No exterior, há páginas na Internet que enumeram comerciais aberrantes do passado.
Famílias com crianças mostrando armas de fogo, homem dando surra no traseiro de uma mulher em seu colo, com a barriga para baixo, criança deitada na cama com revólver na mão, médico fumando cigarro.
Tinha até os personagens de desenho animado, os famosos Fred Flintstone e Barney Rubble, em filme publicitário de 1961, também fumando cigarro.
Os piores preconceitos sociais eram expressos livremente nas campanhas publicitárias do passado.
Aqui eu, pessoalmente, identifiquei uma aberração, já em 1994.
Passava um comercial, no horário nobre da Rede Globo, da marca Semp-Toshiba, exibido entre 1994 e 1995.
Numa sala de espera de um cinema, ao lado de uma fila da bilheteria, um menino peralta pulava de um lado para outro falando o espóiler de um filme. Até aí nada demais.
O problema é a mensagem que o menino dizia: "A mocinha morre no final. Quem matou foi o marido".
Não deu outra: apologia sutil ao feminicídio. O garoto fala a mensagem em tom de alegria, o que também é extremamente perigoso.
Transmitida nos lares em pleno horário nobre, a inocente propaganda pode servir de estímulo para homens que carregam suas tensões cotidianas matarem suas mulheres durante uma discussãozinha de nada.
A lógica do "desfecho" do filme pode estimular a prática de feminicídios, que já é estimulada quando a mídia noticia um caso de grande repercussão, que quase sempre incentiva uma onda de atos semelhantes.
Embora eu já tenha escrito o alerta no espaço de mensagens do vídeo, anos atrás, eu resolvi tomar uma providência.
Eu denunciei o vídeo para o YouTube, como conteúdo que estimula o ódio e a violência.
Eu argumentei que, apesar da peça parecer inocente, o que o menino disse pode representar um estímulo para as práticas de feminicídio, que no Brasil ocorrem até se uma vírgula for usada em apologia a essa prática.
Muita gente não percebeu e fiquei abismado com isso. Tem gente que achou o vídeo engraçado, tem os que acharam um "clássico", sem perceber a perigosa mensagem do garoto.
É justamente o aparato de inocência que torna o comercial ainda mais perigoso.
Um menino peralta e alegre dizendo que a heroína do filme foi morta pelo marido.
É um prato feito para os supostos "homens de bem", por alguma contrariedade feita por suas mulheres, partirem para exterminar as "mocinhas" da vida real.
Isso é extremamente grave e esse alerta não pode ser subestimado. Não há motivação de "inocência" que possa dar alguma validade a uma peça publicitária como esta.
Se vocês puderem me ajudar denunciando também o vídeo ou viralizando esta minha postagem - reprodução livre, desde que com créditos da fonte, no caso, o blogue Linhaça Atômica - , seria bom, porque é necessário banir propagandas que, mesmo por acidente, incentivem o feminicídio.
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