir aos infelizes aguentarem suas agonias em silêncio - seja um "filantropo", à maneira da dramaturgia novelesca, e um pretenso pacifista para as convulsões sociais do dia a dia, aceita-se alguém como Bolsonaro.
Sua campanha eleitoral não teve promessas, não teve ideias consistentes, só teve incidentes negativos e, se havia alguma proposta, era sempre contra os interesses do povo brasileiro.
No entanto, Jair Bolsonaro, de forma surreal, teve um favoritismo que normalmente se reserva a um líder humanista.
Um antipetismo doentio, febril, psicótico ou talvez psicopata fez Jair Bolsonaro ser preferido até em relação a antipetistas mais inofensivos como Álvaro Dias e Marina Silva.
Aquela falácia do "candidato outsider" que não tem pé nem cabeça.
Deu no que deu. A vitória de Bolsonaro tornou-se uma vitória de Pirro, mesmo.
Eu até notei que a comemoração de 28 de outubro foi como a noite de Cinderela. Tudo parecia ficar mais tranquilo. Só que não.
Achava que Michel Temer deixava o Brasil à deriva. Perto de Jair Bolsonaro, porém, Temer tinha a seu favor um simulacro de governabilidade.
Nos últimos dias, só há confusão em torno do "mito".
Temos um escândalo de corrupção em andamento, com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) apontando movimentações financeiras suspeitas do policial Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista do deputado federal eleito Flávio Bolsonaro.
Uma das movimentações favoreceu financeiramente a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Outra favoreceu a filha de Fabrício, Nathalia Melo de Queiroz, de 29 anos, ex-funcionária de gabinete de Jair Bolsonaro enquanto deputado federal.
Nathalia também trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), quando o filho de Jair exerceu mandato de deputado estadual.
Apesar disso, Flávio Bolsonaro não é alvo de investigação. O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, também reagiu em silêncio quanto ao caso. Claro, não é o governo do PT...
Aliás, o Partido dos Trabalhadores moveu uma ação pedindo abertura de inquérito contra Flávio, senador eleito pelo PSL fluminense.
Aliás, falando em PSL, o Partido Social Liberal também está em conflito interno, principalmente no que diz à hipótese de apoiar ou não o demista Rodrigo Maia para continuar presidindo a Câmara dos Deputados.
Dois deputados federais eleitos pelo PSL paulista, Joice Hasselmann e o outro filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, andam brigando.
Eduardo disse que Joice estava se intrometendo demais nos assuntos do partido, "atropelando" os demais membros.
Joice reagiu chamando Eduardo Bolsonaro de "infantil". Essa briga ocorreu em mensagens escritas nas redes sociais.
Na ocasião de uma reunião com empresários, Joice foi entrevistada pela imprensa e rebateu as críticas que recebeu de outro membro do PSL, o Major Olímpio, senador eleito por São Paulo.
"A única pessoa que está se beneficiando disso (crise do PSL) é ele (Olímpio). O major está jogando com a militância eleita, que é uma parte pequena", disse ela, que trocou farpas com o major no Twitter.
Joice também fez um comentário irônico sobre Eduardo, o qual ela definiu como "o machão da vez".
Enquanto isso, o senador Magno Malta curte sua dor de cotovelo por ter sido abandonado por Jair Bolsonaro.
Magno Malta não se reelegeu senador, o que o fará encerrar seu mandato em breve, e disse continuar rezando pelo governo do ex-parceiro, apesar de manifestar-se desapontado.
Malta desmentiu que a escolha de sua assessora, Damares Alves, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos fosse uma sugestão dele.
Ele afirmou que a escolha foi uma decisão pessoal do presidente eleito.
Consta-se que Malta foi descartado porque viajou num jatinho particular do empresário Eraí Maggi para buscar novos apoios à candidatura Bolsonaro, sem creditar o ato nas prestações de contas do TSE.
Familiares de Jair também acusaram Malta de não ter dado a devida atenção ao então candidato, quando ele estava internado para se recuperar de um atentado sofrido em Juiz de Fora.
A grande imprensa tenta minimizar os escândalos de Jair Bolsonaro, mas o que se vê é que esse governo nem começou e já virou bagunça.
E Jair ainda vai ser diplomado daqui a poucos dias.
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