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QUANDO O POPULARESCO FORÇA A BARRA COM O POP ARROJADO DE FORA

 

Depois do forçamento ("forçação" não existe) de barra do "dueto" da banda fictícia Gorillaz (projeto de Damon Albarn, do Blur, e do desenhista Jamie Hewlett, criador da Tank Girl) com o funqueiro MC Bin Laden (do sucesso "Tá Tranquilo, Tá Favorável", na música "Controllah", tudo pode acontecer. Mas se já tivemos o asqueroso mashup de Smiths com É O Tchan (um verdadeiro convite a uma séria crise de vômito), espera-se se tudo, até bestas do inferno cantando com corais de anjos 

Se tivemos o cafoníssimo Chitãozinho & Xororó aparecendo sem motivo lógico no evento juvenil descolado CCXP no ano passado, se a dupla se junta a Michael Sullivan, Bell Marques, Benito di Paula e similares no estranho elenco vintage que a mídia empurra para nós hoje em dia, não há como crer que o Brasil está na sua melhor fase sociocultural.

Agora a "novidade" é o cantor andrógino Pabblo Vittar - que faz questão de ser reconhecido por pronomes femininos e se autoproclama "cantora" - , que gravou voz numa remix de "Pearls", da cantora britânica Jessie Ware. É a talentosa cantora, um dos nomes respeitáveis do pop arrojado contemporâneo - até pouco tempo atrás o cardápio principal de festivais como Coachella e o Lollapalooza pós-Perry Farrell - , sendo usada no Brasil para promover um ícone do pop brega-popularesco.

É forçar a barra promover como cult nomes da música popularesca do passado e do presente, como uma desesperada reciclagem de lixo musical que a intelectualidade "sem preconceitos", mas terrivelmente preconceituosa, assina embaixo ao lado dos jornalistas culturais "isentões".

Isso é um recurso sob o qual escondem interesses comerciais estratégicos, presentes até em declarações oportunistas de Leandro Lehart e Luís Caldas de seus pretensos "anticomercialismos" musicais. Sem falar do falso aparato de "artista indie de vabguarda" forjado por Michael Sullivan que não me convence em momento algum.

É a maneira de recuperar as vendas de um nome antigo ameaçado de cair no ostracismo ou de evitar que um nome do momento seja tragado pelo esquecimento no futuro. Daí essas pseudo-façanhas de MC Bin Laden e do cantor Pabblo Vittar que não irão lhes fazer reconhecidos mundo afora.

Na verdade é sempre uma lorota de pescador essas tentativas de ídolos popularescos se projetarem no exterior. Esse papo de que esses ídolos "conquistaram o mundo" sempre foi uma cascata e, passado o fogo de palha dessas pretensas façanhas, tudo fica na mesma decadência de sempre. Os gringos não são otários para aceitarem tanta barbaridade musical.

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