LATA DE CONSERVAS, COMO ERVILHA - O NOVO "TAMBORZÃO".
Uma matéria do portal G1 mostra o quanto as Organizações Globo, que não medem escrúpulos para demitir dezenas de jornalistas de uma só vez, apoiam o "funk", esse processo de precarização cultural do povo pobre que se promove às custas do vitimismo.
Trata-se de um projeto de "profissionalização do funk", promovido pela Fundição Progresso - que, há muito tempo, deixou de ser um espaço de vanguarda na vida carioca - , na Lapa, que é apenas uma espécie de trainée do rigor estético do "funk carioca", agora acrescido de "novos" elementos trazidos de São Paulo, como o som de "latas de conservas" (como ervilha e milho verde) da atual batida funqueira.
A "profissionalização do funk" é apenas um "treinamento" para o show business do gênero, no qual se ensinam as regras de mercado e direitos autorais, que servem apenas para orientar os intérpretes do "funk" para o circuito de apresentações, com pleibeque e tudo.
É claro que a matéria, como em todo discurso em prol do "funk", apela pela choradeira do vitimismo, da tentativa de "inclusão sociocultural" que existe até demais e já levou muito MC funqueiro para o enriquecimento financeiro.
Mas nada se fala em superar a precarização artístico-cultural própria do "funk", que mantém todo o seu rigor estético tudo para criar uma fórmula da suposta "música de pobre". Não há preocupação em ensinar arranjos, melodias, como tocar um instrumento musical etc. Só a precarização de sempre, com o MC tendo um microfone na mão e uma ideia na cabeça.
Quando havia o funk autêntico, de nomes como Earth Wind & Fire, Kool & the Gang, Chic e KC & the Sunshine Band, aí sim a música era levada a sério. Havia uma preocupação com uma farta estrutura instrumental, com arranjos impecáveis, excelentes vocais e boas melodias associadas a ritmos vibrantes e, às vezes, baladas (músicas lentas) marcantes, como "Please Don't Go", de KC & the Sunshine Band.
É de cansar toda essa choradeira em defesa do que se conhece como "funk", o "batidão" ou "pancadão" musicalmente precários. E dá pena imaginar que o jovem pobre adora tocar um instrumento musical. Mas isso é proibido no "funk". Se num evento de "funk", o aspirante a MC vier com um violão, o DJ vai logo dizer que "está estragando o trabalho dele". Lamentável.
Depois dizem que o "funk" é uma "usina de criatividade". Isso é conversa para boi dormir. É discurso de uma classe média abastada que nunca viu o mundo em sua volta e fica paparicando todo som que acha "exótico" e "pitoresco". Daí que veio toda a elite intelectual com aquela choradeira de "combate ao preconceito" cheio de muito papo-cabeça e muita enrolação. Só mesmo a elite do atraso, que não quer ser conhecida por este nome porque senão ela chora, para apreciar sons popularescos como o "funk".
Desta vez, se trata de um projeto de "profissionalização do funk" que só serve para deixar a precarização artístico-cultural na mesma. Tudo em favor da cosmética da pobreza para o consumo contemplativo das elites descoladas que, apesar da aparente generosidade, mantém a mesma hipocrisia aristocrata em relação ao povo pobre. O "funk" é a trilha sonora mais representativa do pobrismo defendido pelas elites do atraso.
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