O pianista e crítico musical Fabrício Andre Bernard Di Paolo, o Lord Vinheteiro, conhecido especialista em música erudita, enviou um vídeo hilário no seu perfil do Twitter.
Nele, Vinheteiro aparece numa casa abandonada segurando um vaso sanitário. Ele começa dizendo, profundamente irritado:
"Aqui dentro está a música brasileira, vejam, ó! Está cheio de funk aqui dentro, ó! Cheio de funk! E olha o que eu vou fazer com a música brasileira, ó!"
Em seguida, ele atira o vaso sanitário para o chão, já cheio de entulho, e o objeto se quebra. Em seguida, Vinheteiro finaliza:
"É isso, é isso que a música brasileira merece!"
Embora tenha seus momentos coxinhas, interagindo com gente como Kim Kataguiri, Lord Vinheteiro tem umas tiradas muito interessantes, e é um dos críticos enérgicos da música popularesca.
Melhor assim do que passar pano para o "funk" sob a desculpa que é a "cultura das periferias" ou "expressão do povo pobre".
Meu livro Esses Intelectuais Pertinentes... mostra o quanto o "funk" está associado à espetacularização da pobreza e da ignorância.
Falam que o "funk" é "vítima de preconceito", mas ele mesmo aborda o povo pobre de maneira preconceituosa, além do fato de que seu rigor estético e sonoro não permitem uma criatividade maior, apesar da fama (equivocada) de que o ritmo é "altamente criativo".
Durante muito tempo, o "funk" discriminou a figura do músico e ficava na rígida estrutura do DJ e do MC.
Só para se ter uma ideia, no rock houve o caso de uma das backing vocals de Bo Diddley, uma mulher negra, também tocar guitarra. E isso no começo dos anos 1960.
Vai um MC vir com guitarra e violão fazer o seu número. O DJ de "funk" diria que estava atrapalhando o trabalho dele. Além do mais, não tenho conhecimento de um funqueiro ao mesmo tempo MC e DJ, como no rock vemos cantores-instrumentistas.
O "funk" levou 25 anos para descobrir a existência dos instrumentos musicais, que, quando muito, apareciam em sons sampleados.
A choradeira das esquerdas médias, lacradoras, em prol do "funk" é constrangedora, até porque o "funk"nunca foi de esquerda. Apenas usou as esquerdas para arrancar verbas públicas da Lei Rouanet.
É surreal que uma parcela da intelectualidade exalte tanto o "funk". O preconceito está em quem apoia e não em quem rejeita este ritmo.
E aí me lembro da conversa em vídeo de Lord Vinheteiro com o Régis Tadeu, cujo canal também vejo constantemente.
Eles falaram certa vez que o povo pobre não merece viver em favelas, mas em residências mais dignas. E olha que nenhum deles é de esquerda.
Em compensação, as esquerdas, tão acertadamente progressistas em muitos momentos, derrapam quando exaltam o "funk" e tratam a favela como a "pátria do povo pobre".
Consta-se que o Lord Vinheteiro está sendo cancelado nas redes sociais, com tantas polêmicas lançadas.
Mas, nesse vídeo sobre o "funk", ele simplesmente foi certeiro. Valeu!
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