Sempre o pragmatismo, no Rio de Janeiro.
O "folclore de resultados" do "funk" e seu pretenso ativismo etnográfico-libertário feito para turista ver.
"Rádios rock" que não passam de meras emissoras pop com nome banal (Rádio Cidade) e que mal conseguem tocar o básico do rock, de tão presas ao hit-parade e com uma equipe com maioria de gente incompetente, que mais parece ter vindo de "sobras" da Mix FM.
Ônibus padronizados, baldeação que força o uso de mais de uma linha de ônibus para ir ao trabalho e dupla função motorista-cobrador que oferece risco aos passageiros, tudo em nome de uma "mobilidade urbana" que só traz mobilidade para o caos.
Mulheres siliconadas que só servem para objetos sexuais, sem oferecer diferencial de personalidade. Afinal, isso não lhes importa, só o corpo feminino tem serventia, não é mesmo?
E o futebol como único tipo de lazer viável, e que, como em toda província bairrista, é tido também como uma diversão totalitária, em que todo mundo é forçado a gostar.
E políticos só valendo pelas promessas de obras mirabolantes ou pelo aparato de moralidade, religiosidade e austeridade que, em verdade, só são fachada.
E o "pagode romântico" cada vez mais tirando o samba de escanteio - o antigo samba dos morros agora é patrimônio dos filhos da sociedade Bossa Nova do Leblon - e, quando muito, apenas permitindo a fabricação de imitadores de Zeca Pagodinho sentados nas mesas de bar brincando de fazer samba.
Gírias da juventude carioca agora com dialetos jovempanês ("balada"), portinglês (como, por exemplo, game no lugar de jogo e body no lugar de maiô), falados como se fosse um paulistano caricato (ou cariocato) do Casseta & Planeta em surtos tucanos.
E internautas dotados de pensamento único, que formam um gado bovino razoavelmente coeso, suficiente para fazer linchamento digital contra quem duvida de seus pontos de vista.
Sim, esse é o Rio de Janeiro de uns 25 anos para cá, desde 1994 ou 1995. Um Rio de Janeiro pragmático em que o carioca típico passa a pedir, num restaurante, não mais o prato diferenciado para sua refeição.
O carioca agora só pede "arroz, feijão, alguma carne e uma salada". Alega que "o que matar a fome, está bom demais". Carioca passou a se contentar com pouco. É o pragmatismo.
E o pior que é um pragmatismo carregado de fundamentalismo. Se outras pessoas discordarem, levam surra na Internet, porque o carioca valentão tem seu gado digital de seguidores que lhe acompanham na porradaria virtual nas redes sociais.
E esse pessoal todo não sabe votar. No primeiro momento, sente uma necessidade urgente em votar no candidato da moda, mandando às favas qualquer tipo de advertência.
Desde o populismo grandiloquente de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho até a "onda de moralidade" da suposta "nova política" com Wilson Witzel, os cariocas passaram a serem ruins de urna.
Para piorar, foram os cariocas que acionaram a bomba do golpe político de 2016, elegendo Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro. A Operação Lava Jato do Paraná fabricou a pólvora, mas quem acionou o explosivo foram os cariocas.
E aí elegeram Marcello Crivella por ser da Igreja Universal e Wilson Witzel por ter sobrenome germânico, dentro daquela onda pragmática de "nova política", sob a perspectiva reaça de 2018.
Agora Marcello Crivella é considerado inelegível pela Justiça Eleitoral e Witzel está a caminho do impeachment pelas mãos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ambos por votos unânimes, respectivamente por 7 a 0 e por 69 a 0.
Tudo pelas acusações de corrupção, depois que eles representaram a perspectiva do combate à mesma.
Mas agora os cariocas ameaçam jogar o voto no lixo, reelegendo Eduardo Paes, um dos políticos mais cínicos e demagógicos dentro de um novo estilo de político falastrão e pseudo-moderno.
Paes é uma espécie de "maquete de Fernando Collor" que fala feito Luciano Huck, e que setores das esquerdas gostam porque... porque sim.
Vai ser mais um pesadelo a ser encarado pelos cariocas, que misturam pragmatismo e arrogância, já que o Rio de Janeiro só fica olhando para o próprio umbigo e seus patrícios são autoritários e intolerantes.
E aí, dentro de uns três anos, veremos Eduardo Paes denunciado por esquemas de corrupção, virando vidraça pelas páginas do jornal O Dia - que completa o combo da "mídia isentona", realimentando o que a Rede Globo e a TV Bandeirantes transmitem para os cariocas - , causando a raiva coletiva.
Foi assim com o próprio Paes, depois com Sérgio Cabral Filho, Luiz Fernando Pezão, Wilson Witzel, Marcello Crivella, seja na Prefeitura do Rio de Janeiro, seja no Governo do Rio de Janeiro.
Com Paes de novo na Prefeitura, teremos mais balas perdidas matando inocentes (como em todo cenário político desse nível), mais desabamentos ou incêndios em prédios históricos matando quem estiver dentro e ônibus padronizados sucateados sofrendo acidentes e matando e ferindo mais gente.
E isso com internautas arrogantes espalhando o terror contra quem pensa diferente deles. O título "Cidade Maravilhosa" da capital fluminense virou coisa do passado.
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