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A MEGALOMANIA INTERNACIONAL DE LULA

DESDE A VITÓRIA ELEITORAL LULA QUER PROMOVER O BRASIL NO EXTERIOR.

Sempre aprendi que, quando se quer reconstruir um lugar destruído, tem que estar perto dele, em perfeito acompanhamento, vendo passo a passo do seu processo. Imaginemos um caso hipotético do síndico de um prédio que sofreu algum dano grave, alguma destruição.

Suponhamos que este prédio se situe, digamos, no bairro suburbano de Capão Redondo, aqui em São Paulo. Só que o síndico deste prédio decidiu que, todo mês, iria para o entorno de Pinheiros, para resolver uma briga entre um morador do entorno do Largo do Batata e outro do Butantã. Tentando resolver problemas de bairros distantes, o síndico orientou os moradores do condomínio a se virarem como puderem para resolver a situação do edifício, e se mantém distante da situação.

Pois é o que Lula está fazendo. Não era hora para ele ficar viajando para o exterior. Se sua missão era reconstruir o Brasil, que foi destruído por Temer e Bolsonaro, não adianta Lula fazer cara feia, falar grosso e condenar esses dois governos golpistas, se não faz sua parte.

Acompanho os noticiários do atual governo desde o primeiro dia e, em janeiro, esperaria que houvesse alguma medida para combater o desemprego, a fome e a miséria. O verdadeiro Primeiro de Maio de Lula deveria ter sido o Primeiro de Janeiro. Esses problemas sociais deveriam estar em primeiro lugar, mas não se viu notícia alguma a respeito.

Nada de medidas para valorizar o emprego. Quedas de juros? Só promessa. Lula reclamando demais e pressionando de menos. Roberto Campos Neto descansando feliz, no seu poder inabalável. Nada de medidas para combater a fome, e um exemplo dessa carência foi a revolta dos miseráveis da Cracolândia, que saquearam um mercado no centro de São Paulo para pegar alimentos. A fome é tanta que esperar por uma marmita de seis em seis horas é uma tortura.

E os preços? O leite não voltou a custar R$ 3. Ficou nos R$ 5 ou R$ 6 dos tempos finais de Bolsonaro. A carne baixou 2% e foi festa demais para uma queda de apenas R$ 1. Ou seja, aquela "missão" do "missionário" Lula de garantir "três refeições para o povo brasileiro" ainda não foi posta em prática. Muita choradeira de Lula foi feita à toa, só para arrancar uns 60 milhões de votos...

Enquanto isso, Lula quer resolver a paz entre Rússia e Ucrânia, quando essa tarefa poderia ser privativa da Organização das Nações Unidas (ONU). Lula não tinha que se intrometer nisso, falou demais e esteve perto de ter relações estremecidas com o governo dos EUA, o que em outras ocasiões significou a realização de golpes políticos contra o Brasil.

Para evitar problemas, o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, teve uma conversa "construtiva" com o ex-ministro das Relações Exteriores dos primeiros governos de Lula, Celso Amorim. A conversa foi dada por telefone e buscou aliviar as tensões da Casa Branca diante das críticas de Lula sobre o apoio dos EUA no armamento da Ucrânia para a guerra contra a Rússia.

Chega a ser constrangedor. Não se sabe se, oficialmente, a reconstrução do Brasil começou ou já está concluída. Houve clima de festa até depois da posse, com o supérfluo Festival do Futuro num horário que deveria ter sido para posse da equipe ministerial. Mas Lula quer ser o cidadão do mundo e mudou de ideia, trocou o desejo do brasileiro ter três refeições todo dia pelo de se promover com o tal "clube da paz" para encerrar o conflito russo-ucraniano. 

Isso é megalomania internacional. Ainda que Lula mereça ser líder mundial, não é para agora. Primeiro ele deveria passar o tempo somente no Brasil, para cuidar dos brasileiros e consertar os estragos de Jair Bolsonaro e do antecessor deste, Michel Temer. Consertar com ações diretas e imediatas, não apenas propostas, promessas e comentários opinativos. 

Já sabemos que o brasileiro sofre em momentos como a fila do posto de saúde ou do açougue, sem ter benefício algum com isso. Ou que o brasileiro que tem carro tem que gastar mais grana para abastecer o veículo de combustível. Não precisa Lula dizer essas coisas o tempo todo.

Embora tivesse alguma validade Lula estar presente no Prêmio Camões, precisava o presidente passar seis dias em Portugal? Com a Janja, obviamente, não comprando apenas gravatas para o marido, mas roupas para ela, na maior mordomia de escolher marcas caras.

Lula obteve, sem a menor necessidade, visibilidade mundial sem que o Brasil visse algum resultado concreto de progresso social. Até agora, só existem promessas, propostas, projetos. A fome não espera, e até uma seita religiosa no Quênia, que matou, até o momento deste texto, 89 pessoas que fizeram jejum para "receber Jesus Cristo", nos ensina o quanto ficar sem comer é mortal.

Fico envergonhado com essas e tantas outras atitudes impulsivas de Lula, que parece não dar ouvidos a conselhos. Ele age primeiro e depois calcula as consequências. É vergonhoso, constrangedor. Os salários não têm aumento real - apenas 69 reais serão acrescidos ao salário mínimo do próximo ano, de R$ 1.320 para R$ 1.389 - para os trabalhadores, mas Lula deu aumentos robustos para os Três Poderes, incluindo sua própria pessoa, e cogita comprar o apoio da Câmara dos Deputados com R$ 7 milhões.

A obsessão de Lula em priorizar a política externa, sob o pretexto de que "o Brasil voltou para o mundo", representa uma megalomania internacional, como bem descreveu um artigo do Estadão. Se a direita moderada e sua mídia famosa pela hidrofobia, passou a fazer críticas sensatas ao Lula, é porque ele deveria prestar muita atenção ao que está fazendo, antes que seja tarde demais. 

Por muito menos, o trabalhista Lech Walesa terminou seu último governo decadente e a Polônia, hoje, está entregue à extrema-direita. Recado para o Brasil?

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