RODRIGO MAIA E EDUARDO PAES - Espíritos afins.
Às vezes certas coisas são difíceis de entender.
Eduardo Paes é considerado um dos queridinhos de setores das esquerdas, que torcem para ele voltar para a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Ele é considerado favorito nas pesquisas, uma prova do voto podre que é o da maioria dos cariocas, ultimamente ruins de eleição e responsáveis logísticos do golpe político de 2016.
Sim, a culpa do golpe de 2016 cai para o Rio de Janeiro, porque elegeu, em 2014, Eduardo Cunha, que tramou o impeachment contra Dilma Rousseff, e Jair Bolsonaro, que acabou pavimentando seu caminho para o atual cargo na Presidência da República.
Que Eduardo Paes fosse o queridinho desses cariocas pragmáticos, que se contentam com pouco, aceitam retrocessos mas mesmo assim ficam se achando, é compreensível.
O que não dá para entender é o apoio de setores das esquerdas, tristinhos com a medida judicial de busca e apreensão na casa de Paes, acusado de desvio de dinheiro público, falsidade ideológica e outros crimes, como a suspeita de ter recebido R$ 10,8 milhões da Odebrecht.
A medida, ordenada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, foi entendida como "intervenção eleitoral".
É certo que o processo jurídico, da forma como foi feito, bem no estilo Lava Jato, foi cheio de erros. Não que Eduardo Paes não merecesse ser julgado e condenado, mas o método é tendencioso.
Por outro lado, há uma choradeira maior que o drama. Apesar de lamentarem o método nada jurídico de apreender material suspeito na casa de Paes, fica uma dor de cotovelo de um candidato talvez favorito que tem o caminho de voltar à política comprometido.
E não se sabe por que esses setores das esquerdas gostam tanto de Eduardo Paes.
Paes fala com o mesmíssimo tipo de discurso de Luciano Huck, aquele discurso articulado do espertalhão bom de palavras. E as esquerdas geralmente hostilizam Huck.
Paes impôs, de forma autoritária, sem consulta popular e com uma votação parlamentar às escuras, a abominável pintura padronizada nos ônibus, um verdadeiro pacote de maldades sobre rodas que confunde os passageiros, aumenta a corrupção e sucateia os ônibus em circulação.
Paes cancelou projetos culturais no Rio de Janeiro, pensando apenas no pragmatismo turístico da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas Rio 2016.
Paes expulsou moradores de casas populares e conjuntos habitacionais destruídos para darem lugar a edificações olímpicas hoje inutilizadas. Sob este mesmo objetivo, áreas de proteção ambiental foram também destruídas, em parte.
Paes também participou do desembarque do então PMDB (hoje MDB), partido do qual fazia parte em 2016, na base aliada de Dilma Rousseff, passando a liderar a campanha do impeachment.
Carta Capital alertava, em 2007, que Eduardo Paes era um dos membros da direita política carioca, ligado às elites ricas da Barra da Tijuca. Ele foi do PSDB e atualmente está no DEM.
O DEM é partido de Rodrigo Maia, considerado um dos maiores flaneleiros do governo Jair Bolsonaro, porque só fica passando pano nos crimes do governo, fazendo notas de repúdio mas não reconhecendo, no ex-capitão, as ações criminosas diversas.
Então, por que parte das esquerdas adora tanto Eduardo Paes, como havia adorado Fernando Collor e José Sarney e, na Bahia, o "filhote da ditadura" Mário Kertèsz?
Será pela embalagem bonita e atraente de um desenvolvimentismo de fachada? Ou por causa de desafetos políticos em comum, alinhados com o bolsonarismo ou com o ex-bolsonarismo mais recente, tipo Wilson Witzel?
As esquerdas estão vivendo uma crise aguda e não é hora de furar bolha pelo lado errado, porque senão sangra e causa dor intensa e grave infecção.
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