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GUILHERME BOULOS AGIU DE MANEIRA PERIGOSA

MENSAGEM DE GUILHERME BOULOS PODE SER INTERPRETADA EM FAVOR DAS FAKE NEWS COMPARTILHADAS POR LEDA NAGLE.

Guilherme Boulos, do PSOL paulista, errou feio.

Ele escreveu no perfil do Twitter uma mensagem que a Policia Federal entendeu como uma ameaça a Jair Bolsonaro e resolveu enquadrar o psolista na Lei de Segurança Nacional (legislação da ditadura militar), tendo-lhe convocado a depor, ontem.

Boulos havia comentado a respeito de um discurso que Jair Bolsonaro deu para militares apoiadores, no Quartel General do Exército, em Brasília, há um ano.

Nesse discurso, Bolsonaro respondeu àqueles que pediam intervenção militar: "Eu sou a Constituição".

Boulos então comparou a frase com a declaração do despótico rei francês Luís XIV que, certa vez, disse: "O Estado sou eu".

Em seguida, Boulos escreve a seguinte frase: "Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina…".

Foi a deixa para favorecer as fake news que inventaram um suposto plano de Lula para tirar a vida de Bolsonaro.

Boulos agiu de maneira bastante perigosa, e os bolsonaristas podem interpretar isso como uma pretensa confirmação da mensagem compartilhada por Leda Nagle, no começo desta semana.

"Fui intimado pela PF na Lei de Segurança Nacional por um tuíte sobre Bolsonaro. A perseguição deste governo não tem limites. Não vão nos intimidar!", escreveu Boulos, depois de notificado para depor.

As esquerdas pecam pela falta de estratégia, pelo excesso de otimismo por alguma coisa que de forma relativa favoreça Lula e pela obsessão em furar a bolha pelo lado errado, acolhendo gente da direita que se comporta de maneira efusiva demais para se considerar aliada circunstancial.

Há indícios que, nos bastidores, Jair Bolsonaro pretende endurecer com seu governo e o momento é de mantivermos a calma e evitar perder a cabeça.

Em 1968, o jornalista Márcio Moreira Alves, que não era esquerdista, fez um duro comentário contra as Forças Armadas que detinham o Poder Executivo federal.

Naquela época, a ditadura militar fingia ser uma "democracia liberal", a ponto de se proclamar um "governo revolucionário". Durante muitos anos, o golpe de 1964 era definido como uma "revolução".

Com o discurso de Marcito, como Moreira Alves era conhecido pelos amigos, e a solidariedade dos deputados federais, cargo que o jornalista desempenhava na época, irritou os generais, que resolveram se reunir com o presidente Artur da Costa e Silva para lançar o temível AI-5.

Com o AI-5, se reafirmou a Lei de Segurança Nacional, lançada em 1967 e que se tornou a ferramenta da repressão militar.

O Brasil não está num momento favorável para as forças de esquerda.

Estamos numa situação extremamente frágil. A declaração de inocência de Lula pelo Supremo Tribunal Federal foi apenas um primeiro passo.

Não podemos comemorar sequer o aparente apoio da direita moderada a Lula, como se gente como Luciano Huck e João Amoedo tivessem se desidratado e Danilo Gentili contado uma piada ao dizer que quer ser candidato à Presidência da República.

Não sabemos que aproveitadores podem haver que dizem apoiar Lula mas vão depois lhe trair e lhe fazer ataques não se sabe com que intensidade.

Se eu não confio na intelectualidade pró-brega - ver Esses Intelectuais Pertinentes... - que se autoproclamava "sinceramente de esquerda", mas defendia a deterioração da cultura popular, imagine aqueles que não escondem sua promiscuidade com o "deus" mercado.

Bolsonaro pode estar sendo isolado politicamente. Mas isso não lhe intimida. E é isso o que deveria nos afligir: é quando, justamente no isolamento político, Bolsonaro voltar mais violento e autoritário.


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