Com muita boa vontade, eu pesquisei, a respeito da notícia de que o Brasil teria e tornado a nona maior economia mundial, a expressão correspondente em inglês, "Brazil 9th largest world economy", como palavra-chave nos mecanismos de busca do Google.
Afinal, houve ontem um clima de muita euforia, tanto no meio econômico quanto nas esquerdas mainstream do nosso país. A notícia de que o Brasil voltou a estar entre as dez maiores economias do mundo, superando o Canadá, parecia a concretização da ânsia dos lulistas em ver o nosso país entrando no Primeiro Mundo este mês.
Aparentemente, não há problema, é claro, mas devemos lembrar que o Brasil anda socialmente muito problemático e culturalmente deteriorado. Se, no plano musical, vemos a precarização aberrante da bregalização, com a supremacia de gêneros "populares" que mostram seus pseudo-artistas nadando em dinheiro - piseiros, funqueiros e a franquia do trap ostentando muita riqueza - e a imbecilização sociocultural assolando as redes sociais.
Como é que o Brasil vai se tornar um país desenvolvido com uma cena deplorável como essa, e sob uma ordem social que remete aos tempos do "milagre brasileiro" da ditadura militar, a antiga elite golpista que, agora, se repagina na aparência sob a tintura vermelha pretensamente de esquerda? A mesma linhagem burguesa que não suportava um segundo de João Goulart no poder e que agora quer até reeleger Lula.
Mas, vá lá, até o "milagre brasileiro" queria inserir o Brasil entre as dez economias mundiais. Aparentemente, o Produto Interno Bruto brasileiro subiu para R$ 2,13 trilhões e desbancou o Canadá, com o nosso país subindo duas posições.
Tudo parece fácil demais, quando vemos que Lula, no seu atual mandato, está aquém até dos dois mandatos anteriores, que já eram moderados, mas promissores. Desde que Lula, na campanha eleitoral, apostou na "democracia de um homem só", impedindo a competitividade eleitoral, faltando a debates, não tendo programa de governo e consentindo com algumas pautas do governo Temer (como evitar mexer na reforma trabalhista), nota-se que o presidente do Brasil faz, em seu atual mandato, um país de faz-de-conta.
Poderia eu estar errado, mas eu pesquisei, na busca do Google, o termo em inglês e não vi páginas estrangeiras destacando a "façanha". As páginas em inglês correspondem apenas a versões neste idioma de páginas como Valor Econômico, Folha de São Paulo ou mesmo o Brasil 247, além da página do BRICS e do G-20.
Aparentemente, o Fundo Monetário Internacional supostamente corrobora com a notícia. Mas não se vê essa cobertura toda na imprensa estrangeira e tudo parece fácil demais, até mais fácil do que nos dois mandatos anteriores do petista. A tal "nona economia" soa como se fosse um factoide, pela forma que é noticiada.
Em outras palavras, apenas um campo da mídia, envolvendo páginas brasileiras ou blocos político-econômicos ligados a Lula noticiaram a aparente façanha, e a festa acabou se tornando um fogo de palha, porque não há um reflexo real do avanço econômico para nossa sociedade.
Outro dado a considerar é que a suposta façanha foi lançada como um pretexto para forjar um pretenso acerto na ênfase precipitada de Lula em promover a política externa, como um carro na frente dos bois da reconstrução do Brasil. É aquela manobra de Lula em se mover pelos próprios impulsos e fazer crer que seus erros seriam "estratégicos" na medida em que pretensamente geram supostos resultados positivos.
Sou jornalista e minha missão não é de me prender a dados oficiais e nem me iludir com o mundo fácil do lulismo que apela para as conveniências. Tenho senso crítico afiado porque, para mim, a dura realidade fala mais alto do que mil fantasias e idealizações. Paciência, o Brasil não é o país cor de rosa da Barbie. Tenho que averiguar se a notícia é realmente verídica e suas fontes não seriam parciais.
Devemos lembrar que a economia lulista pouco reflete na sociedade que vai além do padrão Vai que Cola da "pobreza feliz". Os preços das mercadorias estão caros. A cultura brasileira, deteriorada e subordinada ao viralatismo brega-popularesco. O mercado de trabalho voltado a critérios retrógrados, envolvendo meritocracia ou clientelismo. A população pobre fora dos estereótipos novelescos continua com fome, sem trabalho, em boa parte sem casa e sem chão e sem alguém a recorrer para pedir socorro.
O Brasil fora da bolha lulista não tem a facilidade fácil do imaginário pessoal do próprio presidente Lula, hoje um ilusionista e um malabarista político, como se o nosso país fosse um circo e as ações do presidente da República fossem mágica. Tudo um espetáculo, que faz a plateia gozar de êxtase.
Mas, fora desse espetáculo, a realidade continua miserável. Será que a tal "nona economia" não passou de conto da Carochinha?
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