O PRESIDENTE LULA E A PRIMEIRA-DAMA ROSÂNGELA DA SILVA, A JANJA, DESEMBARCANDO EM WASHINGTON EM 09 DE FEVEREIRO ÚLTIMO.
A maior façanha do presidente Lula, em quatro meses de governo, é justamente a última coisa que ele deveria ter cogitado fazer: viajar para o exterior. Com o Brasil necessitando de ser reconstruído, priorizar a política externa torna-se um enorme e vergonhoso desperdício, até pelo fato de Lula provocar polêmicas desnecessárias.
Em quatro meses de governo, Lula ficou fora do Brasil num total de 18 dias, deu duas voltas ao mundo, visitou sete países. Só a elite do atraso, aquela que não quer ser conhecida por este nome porque senão ela chora, é que acha que Lula se tornou um trem-bala político, transformando o Brasil numa ilha de prosperidade assim que o atual presidente concluiu sua posse e abriu caminho para o tal Festival do Futuro, o "Lulapalooza".
Prestemos atenção nos fatos. E procuremos prestar atenção à nossa língua, contaminada por barbarismos que criam falsos derivativos como "doguinho" e "lovezinho", pela terrível gíria "balada" (o jargão da Faria Lima e da Jovem Pan que tenta sobreviver na marra no vocabulário brasileiro) e por neologismos grosseiros como "forçação", uma palavra que não existe mas que força a barra até em dicionários na Internet que, desavisados, tratam o termo como "correto".
Tudo isso vem por conta dos 30% de brasileiros, uma elite abastada e privilegiada, que só por movimentar constantemente as redes sociais, ter muito dinheiro no bolso, frequentar casas noturnas da moda e, em contrapartida, se passar por "espiritualizada" - apreciando ocultismo místico ou religiões como o horrendo Espiritismo brasileiro - , se acha "dona" da verdade, do mundo, do povo pobre, do futuro, e por isso acha que Lula "governa muito", mesmo sem governar.
A soberania do Brasil não se dá com protagonismo na política externa. Se dá cuidando dos brasileiros, resolvendo a crise da devastação deixada por Jair Bolsonaro. É ficando em casa, fazendo faxina e abastecendo a despensa. Não é se pavoneando lá fora, tentando obter visibilidade enquanto, no Brasil, os miseráveis da "cracolândia" saqueiam mercados e farmácias por não terem mais a recorrer na vida.
Quem acha que Lula "está no caminho certo" a forma como está, "acertando mesmo quando erra feio", é gente que nunca teve coisa alguma a perder. Fica lacrando com falsa consciência social, enquanto vive do bem bom com suas festinhas à base de música popularesca, seu futebolzinho tóxico todo domingo, tem sempre um engradado de cerveja estocado todo fim de semana e um automóvel pronto para as saídas noturnas para os lugares mais badalados. Gente assim, privilegiada, mas que em nome da lacração fica posando de "proletário" ou "especialista em pobre" para lacrar nas redes sociais.
O pior é que esse pessoal anda intolerante, não aceitando ler textos críticos contra Lula. Não suporta ler questionamentos sérios, entorpecida pela divinização da imagem do atual presidente da República. Claro, esse pessoal não vive a agonia de passar a noite dormindo no chão em Santa Cecília, em São Paulo, ou de ter que se agachar para não ser morto num tiroteio no Jacarezinho, no Rio de Janeiro.
A obsessão de Lula em viajar pode trazer problemas. Já chovem críticas contra ele e essas críticas irão aumentar drasticamente. Lula não pode fazer o que quer. Ele deveria ter esperado para fazer uma viagem ao exterior. Primeiro a reconstrução do Brasil. Política externa deixa-se para depois, quando os estragos de Jair Bolsonaro forem removidos em grande parte.
É a logica da reconstrução de uma casa, que precisa de um acompanhamento completo. Não se abandona a casa a ser reconstruída para passear por aí afora. Enquanto Lula bate recordes de viagens, até agora os juros não baixaram, os preços também não, a fome continua e a essas alturas já matando os famintos de poucos meses atrás, e a tensões sociais continuam intensas. Lula até vai promover o policiamento nas escolas. Até aí, nada demais. O problema é que, depois disso, ele irá viajar de novo.
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