Um alerta que se deve dar mas muita gente faz vista grossa é que o cenário de Lula 3.0 está criando uma nova elite de super-ricos, mais "democrática" e festiva, mas não menos egoísta e mão-de-vaca do que a tradicional elite da riqueza exorbitante.
A nova elite está associada principalmente ao entretenimento hedonista, e aproveita o cenário de um Lula promovendo mais consumismo do que cidadania - esta nos limites que permitam a liberdade hedonista e identitária, liberdade mais de instintos do que de consciência - para promover os roaring twenties brasileiros.
O consumismo frenético de festas, eventos musicais, eventos esportivos, de bebidas alcoólicas e cigarros, a compra frenética de automóveis a complicar o trânsito nas ruas, os parquiletes (parklets), currais humanos vendidos como "praças públicas" desperdiçando espaço nos asfaltos, tudo isso é o espírito do tempo dos anos loucos que se seguiram depois do inverno de Temer, Bolsonaro e Coronavírus.
Depois da necropolítica marcada por extermínio de indígenas e camponeses, de miseráveis nas periferias e de mulheres, sobretudo pelo feminicídio, reduziu-se a população em algum milhão de brasileiros a menos, garantindo à elite do bom atraso maior fatia do butim do golpe de 2016 do qual, em parte, Lula passa pano.
Desta forma, o Brasil virou um gigantesco parque de diversões, dos quais poderemos identificar os novos membros do clube das fortunas estratosféricas. São eles:
- Empresários de promotoras de eventos, que organizam festivais ou apresentações de artistas estrangeiros. Contra eles há até acusação de promover trabalho escravo, sobretudo vitimando o pessoal da limpeza e os vendedores de lanches;
- Empresários de agendamento de ídolos popularescos, das empresas que gerenciam o forró-brega e piseiro até o "funk", passando pelo arrocha, pelo trap, pelo breganejo e seu derivado, a sofrência, e por aí vai. Nomes como DJ Marlboro, Rômulo Costa, KondZilla e Cal Adan são também considerados no clube dos super-ricos;
- Empresários do ramo de bebidas alcoólicas em geral, que nadam em dinheiro pela demanda gigantesca e obsessiva que bebe feito loucos varridos. A cerveja é o maior produto desse mercado e é uma poderosa máquina de fazer dinheiro para seus empresários, principalmente Jorge Paulo Lemann, da Ambev, que pode deixar as Lojas Americanas caírem que a fortuna deste magnata, que mora no exterior, continuará inteira e crescente em níveis vertiginosos;
- Empresários do futebol (sim, o futebol é um negócio privado), vários deles dirigentes esportivos (os "cartolas"), que não bastasse a arrecadação em dimensões bíblicas do dinheiro dos torcedores em torneios e amistosos (estes feitos para encher ainda mais os cofres desses mandrakes da bola), recentemente eles andam faturando loucamente com o mercado de apostas pela Internet;
- Craques de futebol que se tornam celebridades, a viver do extrelismo extravagante e luxuoso;
- Subcelebridades, como astros de reality shows e influencers, que expeessam o vazio da fama, da comédia de costumes, do hedonismo frenético, tentando dar sentido a coisas que não tem sentido algum. Vários desses pretensos famosos são gerenciados por ricos empresários;
- Pretensos filantropos religiosos, em especial os ditos "médiuns espíritas", que fingem doar o faturamento fácil de seus livros obscurantistas para a "varidade" e colecionam medalhas e diplomas, criando um tesouro terreno de invejar o mais tresloucado apegado à matéria. Alguns desses "médiuns" são latifundiários ou colaboradores desses grandes donos de terras, como foi, neste caso, um célebre ídolo de Uberaba. Outros se tornaram notáveis por fazer turismo na Europa e EUA, sob a desculpa de "levar a Boa Nova", e há quem adquira carrões esportes enquanto explora crianças humildes supostamente adotadas a trabalharem como flanelinhas, como num famoso "centro espírita" no bairro de Pituaçu, em Salvador, construído sem alvará (o que significa crime de colarinho braco);
- Pseudo-artistas da música brega-popularesca, dos pretensamente sofisticados sambrega (inclui o "imitasamba" de Péricles, Thiaguinho etc) e breganejo até o piseiro, o arrocha, o "funk" e a franquia do "funk ostentação", o trap. Embora associados oficialmente ao gosto popular do povo pobre, esses ídolos musicais cehegam a ser mais ricos do que a já confortável MPB pós-tropicalista;
- Uma seleta parcela de atores de TV e cinema que viram também empresários e possuem contas em paraísos fiscais no exterior.
Como se vê, é essa a nova elite que entra no clube dos super-ricos com sua nova e voraz concentração de renda, num contexto em que as grandes fortunas só serão taxadas de maneira modesta (8%), sazonal (duas vezes ao ano) e seletiva (quem apoiar Lula é isento na hora).
Como se trata de uma elite mais "diversificada" e "humana", elas podem até se passar por "amigas dos mais pobres" ou até dos próprios "pobres", que quase ninguém perceberá. Até porque quando a concentração de renda combina festa e alegria, tudo pode neste Brasil do bom atraso, não é mesmo?
E há quem diga que esse pessoal merece ganhar toda essa dinheirama, pasmem vocês!!
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